Cartas baianas

Por Aninha Franco

  • D
  • Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2017 às 04:56

- Atualizado há um ano

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Sim, meu caro, a Bahia tem quatro dos seus 417 municípios entre as cidades mais violentas do Brasil, por isso é o Estado mais violento do País. O Ceará tem duas cidades. O Maranhão tem uma. Sergipe uma outra. O Rio de Janeiro que parece desmilinguir diante de nós, não tem nenhuma entre as dez mais do bang-bang. E a Bahia tem quatro! Quatro! O Secretário de Segurança Pública do Estado há 10 anos, 10 meses e 10 dias, hoje, Maurício Barbosa, declarou que “vai tudo bem” com a segurança na Bahia. Do que moradores de Lauro de Freitas, Simões Filho, Teixeira de Freitas, Porto Seguro e outras mais têm o direito de duvidar! Alô, alô Itinga, está tudo calmo por aí?  

Para os moradores de Correntina as coisas também parecem estranhas. O Secretário de Segurança esteve lá investigando o que aconteceu na cidade que está entre os trinta melhores pibs do Estado. Há um vídeo, com muitas visualizações, da Senadora Ana Amélia, Rio-Grandense, deplorando a destruição da Fazenda Igarashi, que até um ataque estilo MST, que nega que tenha atacado, na quinta-feira, produzia batata, cenoura, feijão, tomate, alho, cebola, e empregava muitas mil pessoas. 

Os senadores baianos Otto Alencar, Lídice da Matta e Walter Pinheiro ainda não se manifestaram sobre a depredação, mas o deputado federal do PT baiano, Valmir Assunção, com quem eu já estive algumas vezes, que era meu amigo no Facebook até quinta-feira, quando eu desisti de sua amizade, parabenizou os vândalos que destruíram os equipamentos da fazenda, chamando a truculência, a selvageria, a barbárie, a ferocidade de desobediência civil. 

Não sei, só desconfio, porque ele caracterizou o fato de desobediência civil que é, você sabe, meu caro, um ato heróico de resistência a uma ordem legal, mas injusta. Minha curiosidade é se a selvageria, chamada erroneamente de desobediência foi cometida contra o prefeito de Correntina, Ezequiel Barbosa, do PSDB. Se contra o governador do Estado, Rui Costa, do PT. Ou contra o presidente Michel (Fora) Temer do PMDB. Reza a lenda que há uma guerra pelo poder em Correntina entre PCdoB e PSDB. Pelo visto, com direito à destruição de propriedade privada produtiva. 

Falando em PCdoB, o aliado irmão do PT, na Bahia, ocupante da Secretária do Trabalho do Estado na pessoa de Olívia Santana, que precisa saber que uma das crianças que era protegida e co.educada no Theatro XVIII, no Pelourinho, até 2010, está com as duas mãos no gesso por acidente de trabalho. Pois é! 

E falando de trabalho, fecharei essa Carta contando que na quinta-feira, soubemos que o Centro de Convenções, patrimônio do Estado construído em 1979, que alterou o fluxo turístico de Salvador, livrando-o da sazonalidade, caiu em 2016 por falta de manutenção do governo que está no Palácio de Ondina desde 2007, e que, portanto, não pode culpar a gestão anterior. O Centro de Convenções, um dos motores do Turismo da Capital, caiu por falta de manutenção e o Turismo despencou por ausência de gestão. Agências e guias de Turismo e motoristas de táxi, que culpam apenas o Uber por seus infortúnios, sabem que desde janeiro de 2007, a Secretaria de Turismo não recebeu um secretário minimamente capaz de pensar o Turismo como uma atividade rentável. 

Por isso, voltaremos sempre ao início da Carta e à violência das Cidades.