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Publicado em 24 de agosto de 2017 às 07:00
- Atualizado há um ano
Jorginho passou exatos dois meses como técnico do Bahia, de 1º de junho a 31 de julho. Não conseguiu se livrar da sombra deixada por Guto Ferreira, o time oscilou muito e ele foi embora sem ter tido tempo de conhecer direito todo o elenco tricolor, segundo o próprio Jorginho falou durante o programa Bem, Amigos!, do canal Sportv, na segunda-feira. O contexto era a situação dos técnicos de futebol no Brasil nesse momento de rotineiras trocas de comando e de discussão com a CBF para garantir melhores condições de trabalho para a profissão. Mas não é este o ponto a destacar da fala do ex-treinador do Bahia, e sim o que ele disse no comentário acerca da sua rápida demissão. De maneira ponderada - sem aparentar rancor ou ressentimento, o que é comum quando se trata de um funcionário recém-demitido – Jorginho elogiou a diretoria tricolor. Porém, nas entrelinhas, reafirmou, com o olhar de quem trabalhou no Fazendão, a principal crítica feita por quem está aqui fora à gestão de Marcelo Sant’Ana e seu vice-presidente, Pedro Henriques. Abre aspas: “Administrativamente lá, o presidente e o vice-presidente são excelentes. Marcelo e Pedro são muito bons. Zeraram tudo do Bahia, pagam tudo direitinho. Estão me pagando direitinho, tive com o Doriva, pagam Doriva tudo direitinho. Mas pra tomar uma decisão como essa (da demissão), ele precisava ter alguém do lado dele com o nível do Muricy. Mas essas pessoas se perdem no futebol. Ele vai ser comentarista, acaba saindo do meio dele”, disse Jorginho, dando como exemplo o ex-técnico Muricy Ramalho, que hoje é comentarista do programa, e também traçando um paralelo com a Alemanha, onde é comum que ex-futebolistas assumam cargo de chefia nos clubes depois de encerrar a carreira nos campos – Jorginho jogou na Alemanha durante seis anos. Para bom entendedor, Jorginho sinalizou que, apesar do presidente e do vice estarem cumprindo com louvor a função administrativa inerente aos cargos que ocupam, falta na direção do Bahia alguém mais conhecedor profundo do futebol enquanto jogo, e não enquanto gestão. Este é o ponto. Um breve parênteses: por cultura, o torcedor e a imprensa no Brasil cobram dos presidentes dos clube um know how de futebol que deveria ser cobrado do diretor da pasta. A função do presidente, em teoria, é se cercar de uma equipe gabaritada. Mas Marcelo Sant’Ana não é vítima: no final de 2014, foi conveniente vender o bordão “A vez do futebol” para se eleger. Voltando ao ponto, a fala de Jorginho não pareceu uma crítica ao diretor de futebol Diego Cerri. Pelo tom e pelo contexto, ele não tinha a intenção de apontar o dedo para A, B ou C, e sim de revelar nacionalmente o que por aqui é uma crítica recorrente: a diretoria do Bahia faz tudo certinho fora de campo, mas precisa ter traquejo também ao tomar decisões específicas do futebol. Não custa lembrar que esta é a razão de ser do clube, e é onde o Bahia mais erra: 65 contratações em dois anos e oito meses de mandato, o que equivale, em média, a duas por mês. Arredondando para ficar mais claro: foram seis times contratados em três anos, média de dois por ano. Neste caso, os números falam por si. Afinal, se a diretoria tivesse contratado bem não teria contratado tanto. Uma coisa é o Palmeiras, que tem um patrocinador derramando verbas milionárias no clube, contratar aos montes e com uma margem de erro grande. Não é o caso daqui. Time que não tem dinheiro sobrando, caso do Bahia (e do Vitória), não pode errar tanto.
*Herbem Gramacho é editor de Esporte e escreve às quintas-feiras