Papai Noel Presidente

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  • Nelson Cadena

Publicado em 10 de novembro de 2017 às 02:37

- Atualizado há um ano

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Outro dia escrevi para o site da Associação Baiana do Mercado Publicitário-ABMP que meu candidato para presidente da República nas eleições de 2018 era o Papai Noel, já em evidência nesta época do ano, com isso nos evitaria a difícil escolha entre os candidatos postos na mídia e alimentados pelas pesquisas encomendadas: ladrões, apedeutas, déspostas e aluados.

Sei que o Papai Noel me perdoará pela imprópria lembrança de seu nome, é verdade que ele tem saco, mas, não sei se talhado para aguentar uma parada dessa envergadura. Uma campanha presidencial sempre traz riscos à imagem do candidato, toda campanha é caricata, exagera nos defeitos e nas qualidades, no final é uma deformidade.

A minha única dúvida é se o nosso bom velhinho aceitaria topar uma empreitada dessa. Outra dúvida é se ele ainda é o bom, acho que não, vem pisando na bola desde 2014: traz menos presentes, o comércio gera menos empregos extraordinários e as agências de publicidade e os veículos de comunicação sonham, na melhor das hipóteses, em faturar em 2017 o que se faturava em 2014. Imagine você! De quem é a culpa? Dele que é quem movimenta essa engrenagem do mundo dos sonhos chamada Natal.

É claro que o Papai Noel foi vítima de nossa queridíssima presidente e do nosso queridíssimo mordomo da mala preta que lhe puxou o tapete e lhe seguiu os métodos e de outros queridíssimos que não suportam o bom velhinho e nem se importam com ele porque pedem e recebem presentes todos os dias e o tempo que lhes sobra para governar é para acomodar os amigos, também bons e bem treinados para solicitar e receber presentes. E se eles estão com a vida ganha, para que se preocupar com esses brasileiros de bosta? Quem mandou votar na gente? Assim pensam no escurinho dos porões!

O que me anima é saber que o bom velhinho é também bom de briga. Na primeira década da ditadura cubana resistiu a todas as perseguições, assim como os fiéis dos cultos afrodescendentes (o de Iemanjá quase desapareceu na Ilha) e de outros, de modo que os islenhos continuaram a celebrar o Natal a seu modo, na clandestinidade; um dia Fidel deu o braço a torcer, liberou os símbolos natalinos e liberou liturgias e rituais, já idoso até visitou e recebeu o papa. E tenho certeza que nunca deixou de montar uma árvore de Natal no Palácio, ao menos para agradar os netos. E penso, ainda, que dotado pela natureza de tão densa barba, alva no seu final de vida, tenha incorporado alguma vez o personagem, entre quatro paredes. Ho, Ho, Ho.

Papai Noel resistiu, também, a todas as tentativas, pelo mundo afora, inclusive no Brasil de   lhe extrair as características que os caricaturistas da revista Harper’s Weekley, e após os pincéis de Haddon Sudblon que lhe imprimiram desde sempre. Nenhum Papai Noel politicamente correto (negro, amarelo, magro, gay, feminino) vingou em lugar nenhum do mundo ocidental e é claro que a culpa é dos americanos como nos ensinaram os teóricos da comunicação da Escola de Frankfurt. E daí? Ele não se importa com isso. Continua a ser o Senhor do Natal, o feudo que lhe coube na utopia humana.  

Depois de tantas aventuras e mal feitos de nossos queridíssimos presidentes da República e suas matilhas de estimação, Papai Noel é quem melhor atende ao desejo oculto dos brasileiros de bem. Fora isso, enche o saco apenas uma vez por ano e no único que se assemelha a nossos políticos, o fato de ser bundão, vamos relevar. A culpa é dos desenhistas que o arredondaram,  no lápis, e o pintaram para sempre, pançudo e com a bunda grande.