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Donaldson Gomes
Publicado em 14 de agosto de 2024 às 05:00
Bons salários e um bom pacote de benefícios, além de um ambiente de trabalho saudável são um bom começo para os trabalhadores da Geração Z. Mas a realidade é que a turma que já cresceu em um mundo digital espera mais do ambiente de trabalho e os empregos tradicionais podem não ser suficientes para atender a todas as expectativas. Em ritmo mais acelerado, a turma com menos de 28 anos traz desafios de adaptação para o mercado de trabalho. >
“São ansiosos”, diz Afonso Almeida, psicólogo e gerente de carreiras do Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Têm pressa para colocar em prática o conhecimento adquirido, querem ganhos imediatos e buscam mais tempo livre. “Os jovens da Geração Z são muito influenciados por conteúdos e modos de vida disseminados nas redes sociais”, explica. E não é preciso ser especialista para saber que por lá só se postam os ganhos acima da média e as conquistas espetaculares. >
Por outro lado, complementa Almeida, possuem talentos espetaculares e dominam o mundo digital, o que significa que nenhuma empresa que busca o sucesso pode se dar ao luxo de abrir mão dos bons profissionais da nova geração. “Essa dinâmica tem pressionado as empresas a inovarem em seus processos, direcionando os jovens para atividades mais desafiadoras, com perspectivas de futuro bem definidas e prazos mais claros”, relata Afonso.>
“Hoje, entre os fatores mais valorizados pelos jovens profissionais, estão a autonomia, relação mais horizontal com os líderes, aprendizado contínuo, flexibilidade para trabalhar online, além de conexão com seu propósito de vida”, explica. Segundo ele, há pouca tolerância com processos longos de amadurecimento profissional. “Nos últimos anos, observamos um aumento no número de desistências em processos seletivos e até mesmo em vagas já conquistadas”, aponta. >
Do mesmo modo que jovens podem decolar ao ter sua atuação reconhecida no mercado de trabalho, as empresas que se dispõem a dar espaço para o estagiário mostrar seu talento e colaborar diretamente em seus processos internos e atividades estratégicas, vêm colhendo frutos dessa parceria. >
Com 55 anos de experiência, o IEL acompanhou muitas mudanças de cenário no mercado de trabalho, avalia Afonso Almeida. “Nos últimos anos, a partir do avanço tecnológico e avanços nas visões sobre o trabalho, verificamos mudanças significativas nas expectativas dos mais jovens em relação ao mercado. Existe um grande desafio de adequação e a adaptação ao cenário que é apresentado pelas empresas”, analisa. >
“Este público busca oportunidades de aplicação rápida do conhecimento e retorno mais imediato, porque eles estão expostos aos estímulos contínuos que os influencers trazem sobre os seus retornos. Há uma frustração porque nem toda empresa opera neste mesmo ritmo”, pondera. >
Quem tem a possibilidade de adaptação vem revendo processos para abrir espaços a perfis mais diversos, diz. “Está todo mundo pensando sobre isso e tentando se adaptar, inclusive com a oferta de novos formatos de trabalho, permitindo que as pessoas imprimam a energia num curto espaço de tempo, com processos mais dinâmicos para reter os talentos”, conta. >
A estudante de Direito Larissa Bocaiuva, 20 anos, conta que o estágio foi a oportunidade perfeita para ela entender quais são os caminhos profissionais que pretende seguir. Além disso, comparando as experiências que vivenciou em duas empresas com perfis bastante distintos conseguiu entender o tipo de lugar em que deseja estar, e onde não pretende trabalhar. “Eu acho que não pode faltar nunca, por mais que seja difícil, é a empatia. É algo que a gente precisa abordar muito no ambiente de trabalho”, acredita. >
Reconhecimento>
Como uma estratégia para dar visibilidade às boas práticas e estimular outras empresas a seguirem o mesmo caminho, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) criou o Prêmio IEL de Talentos, que realiza a 21ª edição no dia 21 de agosto. A premiação reconhece a qualidade dos programas de estágio, de aprendizagem e bolsas de inovação, contribuindo para a conexão entre estudantes, instituições de ensino, bolsistas, empresas e o mercado de trabalho, promovendo o desenvolvimento de carreiras.>
