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Fernanda Santana
Publicado em 8 de julho de 2018 às 05:58
- Atualizado há 2 anos
Pelo menos 35 milhões de pessoas não tem acesso a água potável no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na diretoria de Sustentabilidade da Ambev, Carla Crippa descobriu esse dado com espanto. Com sua equipe, decidiu confrontar o problema. E assim foi criada, em 2017, a Água AMA: iniciativa que tem 100% do lucro revertido para projetos de combate à seca no semiárido brasileiro. A cada garrafa de água mineral da marca que é vendida, o lucro é completamente destinado a garantir água para todos. >
A Água Ama é um exemplo de negócio social diferente. Ao invés de ser criado por pequenos empreendedores individuais ou startups, foi iniciado pela maior companhia de capital aberto do Brasil.>
As ações da Ama são pensadas de acordo com a realidade de cada lugar. Algumas comunidades precisam da perfuração de um poço, enquanto outras sofrem com a gestão hídrica incorreta, por exemplo. Até agora, já foram 7,5 mil beneficiados. Também são pensadas ações de patrocínio a projetos que possibilitam a preservação de bacias hidrográficas e o consumo sustentável. >
Embora tenha nascido de uma iniciativa da Ambev, a Água Ama funciona de forma independente e tem auditoria própria e separada dos processos da empresa-mãe. “É preciso separar para que a gente saiba o que realmente é a Ama e qual o seu impacto”, explica Carla Grippa.>
Em dezembro de 2017, a iniciativa da estudante de Biotecnologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Anna Luíza Bezerra foi mapeada pela Ama para receber financiamento. A empresa lançou, junto à Yunus Negócios Sociais, um programa de aceleração para iniciativas que pensam o acesso à água no semiárido brasileiro. Esse projeto, inclusive, será apresentado por Rogério Oliveira durante o seminário Sustentabilidade do Agora, evento do Fórum Agenda Bahia 2018, que acontecerá em Salvador, em 8 de agosto.>
Meio Acadêmico >
Enquanto grandes empresas miram com cada vez mais interesse o nicho dos negócios sociais, no universo acadêmico ainda são raras as iniciativas para incentivar esses empreendimentos. Na capital baiana há apenas uma: o Laboratório de Empreendedorismo Social da Universidade Salvador (Unifacs).>
Administrado por professores e alunos de cursos como Administração e Ciência Contábeis, o laboratório funciona junto ao Centro de Empreendedorismo da universidade e foi criado há 10 anos para acelerar ideias de negócios sociais. O contato com a unidade pode ser feito no telefone (71) 3021-2800.>
Por um período de seis meses, os empreendedores são incubados e recebem o amparo necessário. No banco de dados da unidade, são mais de 100 projetos cadastrados. “As pessoas querem cada vez mais se ver nesses negócios. É uma consciência de que se pode fazer algo por trás do negócio. As histórias dos projetos têm ligações com histórias de vida, não é apenas sobre o mercado”, explica o coordenador do laboratório, Paulo Henrique Oliveira.>
*Com supervisão da editora Andreia Santana >