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Portal Edicase
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 11:00
Pessoas idosas também desempenham um papel importante no mercado de trabalho, contribuindo com sua experiência e conhecimento acumulados ao longo dos anos. No entanto, é fundamental refletir sobre a saúde mental desse grupo, pois eles podem enfrentar desafios únicos. Por outro lado, também podem oferecer uma valiosa contribuição em termos de saúde mental para seus colegas mais jovens. >
Antigamente, falar sobre emoções, estresse e bem-estar mental era um tema raro e reservado, com acesso limitado a tratamentos e terapias que garantiam qualidade de vida. O avanço social e econômico, juntamente com a crescente conscientização sobre a importância da saúde mental, possibilitou que mais pessoas, independentemente da idade ou classe social, cuidem melhor de si. >
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população idosa brasileira (pessoas com 60 anos ou mais) cresceu 18% entre 2012 e 2021, representando cerca de 14,7% da população total. Além disso, o envelhecimento populacional está acelerando, com projeções em torno de 25,5% até 2060. >
Quando falamos em mercado de trabalho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que os colaboradores mais velhos, além de terem experiência, possuem um conjunto de habilidades interpessoais valiosas para as equipes. Segundo um relatório da OIT, a inclusão de trabalhadores mais velhos pode aumentar a produtividade em até 25%. >
Aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros sofrem de depressão, sendo que o número de idosos diagnosticados com depressão tem aumentado gradativamente, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). A atenção à saúde mental na terceira idade se tornou um ponto de destaque, principalmente diante da crescente expectativa de vida e do envelhecimento populacional. >
“Estamos caminhando para uma realidade em que falar sobre saúde mental já não é mais um tabu. As pessoas estão cheias de problemas para resolver e com cada vez mais dificuldade de lidar com tudo o que acontece em suas vidas”, menciona a especialista Ana Tomazelli, mentora de carreiras, psicanalista e Presidente do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas). >
“Os profissionais precisam ter em mente que a saúde mental é o que os mantém de pé, e não se pode fazer dela algo secundário”, ressalta. Seu alerta destaca a importância de dar prioridade à saúde emocional, especialmente dos mais velhos, para garantir não apenas a longevidade, mas também a qualidade de vida dos profissionais da terceira idade. >
Os trabalhadores da terceira idade têm um papel essencial no ambiente corporativo moderno, não apenas pela sua experiência profissional, mas pela capacidade de promover uma cultura de bem-estar e equilíbrio emocional . Ao compartilharem suas habilidades e práticas de autocuidado com as novas gerações, eles criam um ambiente mais saudável e acolhedor. >
A pesquisa da AARP (American Association of Retired Persons) revela que 77% dos entrevistados disseram que ter colegas mais velhos é uma oportunidade de adquirir novas habilidades. Além disso, 69% disseram que os funcionários mais velhos tornam o ambiente de trabalho mais produtivo. >
“Os veteranos trazem consigo uma perspectiva valiosa sobre equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Tendo vivenciado diferentes fases da vida e desafios ao longo de suas carreiras, esses profissionais são exemplos vivos de como lidar com o estresse, encontrar tempo para autocuidado e priorizar a saúde mental”, explica Renato Herrmann, especialista em Diversidade e Inclusão e Saúde Mental no trabalho. >
Segundo ele, os benefícios de pessoas mais velhas nas empresas se estendem ainda mais. “Ao implementar práticas que incentivam um ritmo de atividades mais sustentável, os trabalhadores mais velhos ajudam a redefinir normas de produtividade e bem-estar, beneficiando o ambiente empresarial”, acrescenta. >
Com a experiência de quem já superou desafios pessoais e profissionais, pessoas da terceira idade são verdadeiros agentes de transformação, promovendo o bem-estar não apenas de si, mas também das gerações mais jovens. A seguir, destacamos 10 dicas de como manter a saúde mental no emprego : >
Ao longo da vida, as pessoas mais velhas desenvolvem resiliência ao lidar com diferentes adversidades. Essa habilidade os ajuda a manter a calma e o equilíbrio em situações de pressão, inspirando colegas mais jovens a lidar de forma saudável com desafios rotineiros. >
Com anos de vivência, os trabalhadores mais velhos acumulam uma rica bagagem emocional. Eles entendem a importância de lidar com o estresse, a ansiedade e os relacionamentos no ambiente profissional, e podem compartilhar dicas de como enfrentar essas questões de maneira saudável. >
Uma das maiores contribuições é a capacidade de ouvir. A escuta ativa e atenta ajuda a criar um espaço acolhedor, em que colegas se sentem à vontade para expressar suas preocupações, melhorando a coesão da equipe. >
Encorajar práticas como pausas durante o expediente e exercícios pode ser uma forma simples e eficaz de reduzir o estresse . Ao adotar o autocuidado, é possível mostrar como equilibrar produtividade com bem-estar. >
A mentoria é uma das formas mais eficazes dos mais velhos ajudarem colegas mais jovens a desenvolverem suas carreiras. Além de orientar sobre aspectos técnicos, a mentoria pode incluir dicas valiosas sobre como cuidar da saúde mental, especialmente em momentos de transição ou estresse, e como lidar com situações típicas de diferentes momentos da vida, como o casamento, a maternidade e a paternidade e o envelhecimento. >
O equilíbrio entre vida pessoal e profissional é fundamental. Idosos, com mais experiência de vida, sabem da importância de desconectar e definir limites para evitar o esgotamento. Ao compartilhar essa prática com os mais jovens, ajudam a criar uma cultura corporativa mais saudável. Esse grupo também tem um papel relevante em incentivar as práticas de equilíbrio, lembrando sempre que cada pessoa é diferente. >
Os veteranos de hoje – que entendem a importância do cuidado com a saúde mental e o praticam – compreendem que falar abertamente sobre essas questões pode ser transformador. Ao encorajarem conversas sobre o assunto, eles contribuem para a criação de um espaço corporativo mais inclusivo, empático e de segurança psicológica. >
A solidariedade intergeracional é uma das maiores forças dos idosos no meio profissional. Suas experiências de vida ensinaram o valor do trabalho em equipe e, portanto, sabem como colaborar construtivamente. >
Atividades simples como alongamentos no escritório ou caminhadas curtas podem fazer maravilhas para o corpo e a mente. As pessoas com mais idade, muitas vezes, adotam esses hábitos e podem incentivar colegas a fazer o mesmo, promovendo o bem-estar físico e mental . >
A experiência de vida ensina os idosos a valorizar momentos de sucesso e pequenas conquistas diárias. Ao celebrar essas vitórias no local de trabalho, eles promovem um espaço positivo e motivador. >
“Um ambiente corporativo que entende o valor de incentivar o bem-estar mental de seus profissionais, por meio de suas ações e falas, tende a ser mais produtivo, inovador e resiliente diante dos desafios do mercado, o que, portanto, aumenta os lucros das organizações ou, minimamente, ‘economiza’ o que a organização já está perdendo com o adoecimento das pessoas”, conclui Renato Herrmann. >
Por Letícia Carvalho >