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Donaldson Gomes
Publicado em 16 de agosto de 2024 às 05:00
Em um mercado marcado pela concorrência por preço baixo, em que, muitas vezes, a qualidade do produto acaba sendo esquecida, ou ocupando um papel secundário, a Petrobahia escolheu um caminho diferente para atuação. A distribuidora de combustíveis baiana destaca em sua política de atuação a ética, o que não deveria ser diferencial de mercado para ninguém, em nenhum segmento, aponta o CEO da companhia, Thiago Andrade, mas no comércio de combustíveis, muitas vezes é. Segundo ele, que será um dos palestrantes do Agenda Bahia deste ano, para atender o desafio de colocar no mercado um produto acessível, mas de qualidade, a Petrobahia tem investido bastante em tecnologia, para ter um controle de custos cara vez mais eficiente, e em inovação no atendimento das demandas dos clientes. >
Em um mercado marcado pela concorrência por preço baixo, em que, muitas vezes, a qualidade do produto acaba sendo esquecida, ou ocupando um papel secundário, a Petrobahia escolheu um caminho diferente para atuação. A distribuidora de combustíveis baiana destaca em sua política de atuação a ética, o que não deveria ser diferencial de mercado para ninguém, em nenhum segmento, aponta o CEO da companhia, Thiago Andrade, mas no comércio de combustíveis, muitas vezes é. Segundo ele, que será um dos palestrantes do Agenda Bahia deste ano, para atender o desafio de colocar no mercado um produto acessível, mas de qualidade, a Petrobahia tem investido bastante em tecnologia, para ter um controle de custos cara vez mais eficiente, e em inovação no atendimento das demandas dos clientes.>
Quem é>
Thiago Andrade é graduado e especialista em Administração de Empresas e Gestão de Negócios, mas sua carreira começou cedo, aos 12 anos, como frentista mirim nos negócios da família. Possui também cursos de extensão e MBA pelas Universidades de Harvard e Vanderbilt, nos Estados Unidos. Atualmente, além de presidir a Petrobahia e atuar como diretor comercial da empresa, é conselheiro superior do Agronegócio na Fiesp e membro da Comunidade Global de Líderes YPO. Sua trajetória é marcada pela busca de soluções inovadoras, especialmente na indústria de energia e biotecnologia.>
A que você atribui o bom desempenho da Petrobahia nos últimos anos?>
Eu atribuiria a três aspectos. O primeiro é uma capacidade de adaptação muito grande. A gente vivenciou um processo acentuado de transformação geopolítica com a pandemia e os grandes conflitos, com enormes impactos no mercado energético em relação a produtos como o gás natural e até mesmo a gasolina e diesel. Isso tudo impactou o mercado nacional e exigiu de empresas como a nossa um grande foco em adaptação. Além disso, tem um outro aspecto que é o de pessoas e processos. Temos muita clareza de que o nosso negócio está num segmento de margens muito baixas, em que a diferenciação por preço acaba parecendo um caminho natural. O que a gente procura fazer sempre é cuidar para nos afastarmos disso, queremos que o cliente enxergue valor no que a gente faz. O terceiro elemento é justamente o foco em eficiência, o que está atrelado a fazer mais por menos, a fazer mais por menos e usar novas tecnologias, como inteligência artificial e machining learning. Eu consigo fazer cada vez mais com menos. A gente tem investido muito em infraestrutura, tanto o que diz respeito ao nosso próprio segmento quanto em uma atuação complementar, como investimentos em gás natural, e recentemente decidimos entrar no negócio do etanol de milho. Temos uma participação pequena, de 10%, mas estamos falando de um negócio de R$ 1 bilhão para desenvolver uma planta de produção no Oeste da Bahia. Será a primeira planta de etanol de milho na Bahia e está dentro da agenda de transição energética. O mundo está mudando e precisamos nos adaptar. >
Como vocês trabalham essa questão do valor em um mercado que, como você mesmo disse, se diferencia normalmente pelo preço?>
