Investigado por morte de torcedor do Bahia após clássico é solto

Testemunha que sobreviveu ao crime não reconhece mais Pietro Pereira como atirador

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  • Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 20:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Suspeito pela morte de um torcedor do Bahia em abril, após um clássico BaVi, Pietro Henrique Ferreira Caribé Pereira, 25, foi solto por decisão da Justiça, que revogou sua prisão preventiva na segunda-feira (13). Pietro nega o crime e alega que no momento da morte do torcedor, na Avenida Vasco da Gama, estava em outro local, com a mãe e a namorada.  Suspeito foi solto (Foto: Reprodução) Na decisão, o juiz Horácio Moraes Pinheiro, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, afirma que "face à necessidade de realização de novas diligências e exames periciais para a conclusão da instrução probatória, entendo que efetivamente assiste razão ao Requerente, uma vez que inexistem, neste momento, os requisitos previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, não ensejando a sua custódia prévia".

A decisão destaca que Isaías Souza Santos, baleado na mesma situação, que tinha reconhecido Pietro como o responsável pelos disparos, disse em depoimento e depois em audiência que se confundiu. "Destarte, há que se considerar que não há, ainda, nos autos, notícias de ter o Acusado utilizado de violência e/ou feito ameaças a terceiros, na ocasião de sua prisão em flagrante, nem tentado empreender fuga, não esboçando qualquer reação à ação policial, ao contrário, atendeu a um telefonema dos policiais e foi de pronto ao encontro dos mesmos", diz o texto.

A Justiça determina que, solto, Pietro deve seguir algumas medidas cautelares. Não pode frequentar estádios de futebol, nem qualquer evento ligado ao esporte, ou atividades com envolvimento de torcida organizada; deve se apresentar ao juízo até o dia 10 de cada mês até o fim do processo; não deve se ausentar da cidade sem autorização judicial; deve comparecer a todos atos do processo em que seja intimado; não deve frequentar bares ou locais onde há consumo de bebidas alcoólicas, ou casas de espetáculos; por fim, deve ficar recolhido domiciliarmente no período das 21h às 6h.

Briga de torcida A polícia diz que o crime foi motivado por briga de torcida. "Eles não tinha rivalidade pessoal, a motivação foi conflito de equipes", disse a delegada  Patrícia Brito, titular da 3ª Delegacia de Homicídios (DH/BTS). No jogo, a torcida visitante, a do Vitória, saiu meia hora após o jogo. O adolescente morto era torcedor do time rival, o Bahia, e estava indo embora da Fonte Nova à pé com o amigo quando houve a confusão. Segundo a polícia, dois carros pratas e dois ônibus da Torcida Imbatíveis (TUI), que levavam rubro-negros, passaram pela Vasco da Gama e encontraram os torcedores tricolores.

Em seguida, os ônibus fecharam a frente do Posto Shell, encurralando os torcedores do time rival. Os tricolores, assustados, correram para dentro do posto na tentativa de se esconder. Carlos correu para o lava-jato do posto. Seu amigo, o frentista Isais Souza Santos, 27, foi para o lado da troca de óleo. Os dois foram espancados e baleados.

Atingido de raspão no pescoço, Isais foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE). Carlos foi atingido na perna, canela e tórax. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A polícia diz que Carlos Henrique e o suspeito não se conheciam e não tinham marcado briga pela internet. Ainda segundo a polícia, nem Carlos e nem Isaías tinham passagem por delegacias.

"Nos veículos estavam os supostos autores dos disparos e outras pessoas da torcida do Vitória", afirmou a delegada. Ainda segundo ela, o carro de Gringo é prata, mesma cor dos carros envolvidos. A arma utilizada no crime ainda não foi encontrada pela polícia. 

Defesa A defesa do suspeito nega que ele tenha envolvimento com o crime. Segundo o advogado Antônio Glorisman, Pietro se desligou da Torcida Imbatíveis em fevereiro, após a confusão com o torcedor do Bahia. Ele alega que Pietro estava no jogo com a namorada e o cunhado, mas após a partida foi para a casa da mãe e duas horas depois foi para a casa da companheira, em Cajazeiras, onde passou a noite. Ainda segundo o advogado, ele saiu do estádio às 18h40 e chegou na casa da mãe às 19h10.

A polícia foi até a casa da mãe dele, no Garcia, procurado por Pietro. Ele não estava no local, mas a mãe ligou e informou que policiais estavam querendo entregar documentos para ele. Provavelmente achando que se tratava de uma audiência de outro caso, ele foi até lá e foi preso. Se condenado, Pietro responderá por homicídio pela morte de Carlos, e tentativa de homicídio, por ter atingido Isaías.

Estudante de direito e motorista de Uber, Pietro já havia sido preso em fevereiro deste ano após briga com outro tricolor. Ainda segundo a polícia, em fevereiro, Pietro agrediu um torcedor do Bahia e rasgou a camisa da vítima. Ele ficou dez dias presos no Centro de Observação Penal (COP), na Mata Escura, sendo liberado após pagar fiança. Ele responde pela briga e por tentativa de furto, já que os documentos e o celular da vítima desapareceram após a confusão. Hoje, Pietro teria uma audiência sobre este caso. Além disso, ele também já tinha passagem por furto de veículo em 2011. Nas redes sociais, ele posava com trajes dos Imbatíveis (Foto: Reprodução) Crime O adolescente morreu por volta das 20h deste domingo (9), ainda no posto de combustível. O crime aconteceu após o término da partida entre Bahia e Vitória pelo Campeonato Baiano. Carlos Henrique Santos de Deus, 17, tinha ido ao estádio assistir ao jogo e estava a caminho de casa, na Rua Ferreira Santos, no bairro da Federação, quando foi atingido no abdômen e na perna.

Segundo testemunhas, a pessoa que atirou estava a bordo de um veículo, que parou próximo ao adolescente e disparou. Além de Carlos Henrique, outro amigo, o frentista Isaias Souza Santos, 27, foi atingido de raspão no pescoço e levado por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Geral do Estado (HGE). Ele passou por uma cirurgia na madrugada desta segunda-feira, para retirada da bala. Seu estado de saúde é desconhecido.