Especialistas defendem uso do ChatGPT e outras IAs no mercado de trabalho

Impacto de novas tecnologias já é realidade no universo do empreendedorismo

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  • Raquel Brito

Publicado em 12 de agosto de 2023 às 05:10

 Painel do Agenda Bahia teve como tema “o impacto das tecnologias emergentes para o mundo e para os negócios”
Painel do Agenda Bahia teve como tema “o impacto das tecnologias emergentes para o mundo e para os negócios” Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

Inteligência artificial, realidade aumentada, metaverso: se, antes, esses termos pareciam distantes e exclusivos de filmes de ficção científica, hoje essas palavras têm se tornado cada vez mais comuns no mercado de trabalho e, por extensão, no dia a dia das pessoas. No Agenda Bahia não foi diferente. Em resposta à pergunta “quem aqui já usou o Chat GPT?”, a maior parte do público ergueu a mão para confirmar que já estiveram nesse ambiente virtual que parece ter resposta para tudo. Mas, afinal, como essa tecnologia pode ser aproveitada no universo do empreendedorismo?

Foi para ajudar a responder esse questionamento que a quinta mesa da tarde do Agenda Bahia trouxe o tema “O impacto das tecnologias emergentes para o mundo e para os negócios”. O debate reuniu os empresários Alex Winetzki, CEO da companhia de inteligência artificial Woopi Stefanini; Rodrigo Murta, CEO da empresa de software Looqbox; e Leonardo Moraes, sócio na empresa de consultoria em cibersegurança Deloitte. O painel foi mediado por Verivaldo Lobo, CEO da Cubos Tecnologia.

Durante a conversa, os especialistas destacaram a possibilidade de usar as novas tecnologias positivamente no mercado de trabalho, a exemplo de inteligências artificiais generativas como o famigerado ChatGPT. Winetzki afirmou que é comum que haja substituições no mercado com a ascensão das IAs, mas em empregos de base e que poderiam oferecer riscos aos humanos.

“Essas ferramentas vão liberar tempo para nós, de outras tarefas que são menos valiosas e menos interessantes do ponto de vista das nossas capacidades. Talvez esses robôs consigam fazer [as tarefas básicas] e, então, nós podemos liberar os seres humanos para fazerem outras coisas muito mais nobres”, comentou o CEO da Woopi Stefanini.

Para Rodrigo Murta, educação e saúde são os principais exemplos de impactos sociais positivos da inteligência artificial. “É possível dar um diagnóstico médico com muito mais precisão [com esse tipo de tecnologia]. E, no campo da educação, a inteligência artificial pode ser o meio de massificar aquilo que não era possível fazer até então. Nós podemos dar uma educação personalizada para cada pessoa”, afirmou.

Tecnologias emergentes

Apesar de não serem uma novidade, as IAs ganharam destaque com o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022. Um dos primeiros no ramo de IAs generativas, o site alcançou cerca de 100 milhões de usuários em pouco menos de dois meses.

Hoje, os resultados do que é produzido nessas ferramentas são facilmente encontrados – e cada vez mais dificilmente identificados – nas redes sociais: desde montagens visuais, como o Papa vestindo uma jaqueta puffer, até edições falsas de áudio, como o deepfake da cantora estadunidense Ariana Grande cantando músicas da banda cearense Mastruz com Leite. As edições podem ser inocentes, como a da estrela pop, mas também podem ser destrutivas, gerando, por exemplo, fake news muito mais fáceis de cair e ser enganado.

De acordo com Alex Winetzki, com a evolução constante da IA, não é possível ainda dizer até onde elas podem ir. “Se você tivesse me perguntado um ano atrás se nós chegaríamos a essa tecnologia atual, eu diria que eu não atingiria [esse nível] até o fim da minha carreira. Eu estava completamente errado”, admitiu.

No debate, os empresários enfatizaram a necessidade de utilizar as tecnologias emergentes sempre com criticidade, de forma a distinguir os conteúdos verdadeiros e os falsos entre os que são produzidos (as chamadas “alucinações” das inteligências artificiais).

“Essas tecnologias são um habilitador. Precisamos entender o propósito delas e, ao entender, utilizá-las da melhor forma para buscar esses benefícios, mas sempre fazendo um grande questionamento. É preciso estar consciente do seu uso e dos reflexos”, alertou Murta.

Na primeira semana de maio, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), apresentou o projeto de lei 2.338/2023, que instituiu o marco legal da inteligência artificial. O foco do projeto é a proteção de direitos fundamentais e a garantia de sistemas seguros e confiáveis. Com a aprovação, o Brasil se tornaria o primeiro país com uma regulação no tema.

*Com supervisão de João Galdea.

*O Agenda Bahia 2023 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, FIEB, Sebrae e Rede Bahia, apoio da Wilson Sons, Salvador Bahia Airport, Suzano, Sotero, Solví, Salvador Shopping Online, Deloitte e 4events e parceria da Braskem, Rede+ e Latitude 13 Cafés.