Vão ficar de cara nova: praças Castro Alves e Cayru serão requalificadas

Obras começam no ano que vem, logo após o Carnaval

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  • Carol Aquino

Publicado em 18 de novembro de 2017 às 02:00

- Atualizado há um ano

. por Reprodução

Projeto é transformar Castro Alves em calçadão cultural (Foto: Marina Silva/CORREIO) Duas das vistas mais bonitas de Salvador vão ficar ainda mais atraentes. As históricas praças Cayru e Castro Alves, que proporcionam vistas cinematográficas da Baía de Todos os Santos, serão requalificadas no início do ano que vem. As reformas trarão nova iluminação, bancos e área de contemplação, permitindo ao soteropolitano e ao turista apreciar com mais conforto toda a beleza  dos principais cartões-postais da capital.

As obras ficarão sob a responsabilidade da prefeitura e estão previstas para começar após o Carnaval 2018, como parte do programa Salvador 360. No caso da Praça Cayru, o projeto já foi concluído pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e está em análise pela Caixa Econômica Federal, já que a verba de R$ 7 milhões vem do Ministério do Turismo. As obras devem durar seis meses.

Já a Praça Castro Alves será requalificada junto com o projeto que contempla a Avenida Sete de Setembro, com custo total de R$ 19 milhões, fruto de um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O banco analisa a licitação e as obras devem durar um período de um ano.

Com a intervenção, a Praça Cayru será ampliada. O tradicional espaço no bairro do Comércio, onde fica o Mercado Modelo, se estenderá desde o Monumento à Cidade de Salvador, de Mário Cravo, até o Terminal Náutico da Bahia. Serão retirados o posto de gasolina e o açougue, próximos ao cais, e eliminada a via que margeia a praça. O trecho da Avenida Contorno entre o monumento e o terminal passará a ser de mão dupla. 

Já a área em frente à Praça Castro Alves se fortalecerá como um grande caldeirão cultural. Entre o Espaço Glauber Rocha e a Praça Castro Alves não haverá mais diferença de nível, com a implantação de piso compartilhado. Assim como acontece no Rio Vermelho, carros e pedestres conviverão no mesmo espaço. 

A pista voltará a ter o seu calçamento original, de paralelepípedos. Uma rampa no final da Avenida Sete será colocada para sinalizar a transição entre o asfalto e o novo pavimento. A tendência é que haja redução na velocidade máxima permitida e que a região se torne mais amigável aos pedestres, segundo informou o superintendente da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) Fabrizzio Muller. Estudos vão definir qual será a melhor velocidade para a via, que atualmente é de 60 km/h. 

Contemplação Segundo a presidente da FMLF, Tânia Scofield, resposnsável pelos projetos, a expansão na Praça Cayru, no Comércio, vai permitir um melhor aproveitamento daquela área por quem visita ou trabalha na região. “Vai ser uma praça de convívio, de contemplação e encontros, além da função atual, que é de passagem”, apontou. 

O piso da Cayru vai ser renovado, eliminando os buracos e desníveis, mas será mantida a cobertura de pedras portuguesas e inclusos elementos em concreto e granito. O projeto paisagístico manterá as árvores já existentes e o local receberá mobiliário urbano, como bancos e cadeiras. O monumento em homenagem ao Visconde de Cairu será recuperado e receberá iluminação cênica.

Também serão implantados seis quiosques de coco e acarajé na área. O espaço ainda vai ganhar uma barraca de Cordel na Praça, resgatando uma antiga tradição do local. 

A área conhecida como Rampa do Mercado, o cais e as escadarias também serão requalificados. A autoria do projeto é do professor Mário Mendonça, especialista em restauro. O cais é do século XVII e é composto de pedra de cantaria, própria da região de Santaluz, no sertão baiano. Já o as escadarias têm revestimento de pedras de Lioz, típicas de Lisboa (Portugal). Hoje, parte da área está pichada e há pedaços quebrados.  Calçadão em pedras portuguesas será requalificado, mantido e ampliado na Praça Cayru e no seu entorno (Foto: Marina Silva/CORREIO)  Movimento  A reforma da Praça Cayru deve pôr o Mercado Modelo em ainda mais evidência. A expectativa dos comerciantes é de que o fluxo no lugar aumente. “Se for revitalizar essa região do Comércio, a tendência é chamar a atenção do Mercado. E ele precisa de mais divulgação. Às vezes, os turistas chegam no porto e vão direto para os hotéis, sem passar por aqui”, diz o comerciante Samir Abdalla, há 22 anos no Mercado.

