Com as bênçãos de Xangô

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  • Da Redação

Publicado em 22 de dezembro de 2017 às 04:26

- Atualizado há um ano

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O ano de 2017 foi um dos mais conturbados da história brasileira. Mas 2018 começa diferente e está chegando com as bênçãos de Xangô, o orixá da Justiça, que simboliza a vida e as realizações. Sob o ponto de vista econômico, a diferença é gritante. No final de 2016, o Brasil já havia chegado ao fundo do poço com o PIB caindo 3,6% e as vendas de Natal registrando o pior patamar dos últimos dez anos. 

Agora, no final de 2017, o PIB já registra crescimento de quase 1%, as lojas estão abarrotadas e o Natal será o melhor dos últimos quatro anos. Em São Paulo, as vendas no comércio varejista cresceram quase 5% na primeira quinzena de dezembro em comparação com o ano passado, segundo a Associação Comercial de São Paulo; e na Bahia, segundo a Fecomércio, a estimativa é de um crescimento nas vendas de 8% no Natal. Xangô é o orixá da fartura e garante a colheita para quem plantou corretamente. 

Na economia, o plantio parece ter sido bem feito, pois não só o Natal vai ser bom, como o Ano Novo também, pois  economistas  e agências internacionais projetam crescimento de 3% ou mais em 2018.

Sob o ponto de vista politico, o ano também começa bem diferente de 2017, um dos anos mais conturbados da história brasileira. Em 2017, um presidente sofreu o impeachment, seu substituto foi denunciado duas vezes por vários crimes mas se manteve no poder e vários políticos, de vários partidos, incluindo alguns governadores, foram presos e acusados de corrupção. Mas, em 2018, parece que Xangô vai abrir os caminhos do país e vai fazê-lo através do exercício da democracia, com o povo manifestando livremente sua vontade. 

Apesar disso, o  processo eleitoral deve trazer instabilidade à economia e essa instabilidade será maior ou menor a depender do grau de polarização da disputa eleitoral e dos candidatos envolvidos. 

Mas isso faz parte do jogo e a instabilidade pode ser menor se as autoridades econômicas mantiverem os fundamentos da economia sob rígido controle.  Eleições presidenciais sempre geram certo stress e, nesse momento, há quem diga que o país está descambando para extrema direita – que sequer admite essa louvação a Xangô –, mas há quem diga também que o país descambou para a esquerda populista, que agora quer voltar ao poder. Na verdade, isso é uma falácia cultivada nas redes sociais por grupos que querem polarizar as discussões e fazer o brasileiro tomar partido. No entanto, a  imensa maioria dos brasileiros está tão distante de Bolsonaro quanto de qualquer aventura bolivariana, por isso, essa eleição deve premiar o “novo”, premiar as novas propostas e uma nova forma de fazer política. Ninguém vai cair mais no conto da carochinha de Dilma, que mentia dizendo não ser necessário qualquer ajuste fiscal, mas é bom lembrar que o eleitor quer manter a estabilidade econômica e a austeridade fiscal, mas quer também uma política que reduza as desigualdades sociais e torne este país menos perverso. 

No mais, é esperar que Xangô, o orixá da Justiça, abra os caminhos da economia para que ela continue crescendo e ilumine os brasileiros para que eles votem com a consciência de que precisam escolher melhor.

Os presidenciáveis da Bahia O artigo sobre os presidenciáveis da Bahia, publicado nesta coluna na semana retrasada, gerou muitos comentários por parte de políticos e analistas. O mais comum deles foi: o prefeito ACM Neto não pode se candidatar a presidente, pois não teria quem o substituísse na disputa pelo governo do estado. 

Ora, parece que é exatamente o contrário: se a candidatura for competitiva, se Neto estiver pontuando bem nas pesquisas e se constituir-se em efetiva alternativa de poder, o candidato a governador apoiado por ele, qualquer que seja, vai polarizar a eleição com o governador Rui Costa. 

O mesmo raciocínio vale para a hipótese do ex-governador Jaques Wagner que, se fosse candidato a presidente, fortaleceria a candidatura de Rui Costa, embora colasse no governador o desgaste do PT que até agora parece não ter colado nele. Naturalmente, em ambos os casos, a eleição para governador seria federalizada.

Tortura eleitoral O cidadão brasileiro já está indignado com os políticos e sem nenhuma vontade de  votar e, para completar, se ele quiser votar em outubro vai ter de ficar 4 horas na fila para fazer a biometria e não ter o título cancelado.  Com isso, graças ao Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), Salvador deve ter um número recorde de abstenções no processo eleitoral de 2018, pois faltando pouco mais de  um mês para o encerramento do prazo, 47% dos eleitores soteropolitanos ainda não foram aos postos para fazer a biometrização. Se isso não for agilizado, muita gente vai preferir pagar multa do que ficar 4 ou 5 horas na fila.

Boas Festas e Feliz Ano-Novo Ando dizendo aos meus amigos que, às vezes, precisamos mudar o ângulo pelo qual vemos o mundo. Raul Seixas, por exemplo, ficou meio cabreiro quando começou a usar óculos, mas, de repente, resolveu tomar banho sem tirá-lo do rosto e descobriu que o mundo ficava todo chuviscado. A mim, que sou míope, aconteceu algo semelhante: uma noite dessas tirei os óculos na rua e, de repente, as luzes perderam a forma e o mundo ficou colorido, feérico: eu tinha um outro mundo dentro de mim e não via porque me recusava a tirar os óculos. 

Pois bem, desejo que em 2018 os brasileiros possam ver o país por outro ângulo, tirando os óculos da mesmice e do clichê para ver as coisas de outro modo e com mais discernimento.

Os bancos e a jabuticaba O sistema bancário brasileiro é como a jabuticaba: só existe no Brasil.  Aqui a taxa de juros básica da economia caiu pela metade, mas as taxas de juros praticadas pelos bancos permanecem praticamente as mesmas. Isso ocorre pelo grau absurdo de concentração bancária no país, onde os cinco principais bancos possuem mais de 80% do total de ativos. 

É um cartel na pior acepção da palavra. Na maioria dos países do mundo, os maiores bancos controlam, no máximo, 40% dos ativos. O spread dos bancos brasileiros – a diferença entre os juros que ele paga pelo dinheiro que capta no mercado e o quanto ele cobra para emprestar ao consumidor esse mesmo dinheiro – é um dos três maiores do mundo. Infelizmente, nessa jabuticaba, ninguém quer mexer.

Um pequeno recesso A coluna faz um pequeno recesso de duas semanas para propiciar umas merecidas férias ao colunista. Mas, prometendo voltar com todo gás em 2018, deseja um Feliz Natal e um próspero Ano Novo aos leitores.