'Gente competente é fundamental em um clube de futebol', diz Marcelo Paz

Presidente do Fortaleza apontou a boa gestão como o futuro do esporte e comentou sobre as novas tendências dessa paixão nacional

  • Foto do(a) author(a) Giuliana Mancini
  • Giuliana Mancini

Publicado em 12 de agosto de 2023 às 05:00

Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, durante talk no Agenda Bahia
Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, durante talk no Agenda Bahia Crédito: Paula Fróes/CORREIO

O futebol é uma paixão nacional. E sempre será assim, algo movido pelo amor do torcedor. Mas, há anos, deixou de ser visto apenas como mero esporte, e passou a ser algo maior: uma atividade econômica. Saem os diretores políticos e entram os businessman, que pensam o negócio dessa forma: como negócio.

Ao menos, esse é o modelo que vem prosperando mundialmente. No Brasil, um dos cases de sucesso mais comentados é o Fortaleza. O time passou oito anos afundado na Série C. Até que veio a ascensão. Em cinco anos, saiu da Terceira Divisão, em 2017, e alcançou a inédita vaga nas oitavas de final da Copa Libertadores da América, no ano passado.

Ao longo desse tempo, o Leão do Pici vem sendo presidido por Marcelo Paz. Durante talk no Agenda Bahia, o dirigente explicou como uma boa gestão está atrelada diretamente ao futuro do futebol.

“Assumi como presidente em 2017 e o que tinha para fazer era gestão. Juntei a diretoria e falei: vamos ter criatividade para fazer algo inovador. O primeiro passo era a profissionalização. Parece fácil, mas não se pratica. A maioria dos dirigentes não são remunerados. Mas quis mudar isso e montar uma equipe de gente competente. É fundamental. Fazer escolhas técnicas, e não políticas”, disse.

Outro ponto fundamental apontado pelo presidente do Fortaleza foi o planejamento estratégico: definir metas e objetivos para a temporada. “É preciso também acompanhar. O que não é medido não é gerenciado. A bola não entra por acaso, há uma série de ações consecutivas para que dê certo”.

Marcelo Paz falou sobre o caso do Fortaleza
Marcelo Paz falou sobre o caso do Fortaleza Crédito: Paula Fróes/CORREIO

Com Marcelo Paz, o Fortaleza foi campeão da Série B em 2018, pentacampeão estadual entre 2019 e 2023 e bicampeão da Copa do Nordeste (2019 e 2022). Na atual temporada, está nas quartas da Sul-Americana e enfrentará o América Mineiro.

Não à toa, o mandatário tricolor é reconhecido como um dos grandes responsáveis por recolocar o Leão entre os 20 melhores times do futebol brasileiro. Outros ‘segredos do sucesso’ apontados por ele envolvem o equilíbrio financeiro - “o camisa 10 do Fortaleza é o salário em dia”; a geração de receitas, incluindo mais lojas, torcedores nos estádios, patrocinadores e até licenciamento da marca; e engajamento nas redes sociais.

Próximas tendências?

O que vem no futuro do futebol? Como atrair ainda mais o torcedor? Para Marcelo Paz, há uma tendência importante vindo aí: transformar o jogo em uma espécie de entretenimento.

“A experiência do jogo no estádio deve ser cada vez melhor, para que o torcedor leve família, crianças. Que seja um espaço de experiências, além do futebol. Hoje, no Fortaleza, a gente tem, por exemplo, bandas de música, espaços de lazer, lojas, ativações com patrocinadores. Outras experiências, para que o torcedor fique mais tempo no estádio”, apontou.

O gestor do Fortaleza também vê a própria transmissão do jogo como algo que pode ser ainda mais rentável. “Hoje, você vê o futebol na TV, no celular, comenta sobre o jogo no WhatsApp. É uma experiência que pode ser mais interativa. Com gráficos dos jogadores, compra de camisas. Dá para colocar um QR Code que leve o torcedor à loja virtual do clube, onde ele pode comprar a camisa do jogador que fez o gol. Claro que tudo precisa de investimento, de tecnologia. Mas é uma oportunidade de negócio no momento da emoção. Na hora que seu time marca um gol, a emoção toma conta. Independente de como foi esse gol. Tem que ser inteligente, criativo e assertivo”, disse.

Marcelo Paz também falou sobre a famosa ESG, sigla em inglês para “ambiental, social e governança”. E trouxe para o contexto da dupla Bahia e Vitória. “É uma prática no mundo inteiro, e tema do momento na questão empresarial. Diria que algumas coisas já são feitas pelos clubes. Os dois já têm uma parte social forte”, avaliou.

Para o presidente, esse é um dos pontos fundamentais na indústria do futebol. “Ganhar, classificar, claro que é legal. Mas pensar no social é futuro. O clube tem um peso social muito grande. Já trabalhamos sobre cyberbullying, suicídio, racismo, agressão à mulher. É importante falar sobre isso”.

Sobre a questão ambiental, o dirigente sugeriu ao Bahia e Vitória investir na compensação de carbono. “Quanto é gerado em um jogo de futebol com 40 mil pessoas? Será que os clubes não podem fazer um trabalho de investir na compensação de carbono? Quantas árvores devem ser plantadas para ‘pagar’ aquele carbono que foi consumido? Na área ambiental, todas as ações e falas [devem acontecer] para que o clube possa para incentivar seu torcedor”.

Já sobre a gestão, Marcelo pede que seja ‘responsável’. “Deve ser equilibrada, que honre compromissos, entregando o que promete ao torcedor. É uma relação difícil, o torcedor é insaciável e cobra demais do clube, mas também dá muito, né?! Dá o apoio, o consumo, compra a camisa, faz plano de sócio, viaja para ver a equipe. Uma gestão responsável incentiva que as pessoas também sejam responsáveis na sua vida”, finalizou.

O Agenda Bahia 2023 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, FIEB, Sebrae e Rede Bahia, apoio da Wilson Sons, Salvador Bahia Airport, Suzano, Sotero, Solví, Salvador Shopping Online, Deloitte e 4events e parceria da Braskem, Rede+ e Latitude 13 Cafés.