Dê atenção a  seus dados, eles podem ser roubados

Em oficina no Agenda Bahia, especialista diz que informações pessoais descartadas são usadas até para planejamento de sequestros

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  • Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Os dados são o novo petróleo, mas muita gente acaba jogando todo esse valor fora enquanto navega na internet. Ao fazer um cadastro em uma plataforma de maneira desatenta, o usuário descarta informações no lixo,  que pode ser vasculhado por empresas e criminosos de olho no preço dessas informações no mercado clandestino.  

Durante a oficina Seus Dados Foram para o Lixo - e Eles Ainda Valem Ouro!, do Fórum Agenda Bahia 2020, Fabro Steibel - que é diretor executivo do ITS Rio e afiliado ao Berkman Klein Center na Universidade de Harvard – alertou que, depois de coletadas, nossas informações podem ser usadas contra nós mesmos. Se, com esses dados pessoais, uma empresa souber que um candidato possui uma doença que pode encarecer o plano de saúde, ela pode desistir da contratação, por exemplo.

“Eu jogo meus dados no lixo ao autorizar todos os aplicativos a terem acesso a minha agenda de contatos e localização, por exemplo. Se eu não tomar cuidado, esses dados pessoais podem ser usados para fraude bancária, pesquisas e até para ter acesso a dados da minha família”, afirmou Steibel.

Na comparação com o mundo offline, jogar dados pessoais no lixo digital seria como descartar uma receita com informações de saúde na lixeira física. Em ambos os casos, as informações podem ser usadas por um criminoso para aplicar golpes.

A coleta de informações acontece em todas as interações realizadas na internet. Com isso, empresas criam um banco de dados cada vez mais completo dos usuários. Em caso de venda ou roubo do material, todas as pessoas que utilizam o serviço têm seus dados expostos. 

Um exemplo foi o que aconteceu com o Facebook, que vazou dados de 87 milhões de usuários da rede social para a empresa de marketing político Cambridge Analytica, que atuou na campanha eleitoral de Donald Trump, em 2016, manipulando informações para induzir o voto no candidato republicano. 

A advogada de direito digital Ana Paula de Moraes, cita que o caso enfatizou as suspeitas já existentes de que as informações coletadas pelas empresas poderiam ser usadas de forma indevida.  “Tais dados são muito valiosos economicamente porque eles definem tendências de consumo, políticas, religiosas, comportamentais, dentre outras, podendo servir para que empresas e políticos direcionem suas estratégias de acordo com essas informações”, explicou.

No Brasil, uma falha de segurança no sistema de notificações da covid-19 expôs durante seis meses os dados de, pelo menos, 243 milhões de indivíduos, incluindo mortos. O vazamento não se restringiu às informações de pacientes com coronavírus, mas atingiu todos os cidadãos brasileiros com cadastro no Sistema Único de Saúde (SUS) ou beneficiários de algum plano privado. 

As informações dos usuários podem ser usadas para diversos fins, desde o direcionamento de publicidade até fraudes bancárias. Algumas empresas usam táticas de captação de lead nas redes sociais sem informar o internauta. Já criminosos podem, com o acesso ao CPF, e-mail e endereço, perseguir uma pessoa para planejar um sequestro. 

O Fórum Agenda Bahia 2020 é uma realização do CORREIO, com patrocínio do Hapvida, parceria do Sebrae, apoio da Braskem, Claro, Sistema FIEB, SMARTIE, SINDIMIBA e  BATTRE,  apoio institucional da Rede Bahia e GFM 90,1.

Internauta pode vender suas informações pessoais legalmente

Internautas  podem vender seus dados pessoais legalmente. Eles podem escolher vender as informações que iriam para o lixo ao conceder os dados pessoais para ter acesso a formas de monetizar o material. Dentre possíveis formas de reciclar os dados, Steibel cita aplicativos para responder pesquisas e serviços que permitem fazer pequenos trabalhos para terceiros.

A venda dos dados deve ser ponderada para que as informações não vazem e o vendedor não seja surpreendido pelo uso indevido das informações. “Isso é um risco e um livre arbítrio. Ao conceder as informações, a pessoa arrisca ter os dados usados para fins que não foram os contratados”, explicou Ana Paula Moraes, especialista em  direito digital.

Essa venda pode acontecer de formas diversas dentro de um propósito e o usuário deve ler os termos e condições gerais  para a disponibilização dos dados, inclusive, com o formato da remuneração.

Dicas para uma navegação segura 

Não use a mesma senha em todos os sites. Uma boa senha usa  frases aleatórias e longas

Crie senhas   de, no mínimo, 8 dígitos, com letras maiúsculas, minúsculas, números e caracteres especiais. Um gerenciador de senha dificulta o acesso ilegal por sempre criar chaves aleatórias. Existem gerenciadores pagos e gratuitos, escolha um com muitos usuários

Atualize  o sistema operacional para evitar brechas de segurança da informação

Analise   se o site é confiável antes de enviar seus dados e fazer compras. No Procon é possível verificar se o domínio e a empresa já foram denunciados

Conheça   a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais para saber como suas informações são protegidas e se as empresas seguem a legislação

Ative  a Autenticação de Dois Fatores para adicionar mais uma camada de proteção nas contas. Com o sistema, você recebe um código para fazer o login 

Verifique  se o site possui um cadeado fechado e o termo HTTPS na barra de endereço antes de fornecer alguma informação pessoal

Se possível,  deixe as redes sociais no privado e filtre seus seguidores

Evite  baixar arquivos de e-mails de pessoas e de sites desconhecidos pois eles podem estar infectados com vírus

Não clique  em links desconhecidos e enviados por estranhos. Mantenha seu firewall (camada de proteção, alguns deles são nativos dos sistemas operacionais) ativo e pense antes de permitir acesso de um software à rede.

Não envie   suas senhas para pessoas que não são de confiança. Essas pessoas podem usá-las para golpes.  Alguns sites informam aos usuários se a senha foi vazada. 

Dicas de  Lívio Pôrto, Yuri Sodré e Lucas Teixeira, que ministraram a oficina Senai: Proteja Seus Dados na Internet, parte da programação do Fórum Agenda Bahia 2020.