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Dependência dos EUA expõe economia da Bahia a riscos no comércio exterior

Tarifaço afeta setores estratégicos e acelera busca por novos mercados para sustentar exportações

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 19 de agosto de 2025 às 05:00

Carlos Henrique Passos, presidente da Fieb Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Responsável por quase metade da pauta de exportações do Nordeste, com 47%, a Bahia precisa diversificar mais a sua pauta comercial para ficar menos exposta aos solavancos do mercado internacional. Para representantes do setor produtivo, esta é a principal lição que fica do tarifaço aplicado pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil.

Ao mesmo tempo em que o empresariado brasileiro segue uma agenda de negociação com o representantes do setor produtivo norte-americano, a busca por novos mercados surge como um caminho natural e uma escolha saudável, principalmente a médio e longo prazo. Como já repetiu inúmeras vezes Warren Buffet, um dos maiores investidores de todos os tempos: “não se deve colocar todos os ovos numa mesma cesta”.

Os caminhos e os desafios para a Bahia se desenvolver no comércio exterior estão entre os assuntos que serão abordados no fórum Agenda Bahia, que acontece nesta quarta-feira (dia 20), na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). O espaço que há 16 anos discute os caminhos para o desenvolvimento do estado vai trabalhar três eixos principais: Potencial Produtivo dos Territórios: Conectando a Bahia ao seu Futuro; O Futuro do Trabalho: Competências, Tecnologia e Pessoas na Nova Economia; e Negócios em Movimento: Como as Empresas podem Construir o Futuro da Bahia – Caminhos e desafios.

O empresário Carlos Henrique Passos, presidente da Fieb, diz que a exclusão do setor de celulose da lista de produtos que foram tarifados em 50% pelo governo dos Estados Unidos foi muito importante para a economia baiana. “Só este produto representava quase 30% de tudo o que a Bahia exportava para os EUA, mas ainda ficamos com dois terços dos produtos com uma tarifa elevada, parte com 25% e parte com 50%, na verdade nos coloca numa situação de embargo comercial”, avalia. “Não tem como viabilizar a continuidade dos negócios porque para quem produz é impossível reduzir preços de venda nesta magnitude”, acredita.

“Aos poucos estamos tomando conhecimento de pedidos cancelados e de empresas que estão indo em busca de outras oportunidades de mercado para substituir a venda para os Estados Unidos”, diz.

Segundo Carlos Henrique, representantes dos segmentos mais impactados na Bahia vão participar de uma missão empresarial nos EUA, nos dias 3 e 4 de setembro, numa tentativa de conseguir anular ou pelo menos reduzir a taxação. O líder da empreitada será o também empresário baiano Ricardo Alban, que preside a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Entre os mais afetados, já estão confirmados representantes do setor de pneus, derivados de cacau, setor químico e vendas de água de coco. “A outra expectativa, que é muito mais estrutural, está na busca de novos mercados, sejam locais ou mesmo em outros países”, completa.

O presidente da Fieb falou também sobre o momento da indústria química e petroquímica na Bahia, que já estava impactada pela entrada de produtos estrangeiros e agora enfrenta o tarifaço. “A Fieb participa de vários debates e encaminhamentos a favor da indústria química e petroquímica, que é muito importante para a nossa estrutura econômica, com participação relevante em nosso PIB, e que vem enfrentando desafios de competitividade muito intensos”, ressaltou Carlos Henrique Passos.

Segundo ele, a Fieb apoiou no passado e tem dado suporte nas discussões sobre regimes para o fomento da atividade, além da defesa do parque industrial nacional, através de medidas tributárias e tarifas antidumping. “Temos este posicionamento por entendermos a importância desta indústria para a Bahia.

Além disso, frisou o presidente da Fieb, a entidade tem atuado junto às empresas na busca por soluções estruturais. “Há um consenso de que a química verde é o caminho”, destacou, citando como exemplo a Braskem que caminha para a transformação de um dos seus crackers para o uso de matérias-primas renováveis. “Esta é uma solução estrutural importante”, acredita.

Jorge Khoury, superintendente do Sebrae Bahia Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Para o superintendente do Sebrae Bahia, Jorge Khoury, embora não existam dados voltados especificamente para as micro e pequenas empresas, as medidas impostas pelo governo americano devem afetar o conjunto da economia brasileira. Isso porque, ainda que muitos empreendedores de menor porte não exportem a sua produção, ou serviços, é muito comum que grandes empresas terceirizem, ou até quarteirizem atividades com empresas menores.

“Em primeiro lugar, há muitas micro e pequenas empresas voltadas para as exportações. Além disso, muitas grandes empresas são assessoradas por micro e pequenas. Se a grande tiver um problema, vai se refletir nas menores”, avisa. “A gente não pode esquecer que dentro de uma grande empresa atuam diversas empresas menores, que são responsáveis tanto por apoiar etapas do processo de produção, quanto em serviços, como segurança, transporte e alimentação. Isso mexe com todo mundo”, aponta.

Escritório regional

O presidente da CNI, Ricardo Alban, acredita que o Brasil precisa buscar qualquer alternativa que for viável para superar os impactos negativos do tarifaço. “Nós acreditamos que devemos ir onde for possível com Mercosul. Onde não pudermos chegar como bloco econômico, é preciso que busquemos acordos bilaterais”, apontou durante a cerimônia de inauguração de um escritório da Apex Brasil na Bahia, nesta segunda-feira, no auditório da Fieb. Alban defende ainda a necessidade de o Brasil buscar acordos para evitar a chamada bitributação, através de tratados entre dois países para evitar que uma mesma renda, lucro ou ganho de capital seja tributado duas vezes.

O presidente da Apex Brasil, Jorge Viana, disse que a abertura do escritório vai aproximar cada vez mais as empresas baianas do mercado externo. Ele explicou que a agência de fomento às exportações trabalha com ações comerciais, participação em grandes feiras, missões diplomáticas, além de orientar empresas no processo de internacionalização.

Em relação ao tarifaço, Viana também aposta na diversificação da pauta comercial. “Diversificar mercado é o que nós já faziamos antes e vamos intensificar neste momento”, diz. Segundo ele, os produtos taxados pelo governo do norte-americano Donald Trump representam um mercado de US$ 18 bilhões para o Brasil. “Nós já identificamos em outros países um mercado de US$ 170 bilhões para estes mesmos produtos. Vamos trabalhar para incluir eles em outros mercados”, aponta.

Segundo ele, as prioridades da Apex estão voltadas para os produtos que possuem maior dependência do mercado norte-americano, como é o caso da água de coco, em que 80% do total exportado vai para os EUA. Ou o mel, em que a dependência é de quase 60%. “Além dos R$ 30 bilhões em crédito anunciados pelo governo federal, temos R$ 240 milhões só para a abertura de novos mercados”, afirmou.

O Agenda Bahia é uma realização do jornal Correio com patrocínio da Acelen, Sebrae, Tronox e Unipar, apoio institucional da FIEB e da Prefeitura Municipal de Salvador, apoio do Salvador Bahia Airport e Veracel, e parceria da Braskem.