Os perigos da janela de transferências

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  • Elton Serra

Publicado em 17 de setembro de 2017 às 05:11

- Atualizado há um ano

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No início deste mês, o Bahia anunciou a contratação do zagueiro Thiago Martins para a sequência do Brasileirão. O Vitória, mesmo sem acertar com qualquer jogador, foi ao mercado em busca de boas oportunidades. Isto sem contar outros vários clubes da Série A, que se movimentaram à procura de reforços para a reta final da temporada. Estamos no mês de setembro e a janela de transferências no Brasil ficou aberta até semana passada, provando que precisamos evoluir muito como organizadores de competições de futebol.

Se permitir contratar jogador até o último terço do ano é algo, no mínimo, absurdo. Além de desequilibrar as competições, dá aos dirigentes a oportunidade de torrar dinheiro na busca por atletas. O pensamento é: “Se não deu certo com um, abrimos os cofres e contratamos outro para o lugar”. O elenco fica inchado, aumentando a insatisfação, a folha salarial é comprometida e os resultados, quase sempre, não são positivos – a depender do tempo de adaptação do contratado, o retorno é nulo.

A janela de transferências no Brasil não tem período determinado. O que a CBF e as federações locais utilizam são os prazos específicos dentro das competições que organizam. Na Série A, por exemplo, os clubes puderam inscrever atletas até um dia antes da abertura da 23ª rodada, que aconteceu no dia 9. O ideal seria que essas janelas fossem unificadas e ocupassem um espaço fixo no calendário, como acontece na Europa. No velho continente, os clubes podem contratar entre o início de junho e o final de agosto, período em que acontecem as férias e a pré-temporada; e no mês de janeiro, onde as equipes fazem ajustes no elenco. Na Inglaterra, os clubes reduziram o tamanho da janela do meio do ano, justamente para que a Premier League comece com todos os negócios já finalizados.

No Brasil, como as competições começam na primeira semana de fevereiro, uma janela entre o início de dezembro e o final de janeiro seria o ideal. Obrigaria os dirigentes a montarem seus times para toda a temporada. Outra janela menor, ao final dos estaduais e início do Campeonato Brasileiro, serviria de ajustes. Com os mata-matas decisivos da Libertadores, Copa do Brasil e Sul-Americana acontecendo no segundo semestre, essa segunda abertura do mercado de transferências serviria também para fortalecer as equipes para a reta final. Organizar o calendário para que haja um equilíbrio maior nas competições, pelo visto, não é de interesse das entidades que comandam o futebol.

O Bahia, ao longo da temporada, contratou 17 reforços. Dos contratados, apenas Edson, Mendoza, Zé Rafael e Rodrigão são titulares com regularidade. Já o Vitória, que apresentou absurdos 26 reforços em 2017, mudou praticamente um time inteiro no segundo semestre. Com uma janela de transferências desenfreada, é possível empilhar contratações dentro dos clubes e onerar as receitas em médio e longo prazo. É claro que a responsabilidade dos dirigentes independe, na teoria, da abertura do mercado. Porém, com uma melhor regulamentação, o desespero na busca por atletas se reduziria.

O futebol baiano ainda está muito longe de alcançar um patamar que o permita brigar por grandes títulos nacionais, e parte dessa distância também está no calendário. Além de permissivo e incoerente, serve de escudo para os dirigentes usarem e abusarem do artifício “contratações” para se manter firmes em suas cadeiras.

*Elton Serra é jornalista e escreve aos domingos