A maior queixa dos comerciantes tem relação com a segurança. “ Acontecem pequenos furtos na região, apesar do trabalho especial feito aqui pela 16ª CIPM”, disse o presidente da Associação de Comerciantes do Mercado Modelo (Ascomm), Nelson Tupiniquim.

O comerciante Francisco Filho revela que, para diminuir o problema, os permissionários do Mercado estão contratando segurança particular em dias de chegada de cruzeiros e nos feriados. 

A empresária  Ana Carolina Molina, 31 anos, turista de Campinas (SP) ficou encantada com o que viu e só se queixou do estado dos prédios do entorno do Mercado.“Achei tudo bem bonito. Infelizmente, a gente vê os prédios históricos assim, acabados”, comenta. Parte dos prédios é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Repercussão O anúncio da requalificação das praças animou o trade turístico, por concentrar alguns dos locais mais visitados de Salvador. “Tudo o que vier a ser somado como melhoria é bem vindo. A requalificação é interessante para os comerciantes do entorno e para os turistas, mas também para o morador da cidade, que vai passar a frequentar mais”, avalia Luiz Augusto Costa, presidente do Sindicato de Empresas de Turismo no Estado da Bahia (Sindetur).

Já o presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, aponta a melhoria dos equipamentos turísticos da cidade. “Essas requalificações têm melhorado o produto turístico Salvador e as pessoas estão passando a lembrar que somos um importante destino”, observa. 

O secretário de Turismo de Salvador, Cláudio Tinoco, aponta a importância do investimento para a cidade. “Aquela região é o principal patrimônio que a cidade possui de atrativos históricos e turismo. A região do Comércio, da Praça Cayru, vinha destoando em virtude da descaracterização de uma área que era o coração financeiro de Salvador. Com essas intervenções haverá uma nova dinâmica nesta área”, aponta. 

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Obras ocorrerão em praças tradicionais da capital Os projetos de requalificação contemplam duas das praças mais tradicionais de Salvador. A Cayru, construída a partir do final do século XIX, tem esse nome por conta de um famoso político baiano - José da Silva Lisboa, o próprio Visconde de Cairu -, dono de um casarão contíguo à praça. O imóvel, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), vai virar museu.

Além de ser um dos pontos mais famosos da cidade, a praça abriga alguns dos pontos turísticos mais visitados de Salvador, como o Mercado Modelo e o Elevador Lacerda. O Mercado, construção do início do século XX, abrigou a sede da alfândega, antes de virar centro de artesanato. O Elevador Lacerda, do final do século XIX, já teve outra cara e até nome - Parafuso.

E por falar em Cidade Alta, a Praça Castro Alves é outra das mais populares da capital baiana, além de ser um inquestionável ponto de referência para o Carnaval da cidade. Mas, embora se chame assim desde 1881, o nome só se popularizou em meados do século passado, justamente por conta de canções que fizeram sucesso no Carnaval.

Antes disso, a praça se chamava Largo do Teatro, uma referência ao Teatro São João, o primeiro de grande porte do Brasil, inaugurado em 1813 após a vinda da Corte portuguesa para o Brasil. A mudança de Largo do Teatro para Praça Castro Alves não foi por acaso: o teatro foi palco, segundo o pesquisador Luiz Eduardo Dorea, no livro Histórias de Salvador nos Nomes de Suas Ruas, da curta carreira do poeta baiano, que fez ali a primeira apresentação do drama ‘Gonzaga ou a Revolução de Minas’.

Museus estão previstos para março de 2020 Museu da Música - Vai funcionar onde hoje é a Casa dos Azulejos, com mais quatro imóveis contíguos. O imóvel já foi estabilizado e recebeu nova cobertura e telhado. O museu e seus anexos serão construídos e operados pela iniciativa privada. O empréstimo de R$ 75 milhões necessários para o projeto está em fase de análise pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). 

Museu da História da Cidade e o novo Arquivo Público Municipal Irão ocupar o atual Casarão de Portugal. A intervenção inclui uma obra de restauração do Casarão, construção de um prédio de dez andares e implantação  do acervo e equipamentos necessários. Projeto executivo e orçamento estão em análise pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), financiador da obra.