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Portal Edicase
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 11:44
Desenvolvido por Hermann Rorschach, em 1921, o Teste de Rorschach é um tipo de avaliação psicológica que utiliza pranchas com manchas de tinta para avaliar o funcionamento psíquico do indivíduo. Ele é capaz de identificar as características emocionais, padrões de raciocínio, mecanismos de defesa, capacidade de controle interno, percepção da realidade e conflitos inconscientes. >
“O teste é composto por dez pranchas, sendo cinco em preto e branco, duas em preto, branco e vermelho e três coloridas. Cada uma apresenta manchas de tinta simétricas, sem formas definidas, estimulando a projeção e a interpretação subjetiva do participante”, detalha Anaclaudia Zani, psicóloga, neurocientista e fundadora da EITA, empresa responsável pela criação da primeira IA emocional brasileira. >
Os critérios do Teste de Rorschach incluem a localização (local em que paciente viu a mancha), qualidade de forma (se a interpretação é rara ou comum), conteúdo (se foi observado um animal, um ser humano ou outra imagem) e determinantes (se foram vistos movimentos, cores e sombras nas pranchas). >
O Teste de Rorschach geralmente é utilizado em avaliações clínicas, processos seletivos e perícias psicológicas. Inclusive, a série “Tremembé”, do Prime Video, enfatiza que essa avaliação foi usada para entender a psíquica de prisioneiros famosos, como Suzane von Richthofen e Alexandre Nardoni. >
Segundo o terapeuta Roosevelt Lewis, fundador e diretor da The Roosevelt Center, clínica referência em medicina preventiva, estética integrativa e bem-estar, o principal benefício do teste é o acesso aos aspectos inconscientes da personalidade do indivíduo, o que normalmente não é identificado por meio de entrevistas diretas ou testes objetivos. Com isso, é possível realizar diagnósticos e intervenções psicológicas mais precisas. >
O Teste de Rorschach é dividido em duas etapas. Na primeira, o paciente descreve as imagens que enxerga nas pranchas “Não há respostas certas ou erradas — o foco está em como a pessoa interpreta e elabora aquilo que observa”, explica Roosevelt Lewis. Na segunda parte, o profissional de saúde responsável pelo teste aprofunda melhor as respostas para entender o raciocínio e as associações realizadas. >
Apesar de não haver a necessidade de uma solicitação médica específica para a aplicação do teste, ele só pode ser aplicado por psicólogos especialistas na área. “O domínio do método é essencial, já que pequenas variações na aplicação podem alterar significativamente os resultados”, pontua Roosevelt Lewis. Além disso, é importante que o procedimento seja realizado em um ambiente silencioso e sem interrupções. >
Embora o Teste de Rorschach possa ser aplicado em diferentes pessoas e em diversos contextos, algumas situações, em específico, são contraindicadas, como em crises emocionais intensas, episódios psicóticos agudos ou em momentos em que a atenção e o raciocínio do paciente estão prejudicados, seja pela privação de sono, uso de substâncias químicas ou outros motivos. >
“Nessas condições, as respostas podem ser comprometidas e não refletir de forma fiel o funcionamento psicológico. Cabe ao psicólogo avaliar se o momento é adequado para a aplicação”, comenta Roosevelt Lewis. >
Apesar dos benefícios do Teste de Rorschach para os diagnósticos psicológicos , algumas adaptações ainda devem ser realizadas a fim de uma melhor precisão dos resultados. “As principais sugestões de melhorias estão relacionadas à atualização dos sistemas de codificação (critérios utilizados para analisar as respostas do indivíduo) e à adaptação cultural das pranchas, garantindo maior precisão e validade em diferentes contextos socioculturais”, explica Anaclaudia Zani. >