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Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2017 às 22:51
- Atualizado há 2 anos
O primeiro dia da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quinta-feira (17), na Bahia, foi marcado por confrontos entre manifestantes pró e contra o petista, em Salvador, onde policiais militares tiveram de fazer disparos para conter o tumulto. Além disso, horas antes da chegada de Lula à cidade, uma decisão judicial cancelou a entrega do título de Doutor Honoris Causa que ele receberia da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), nesta sexta-feira (18), em Cruz das Almas. A decisão foi do juiz Evandro Reimão dos Reis, da 10ª Vara Federal Cível da Seção Judiciária da Bahia, atendendo ação popular ajuizada pelo vereador Alexandre Aleluia (DEM).>
O magistrado entendeu que o título teria o intuito de proporcionar "uma manifestação ruidosa do réu Luís Inácio Lula da Silva no local da entrega da homenagem ao coincidi-la com o evento envolvido de visibilidade político-partidária". O ex-presidente chegou ao Aeroporto de Salvador por volta das 16h, dirigindo-se para o Campo da Pólvora, em Nazaré, de metrô. Em seguida, acompanhado de militantes e alguns correligionários, seguiu para a Arena Fonte Nova, para o lançamento do Memorial da Democracia, um portal multimídia feito por iniciativa do Instituto Lula.>
Na entrada do estádio, houve uma confusão entre militantes Pró-PT e membros do Movimento Brasil Livre (MBL) e do Vem Pra Rua, que inflaram um boneco “Pixuleco”, representando Lula com um uniforme de presidiário. O boneco foi destruído pelos manifestantes pró-PT. Integrantes do Vem Pra Rua e do MBL acusaram o governo da Bahia, sob comando do petista Rui Costa, de usar o aparato estatal para dar apoio à caravana do ex-presidente. Manifestantes contrários ao petista também estiveram no evento (Foto: Arisson Marinho/CORREIO Em nota, a UFRB informou que recebeu com surpresa, a notificação da decisão do juiz Evandro Reimão dos Reis. Ainda segundo a nota da universidade, “a decisão judicial fere um dos princípios fundamentais das universidades públicas que é a autonomia universitária”. Segundo a nota da UFRB, a homenagem ao ex-presidente Lula seria um antigo desejo de setores da comunidade universitária, devido à expansão e interiorização do ensino público superior. A UFRB informou ainda que solicitou à Advogacia Geral da União (AGU) que tome as medidas cabíveis para alterar a decisão judicial. A universidade também vai aguardar o posicionamento do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) sobre o assunto.>
De acordo com a brigada de segurança no evento desta noite, mais de 15 mil pessoas estiveram presentes na Arena Fonte Nova. No local, o militante do coletivo Kizomba, Roberto Júnior, 23, comentou sobre o embargo judicial. “Lula foi o fundador da interiorização das universidades no país e a UFRB, como parte disso, entendeu de fazer essa entrega. A ação contra o título foi uma estratégia do vereador, que nada fez pelo país, para aparecer na mídia", disse. Aluno da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o estudante considera que foi beneficiado pelas políticas públicas de acesso à educação superior implantadas pelo governo do petista. "Apesar de não ter votado no presidente nas eleições, estou convicto de que o projeto político dele mudou a cara do Brasil", afirmou. >
Outra manifestante, uma comerciante de 73 anos, disse que vê no presidente a segurança de um país mais democrático. “Eu assisti de perto a época do movimento contra a ditadura. Eu estava grávida em 1964 e lutei com meu marido, na Praça da Sé. Lula é a minha esperança de que os tempos não voltem para isso. O [presidente] Michel Temer é um ditador. Nas manifestações em Brasília, ele colocou um exército em cima das pessoas. Isso não tem nada de democracia", argumentou ela, que preferiu não se identificar.>
Informado da decisão judicial que suspendia a entrega do título, Lula disse que ainda assim seguirá para Crus das Almas, para se reunir com o reitor da UFRB, professores e estudantes. "O que me interessa é o reconhecimento deles. Fui o cidadão sem título universitário que mais fiz universidades nesse país". Mais de 15 mil pessoas estiveram no evento, segundo seguranças (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) >