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Travessia volta a funcionar e 1ª lancha chega com atraso a Salvador

Na última quinta (24), 19 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no naufrágio da Cavalo Marinho I

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  • Da Redação

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 06:45

 - Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Mesmo com protesto dos moradores de Vera Cruz, o serviço da travessia Salvador-Mar Grande da Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Atramab) foi retomado na manhã desta terça-feira (29). A primeira lancha saiu do terminal, na Ilha de Itaparica, por volta de 6h com cerca de 30 passageiros e chegou no Terminal Náutico de Salvador, no Comércio, pouco antes de 7h. A segunda lancha, Catarina Paraguaçu, saiu da localidade de Mar Grande às 7h.

A primeira lancha a atracar em Salvador chegou com atraso. Segundo os passageiros e funcionários do Terminal, a primeira embarcação deveria sair de Mar Grande às 5h, mas ela só deixou o terminal às 6h. Foi a primeira viagem desde o naufrágio da lancha Cavalo Marinho I, que ocorreu na última quinta-feira (24). Mais de 120 pessoas estavam na embarcação que adernou cerca de dez minutos após sair do terminal. No acidente, 19 pessoas morreram e dezenas ficaram feridos.

As lanchas têm horários fixos, partindo sempre de hora em hora. A  última lancha sairá às 18h na Ilha e 19h30 em Salvador, com direção a Mar Grande.

O serralheiro Ailton Santos, 47 anos, fez a travessia com a filha de 14 anos. "O mar estava calmo, então, a travessia foi tranquila. Ela não balançou muito. Eu viria para Salvador na quinta-feira (24), no dia do acidente, mas a mãe da minha filha, que mora em Salvador, pediu para a gente deixar para essa semana", contou.

Ele mora há 5 anos em Vera Cruz e disse que faz a travessia com frequência. "Já usei várias vezes a lancha que virou. A gente nunca espera que isso aconteça, mas ela não deveria ter feito a travessia porque ela é pequena e o mar estava muito agitado", disse.

Apesar de o serviço ter sido retomado o movimento de passageiros foi inferior ao normal. As primeiras embarcações estavam saindo com menos da metade da capacidade de pessoas.  Na retomada do serviço de travessias passageiros foram orientados ao uso de coletes Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO O armador Adilson Ferreira, 30, chegou no Terminal Náutico de Salvador às 5h50. Ele disse que não estava preocupado com a travessia. "Um raio não cai duas vezes no mesmo local. Eu peguei uma lancha uma semana antes do acidente e estava jogando bastante. O mar estava agitado por conta da chuva", contou.

Após cinco dias em Salvador, a secretária Mônica Ramos vai, enfim, voltar para casa, na Ilha de Mar Grande. Sobre o reencontro com o mar, após o naufrágio com uma das lanchas que costumava pegar para fazer a travessia, Mônica diz que se sente tranquila.

"Minha relação com o mar sempre foi muito bom. Vou em paz e sem medo. A gente sente muito pelos que se foram, mas eu entendo como uma fatalidade. As pessoas têm que ter respeito pela natureza", diz ela, que vem a Salvador três vezes por semana. Mônica estava com tudo certo para embarcar de lancha no dia do acidente, mas acabou optando por fazer a travessia de ferry. "Um dia antes, eu tinha ido pra ilha com minha mãe. Eu fiquei assustada porque a lancha quase não atraca, o comandante precisou fazer uma outra manobra. O mar estava bastante revolto. Então eu vim de ferry", revela.

O carregador Wellington Assis, 51, trabalha no Porto de Mar Grande há 20 anos e se emociona ao lembrar do acidente. "Eu vi as pessoas mortas no mar. Ajudei a tirar algumas para serem socorridas. Infelizmente, muitas vidas, pessoas conhecidas, se foram. É uma data que vai ficar para sempre marcada", lamenta.   Wellington fez a viagem na manhã desta terça-feira (29) Foto: Tailane Muniz/CORREIO Wellington, que estava de serviço no porto no dia do acidente, diz que está tranquilo para fazer a travessia pela primeira vez desde a tragédia. "No dia seguinte, eu vim de ferry para Salvador porque o clima na ilha estava muito ruim. Estou voltando só hoje, em paz, pois a maré está calma"

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O serviço das lanchas estava previsto para retornar nesta segunda-feira (28), mas um protesto de moradores que começou por volta das 4h30 no terminal de Mar Grande impediu a saída das lanchas. Na noite de ontem, a Vera Cruz Transporte Marítimo, que presta o serviço junto com a empresa CL – dona da lancha acidentada –, já havia confirmado que iria retomar as atividades, na manhã de ontem. Em nota, informou que “por conta das manifestações ocorridas no terminal, a empresa decidiu suspender as atividades, preocupada com a integridade física da equipe de trabalho, até a situação ser normalizada”. 

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Um representante da Astramab, que pediu para não ser identificado, informou que iria aguardar as condições do dia para decidir se o terminal seria liberado. A assessoria da Agerba, por sua vez, informou ontem que não é responsável pela liberação da travessia e que o órgão apenas recebeu o aval da Marinha para liberá-lo. Já a Marinha disse que a Capitania dos Portos não interrompe ou autoriza a exploração comercial ou o funcionamento das travessias marítimas.