Concorrem este ano 47 finalistas nas categorias da premiação: Empresa Inovadora, Estágio Inovador, Educação Inovadora, Inova Talentos e Aprendizagem, que celebra a qualidade dos programas de aprendizagem a partir do cumprimento da Lei 10.097/2000 (Lei do Aprendiz). Os vencedores nas categorias Estágio e Inova Talentos vão disputar a etapa nacional, que acontece em Fortaleza, em novembro. Na edição deste ano, o prêmio teve 81 inscritos em todas as categorias.>
De acordo com Edneide Lima, superintendente do IEL Bahia, o objetivo da premiação é promover um ambiente de incentivo às empresas para a inovação e boas práticas de estágio. “Ao contratar um estagiário, um jovem aprendiz ou um bolsista, a empresa tem a oportunidade de oxigenar seus processos e práticas com novas ideias, compartilhando boas práticas com este estudante ou profissional. O prêmio é um reconhecimento das iniciativas que, às vezes, parecem pequenas, mas promovem mudanças positivas e significativas nas empresas”, ressalta ela.>
Com atuação nacional nas áreas de tecnologia e telecomunicações, a empresa Kofre Tecnologia, que ganhou três premiações na etapa estadual do Prêmio IEL de Talentos, entre 2021 e 2023, na categoria empresa inovadora médio porte, é novamente finalista do prêmio em 2024. Segundo a gestora de pessoas da empresa, Karina Freitas, o programa de estágio da Kofre reforça a importância e o papel da empresa na contribuição e formação de jovens talentos para o mercado de trabalho.>
"Estagiar é desbravar, transformar, agregar através das novas perspectivas e visão de mundo de quem começa uma jornada profissional de sonhos, vontade de realizar e fazer a diferença no mundo. Então, alinhar a cultura e valorizar de forma participativa e colaborativa o ambiente para favorecimento deste crescimento faz com que todos ganhem. Temos o Programa de Estágio como grande diferencial na para a empresa e o estagiário", afirma.>
Este ano, a instituição concorre com a implantação do projeto Serial Manager, um software inovador desenvolvido com o objetivo de automatizar e simplificar o processo de configuração de serviço em nuvem de crachás inteligentes. De acordo com a gestora, a inovação permitiu a diminuição considerável na complexidade do processo de configuração dos crachás, resultando em um fluxo de trabalho mais racionalizado e eficiente, reduzindo a probabilidade de erros e aumentando a precisão das operações.>
O projeto foi implantado com a participação do estagiário João Lucas Abbude de Santana, 21 anos, estudante do curso de Engenharia da Computação, que atua na empresa desde março de 2023, no setor de pesquisa e desenvolvimento. Finalista do Prêmio IEL de Talentos 2024 na Categoria Estágio, o jovem talento diz que o estágio foi uma importante troca de experiência em sua vida.>
“É uma imensa oportunidade de aprendizado. Tive o prazer de trabalhar e compartilhar o dia-a-dia com especialistas da minha área, que estavam sempre a disposição para ensinar, tirar dúvidas, e principalmente me auxiliar no desenvolvimento de habilidades as quais me possibilitaram encontrar essas respostas por mim mesmo”, afirma João Lucas.>
Vencedor do Prêmio IEL de Talentos na Categoria Estágio, em 2023, Guilherme Nunes Leal, 23, colheu os frutos da sua experiência profissional na empresa Atitude Postural, sendo contratado logo após a premiação. A empresa, que atua no ramo da fisioterapia no município de Guanambi, possui um projeto de implementação dos Indicadores de Qualidade que são avaliados e certificados pela Federação Nacional de Associações e Empresas de Fisioterapia (Fenafisio) graças à co-idealização de Guilherme. >
Para ele, a premiação é um grande incentivo para quem quer ser inserido no mercado de trabalho.“ O prêmio é sensacional pois dá visibilidade e reconhecimento para os estagiários que mais se dedicaram e buscaram fazer a diferença de alguma forma. Também é ótimo para mostrar a outras empresas como é valioso ter estagiários em sua grade de colaboradores. O ‘sangue novo’ muitas vezes é o que pode trazer grandes transformações para a empresa”, defende.>
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