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Juliana Montanha
Publicado em 19 de março de 2017 às 14:43
- Atualizado há 2 anos
Antes do primeiro som do berimbau, veio a aula sobre a origem do instrumento e sobre as árvores que foram utilizadas para confeccionar o instrumento. Esta foi apenas uma parte do Encontro Infantil Arte e Capoeira no Parque, que aconteceu na manhã deste domingo (19), no Parque São Bartolomeu. Cerca de 90 crianças e adolescentes de 6 a 15 anos participaram do evento, que contou ainda com oficinas de musicalidade envolvendo outros instrumentos que fazem parte da história da capoeira, como pandeiro, agogô, reco-reco e atabaque.>
O projeto, voltado para o público infantil, é resultado de ação coletiva de cinco grupos de capoeira da Bahia: Associação Cultural de Capoeira Gangara (São Caetano), Associação Regional da Bahia (Massaranduba), Grupo Berimbau Cruzado (Plataforma), Associação de Capoeira Calabar (Calabar) e Associação Cultural Renovação (Nordeste), com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA).Crianças e adolescentes aprenderam a tocar os instrumentos envolvidas na Capoeira (Foto: Juliana Montanha/CORREIO)Professora do grupo de capoeira Gangara e uma das idealizadoras do projeto, Franciane Simplicio explica que o encontro busca difundir e semear a capoeira associada à questão ambiental. “É um coletivo de mestres e educadores, que passam os conhecimentos de forma lúdica, trabalhando a importância da capoeira e dos seus elementos. É muito interessante ver a interação entre crianças de diferentes grupos de capoeira entre si e com o meio ambiente”, diz Franciane. “Isso nos mostra como é possível conviver em harmonia e aprender junto. A capoeira tem a força de unir e aproximar as comunidades”, completa.>
Também idealizador do Encontro, Mestre Nal, do grupo Gangara, ressalta que o espaço do parque é ideal para discutir a questão ambiental. “Como educadores, a gente percebe que muitos valores estão se perdendo. Ao explicar a história dos instrumentos, a gente mostra que necessitamos da madeira das árvores como matéria-prima dos instrumentos e a necessidade de preservar a natureza”.O pequeno “Esquilo”, como é conhecido Tiago Santos, 7 anos, começou a jogar capoeira na Associação Cultural Renovação, do Mestre The Flash quando tinha apenas dois anos. “Gostei muito de tocar o atabaque aqui e mais ainda de estar no parque. É muito bom conhecer outras pessoas também”, disse ele, enquanto tocava berimbau.>
A cada toque do apito, as crianças passavam da oficina de um instrumento para outro, aprendendo como tocar cada um deles. “Gostei muito do encontro. Essa foi a primeira vez que toquei os instrumentos e já aprendi quase todos. Tá sendo muito legal passar o dia no parque porque só tinha vindo uma vez aqui”, disse Thawan Santos, 12, que pratica capoeira no Grupo Berimbau Cruzado, dirigido pelo Mestre Berico.>
Em um outro canto do parque, a capoeirista Raíssa Elen Silva, 11 anos, que faz parte do grupo Associação Regional da Bahia, do Mestre Careca, coloria a cartilha de educação patrimonial sobre capoeira, voltada para o público infantil. “O evento aqui está sendo muito bom porque a gente aprende coisas novas. Adorei tocar o agogô. Não conhecia o parque e também gostei bastante”, contou Raíssa.>
A cartilha foi desenvolvida por Franciane, juntamente com a capoeirista e socióloga Dayse Simplicio, mais conhecida como Mestre Formiga. Apesar de ser distribuída gratuitamente às crianças participantes do Encontro, outros grupos de capoeira que também trabalham com crianças podem solicitar o material através do e-mail: [email protected]. Ao final do evento, todas as crianças participaram de uma animada roda de capoeira.>
Uma segunda edição do Encontro Infantil Arte e Capoeira no Parque irá acontecer, no dia 30 de abril, no Parque de Pituaçu, a partir das 8h. Apesar de ser voltado para o público mirim que faz parte dos grupos de capoeira participantes, crianças que estiverem presentes no parque também podem participar das atividades.>