Os presidenciáveis da Bahia

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  • Armando Avena

Publicado em 8 de dezembro de 2017 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Talvez, pela primeira vez na história política brasileira, dois candidatos oriundos da Bahia estão com seus nomes circulando na lista de candidatos à Presidência da República: o prefeito de Salvador, ACM Neto, e o ex-governador Jaques Wagner. Provavelmente, nenhum deles sairá candidato e por vários motivos, mas os nomes de ambos frequentam as reuniões dos grandes estrategistas políticos do país.

O DEM, partido do prefeito de Salvador, está num processo de refundação e anuncia que terá candidato nas eleições presidenciais. Mas não pode ser qualquer candidato, precisa ser alguém que supere a ojeriza que o eleitorado de hoje tem pelos políticos, especialmente aqueles que estão a circular pelo Congresso Nacional. E, por isso, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, que está negociando a reforma da Previdência, não deve ser candidato.

É nesse cenário que aparece o nome do prefeito ACM Neto, um gestor competente e bem avaliado, que teve boa atuação no Congresso Nacional, diz não acreditar nos rótulos de esquerda e direita e, embora político, é visto como um político da nova geração. Assim, entre trazer um nome novo de fora da política, com o risco de eleger um aventureiro, ao DEM pareceria mais razoável buscar o novo dentro da própria política. Para alguns líderes do DEM, Neto seria o candidato brasileiro mais próximo do perfil “Macron” que o país tanto anseia.

No entanto, é pouco provável que ele embarque nessa hipótese, não só porque é jovem e já tem um projeto consolidado, que é a candidatura ao governo da Bahia, mas também porque tem conhecimento do desafio político, financeiro e pessoal que representa uma candidatura à Presidência da República. E, para completar, seria preciso convencer São Paulo, a meca brasileira.

O outro presidenciável baiano é o ex-governador Jaques Wagner e nos círculos petistas já é dado como certo que ele seria o candidato ungido por Lula, caso o ex-presidente não pudesse concorrer. Wagner seria o candidato ideal por vários motivos, a começar pela flexibilidade e pela sólida experiência como negociador político. Lula é gato escaldado e acredita que o PT precisa de um nome com traquejo político, capaz de transitar entre as diversas correntes de maneira a formar alianças e assim retomar e reformar seu projeto político.

Diferente de Dilma Rousseff – um elefante a se mover desastradamente na cristaleira da política –, Wagner tem muito mais capacidade de aglutinação e é muito mais flexível do que o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Lula vê em Wagner um petista puro, confiável e jeitoso que, sem atacar o partido, defende a necessidade de sua reformulação, por isso seria o candidato ideal para dar inicio à limpeza da imagem do PT.

Dificilmente, Wagner embarcaria nessa história. Sabe que disputa presidencial é briga de foice no escuro e tem conhecimento do desafio político, financeiro e pessoal que representa uma candidatura à Presidência da República. E, para completar, seria preciso convencer São Paulo, a meca brasileira.

No final das contas, os presidenciáveis baianos existem, mas só o tempo dirá se vão se transformar em alternativas concretas.

PIB da Bahia

O PIB da Bahia cresceu 0,3% entre janeiro e setembro deste ano, comparado com o mesmo período do ano anterior, ou seja, metade do crescimento da economia nacional de 0,6%. Mas esse resultado é uma média, e alguns segmentos estão com crescimento expressivo, enquanto outros ainda registram forte quedas. O PIB do Comércio, por exemplo, voltou a crescer e deve se ampliar no final do ano, mas enquanto em alguns ramos o crescimento é exponencial, como no de Eletrodomésticos, em outros há forte queda nas vendas, como é o caso dos Hipermercados e Supermercados. Do mesmo modo, a atividade imobiliária, ou seja, a venda de imóveis, voltou a crescer, mas a produção de novos imóveis, novos lançamentos, continua despencando.

Na indústria, verifica-se uma recuperação na produção de automóveis, com um crescimento de cerca de 20%, mas na produção de petróleo, gás e na metalurgia a queda é forte. E, na agropecuária, o crescimento é quase o dobro da média nacional. Com isso, em 2017, o PIB da Bahia vai crescer no mesmo patamar do PIB brasileiro, cerca de 0,7%. Os dados são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

A Bahia e o petróleo

O presidente da Fieb, Ricardo Alban, registrou, em entrevista coletiva,  esta semana, que a indústria baiana teve o segundo pior resultado do país. Mas deu pouca ênfase a um dos maiores culpados pela crise: a Petrobras. A Refinaria Landulpho Alves, por exemplo, está ociosa, operando com pouco mais de 50% de sua capacidade, embora seja a 2ª maior do país. Já a produção de petróleo no estado caiu 11% este ano e a de gás caiu quase 30%. A Petrobras produzia 150 mil barrias de petróleo/dia e hoje não passa de 33 mil, assim, a indústria extrativa, 80% dela vinculada ao petróleo, caiu 14% este ano. A Petrobras ainda responde por boa parte da indústria baiana e por mais de 20% da arrecadação do estado. Aí mora a crise.

Sobre as polêmicas políticas

Pedem-me, por e-mail, um comentário sobre as discussões políticas, que estão cada vez mais acirradas e invadindo domínios além da política. A mim me parece perfeito que a discussão política invada bares, casas, jardins e famílias. Louvo a ti, ó Democracia, ma femme!, diria Walt Whitman. Que queriam vocês? A paz dos cemitérios! Assim a chamava Montesquieu lembrando que “Não é uma paz, é o silêncio das cidades prestes a serem ocupadas pelo inimigo”. O Brasil não está prestes a ser ocupado pelo inimigo, pelo contrário, está prestes a ir às urnas louvar a Democracia, ma femme! Por isso, é discussão o que queremos, é discussão o que deve haver.

É natural que, por vezes, o debate se acirre, as posições se tornem rígidas, os interesses aflorem. Só não é natural permitir que o desejo de convencer se sobreponha ao respeito que se deve ter a qualquer pessoa, mesmo o inconvertido. É natural também que a política se misture com os dramas e as paixões familiares, que tomam a forma de candidatos e partidos, mas permanecem refletindo os conflitos do familismo. Só não é natural que o desejo de ser ouvido se sobreponha à capacidade de ouvir. No mais, sigamos, discutindo a exaustão os caminhos pelos quais nos levará a Democracia, ma femme!