Grupos de quadrilha junina gastam até R$ 480 mil por ano

Quadrilhas mantêm tradição junina em todo o estado

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  • Millena Marques

Publicado em 4 de junho de 2024 às 07:00

Grupo Laranjeira do Norte
Grupo Laranjeira do Norte Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Colocar uma quadrilha junina para competir em nível estadual custa caro. Para aumentar o índice de competitividade, grupos juninos soteropolitanos contratam coreógrafos, direção musical, banda, cenógrafos, diretoria artística e figuristas, que compõem uma equipe técnica necessária para a apresentação do espetáculo. Para manter esse nível, os projetos chegam a custar até R$ 480 mil por São João. É o caso da Capelinha do Forró, quadrilha do bairro de mesmo nome.

“O valor total de uma quadrilha é bem indefinido, porque depende do porte do espetáculo. A quadrilha funciona como empresa, então, tem uma gerência, diretoria administrativa, diretoria artística. A partir disso, são definidos os profissionais necessários para a  equipe”, explica a atual presidente do grupo Taís Brandão. Em 2018, último ano que a quadrilha competiu, o valor gasto foi de R$ 480 mil.

Com um orçamento mais baixo, o Forró Mandacaru, do bairro da Liberdade, tem um orçamento de R$ 55 mil. “Parece um absurdo, não é? Mas se compararmos isso com quadrilhas maiores, que visam o primeiro lugar de um campeonato, que gastam em torno de R$ 150 mil, R$ 200 mil,  estamos com um orçamento baixo”, explica o presidente Rubem Braga.

Para conseguir desembolsar esse valor, os projetos adotam o pagamento de um carnê por parte dos integrantes do elenco, além da realização de eventos, rifas e apoio do comércio local e de artistas do estado. A Forró de Mandacaru sugere um pagamento anual de R$ 1.200 para cada participante. “Se todos os 42 componentes pagassem, cobriria os nossos custos totais. Mas não é assim que funciona, infelizmente. A gente conta com pessoas que não têm sequer como pagar o sapato. Então, a gente vai atrás de apoio”, afirma Braga.

A quadrilha Mirim Germe da Era é composta por crianças e adolescentes entre 3 e 13 anos. Com um orçamento de R$ 15 mil, o projeto reúne integrantes de Itapuã, Jardim das Margaridas, Fazenda Grande, Curuzu e até mesmo de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). “Para angariar fundos, geralmente, fazemos uma feijoada em abril ou no começo de maio, e esse dinheiro, usamos para vestir as crianças, que participam sem custo. A maioria dos pais são salariados, não têm como pagar”, diz a presidente Ninha Estrela.

O Projeto São João 2024 é uma realização do jornal Correio com apoio do Sicoob.

*Com orientação da subeditora Monique Lôbo.