O grande diferencial hoje da Petrobahia é o nosso atendimento e a qualidade, que deveria ser algo básico. O problema é que o mercado hoje tem tanto produto adulterado, tanta sonegação, que acabamos tendo a qualidade como um diferencial. Meu pai costuma dizer que a gente optou por seguir o caminho da ética e da moralidade porque o outro lado já é bastante concorrido. Hoje, quando vamos vender nossos produtos, temos este diferencial. Tem municípios no Piauí, mais de uma dezena deles, em que 100% dos postos destes municípios compram conosco. São lugares com 10 a 15 estabelecimentos em cada e todos só compram com a gente. Isso mostra a percepção de qualidade que os clientes têm em relação à gente. Isso nos coloca em destaque mesmo contra competidores muito fortes. Não estou dizendo que os concorrentes sonegam ou adulteram produtos, mas que às vezes alguns operam no limite da regularidade. O diferencial ético da gente é um ponto importante, além disso tem a qualidade e o nosso atendimento. Mas tem também um esforço de diversificação para atender as necessidades dos nossos clientes. >
Você consegue me citar um exemplo disso? >
Sim, os nossos clientes do agronegócio enfrentam um desafio por conta da presença de biodiesel dentro diesel, que cria uma borra pela oxigenação de uma matéria-prima orgânica. Isso trava o maquinário e aumenta o custo de produção na ponta. O que fizemos? Desenvolvemos um produto que não deixa borra, que é um produto aditivado nosso. A gente também desenvolveu nosso próprio etanol aditivado para atender a demanda de clientes. Temos um trabalho muito forte no atendimento destas demandas com inovação, para nos distanciar da disputa através de preços. >
Pensando em transição energética, como vocês enxergam o futuro do mercado de combustíveis?>
A gente pensa mais numa agenda de integração energética. O mundo estava discutindo de maneira muito intensa um processo de transição feito quase que a fórceps na Europa, estabelecendo datas limites, aí vem as dificuldades de acesso ao gás natural e o que se vê hoje é o abastecimento de carros elétricos com eletricidade a base de carvão queimado. A preocupação se tornou muito mais com a segurança energética do que com a energia limpa. Em minha visão, enquanto não for economicamente viável, enquanto o custo da solução limpa, seja de biocombustível ou gás, não for estruturalmente mais em conta, ou pelo menos num custo igual, a adesão vai ser lenta. Este é um aspecto que precisa ser analisado. Por outro lado, há uma série de ações mandatórias no mundo, como é o caso da aviação, em que há necessidade de misturar o SAF, o combustível de aviação sustentável. É um produto que pode ser utilizado nos aviões sem a necessidade de uma adaptação nos motores. Em minha opinião, teremos um processo de integração, que depende muito de um aspecto econômico para se consolidar. >
Como você enxerga o cenário a médio e longo prazo?>
O Brasil tem uma posição muito interessante em função do etanol, dos biocombustíveis e da eletromobilidade alimentada por fontes renováveis. Nós estamos estudando alguns caminhos, discutimos, por exemplo, com a BYD e outros players a possibilidade de termos também a recarga de carros elétricos. É algo que terá um nicho específico dentro dos grandes centros, mas também no interior. >
Vocês imaginam colocar pontos de abastecimentos nos postos de combustíveis?>
Sem dúvida vai acontecer. Tem um crescimento acelerado das frotas elétricas em pequenos municípios e vejo que os poucos postos que já possuem estações de recargas estão cheios, inclusive com veículos na fila. A estrutura elétrica de muitos municípios pequenos não comporta o abastecimento, então os postos podem se tornar espaços importantes. Não sei se todos os postos terão condições de ter, mas acredito que é um caminho importante como estratégia complementar. Nós pensamos muito em gás, eletricidade a base de energia solar e etanol. >
Quais os objetivos de vocês com o projeto de etanol?>
Nós queremos nos tornar o player mais relevante de distribuição de combustível no Brasil. Hoje já somos uma das oito mais importantes distribuidoras, vamos faturar em torno de R$ 10 bilhões e entendemos que sermos sócios de um projeto com a relevância deste é fundamental para a Petrobahia. Tem aí o aspecto da diversificação de receitas. Dividir os ovos em várias cestas dirime riscos. E eu queria lembrar também que a Bahia só produz 20% do etanol que consome. Com este projeto nós iremos atender boa parte do mercado local. No primeiro momento, vamos atingir 20% de participação e temos planos de duplicação no futuro.>
O Agenda Bahia é uma realização do Jornal Correio com patrocínio da Tronox e Unipar, apoio institucional da FIEB, Sebrae e apoio da Bracell, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Plano Brasil Saúde, Salvador Bahia Airport, Suzano, Wilson Sons e parceria da Braskem.>