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Painel no Agenda Bahia discute desafios do setor e esforços para migrar para a economia verde
Publicado em 24 de agosto de 2024 às 05:00
“O desafio da indústria não é só logística, mas sustentabilidade. A grande pergunta do setor hoje é: Como manter a lucratividade e a competitividade, contribuindo de forma expressiva para a mitigação dos efeitos da crise climática?”. Com essa fala, Mariana Lisbôa, diretora global de relações corporativas da Suzano S/A, acalorou o debate no painel dedicado à indústria, na 15ª edição do Agenda Bahia, com o tema “O futuro e o agora dos setores produtivos”.
Para Mariana, o futuro da indústria deve necessariamente migrar para a economia verde e agregar em seus processos ações efetivas para combater a crise climática global, produzindo cada vez melhor, com recursos cada vez menos impactantes ao meio ambiente, e descobrir alternativas para mitigar os efeitos.
“A Suzano é capaz de reutilizar água em nossas operações e hoje a gente sabe que a escassez da água é um problema crônico para a nossa geração e, especialmente, para as gerações futuras. Também fazemos a reutilização de resíduos como adubo para as nossas florestas. Essa é uma forma de mitigar os impactos que a gente causa na natureza”, disse.
Outra iniciativa necessária, de acordo com a executiva, é buscar substituição de insumo e combustível fóssil. Já se sabe hoje que é possível substituir desde copos, canudos, tinta e até maquiagem à base de petróleo pela matéria-prima do eucalipto, que é renovável.
Gustavo Boni, coordenador de Global Advocacy na Braskem também destacou a preocupação com as práticas sustentáveis. Ele frisou que a sustentabilidade está no DNA da Braskem e o compromisso com este pilar sempre existiu.
“Nascemos do fóssil, mas entendemos a importância da transformação. A demanda do fóssil ainda é grande, mas agora alinhada ao processo de descarbonização e reciclagem”, ressaltou. Uma das grandes iniciativas citadas por ele é a produção do plástico verde, a partir do insumo da cana de açúcar. Só para ter uma ideia da importância disso, segundo ele, “a cada tonelada de plástico verde utilizado, se reduz duas toneladas de gás carbono e isso ajuda a reduzir a emissão de gases de efeito estufa”, frisou.
Logística
As empresas estão empenhadas em desenvolver ações mais sustentáveis e processos industriais mais limpos, porém, ainda esbarram em uma questão que foge às suas competências: logística e transporte. O maior problema do setor é que não há ferrovias que atendam à indústria.
“Não existe economia verde andando em cima de caminhões. Um trem substitui 300 caminhões! É preciso ter decisão política para mudar isso. Mas não é construir qualquer ferrovia, e sim saber qual a primeira deve ser construída”, ressaltou Bernardo Figueiredo, CEO da TAV Brasil.
Gustavo Boni fortaleceu essa discussão em torno da importância da decisão de governo em criar políticas públicas para incentivar processos sustentáveis na indústria, e a logística está diretamente ligada a isso. “A parceria com o governo na criação de políticas públicas neste sentido é mais importante até no que colocar dinheiro”.
Na estrada
Thiago Andrade, CEO da Petrobahia, também sustentou a defesa de logísticas mais sustentáveis para o setor da indústria e isso envolve o uso de combustível limpo. A grande meta da Petrobahia é implantar estrutura de postos de combustível para abastecer caminhões e veículos pesados com gás natural, em substituição do combustível fóssil.
“Nessa transformação da mobilidade, o etanol é uma solução e um diferencial. A Petrobahia investe quase R$ 1 bilhão em uma usina de etanol de milho, que será a primeira do estado, e a gente vai se posicionar de forma estratégica no mercado do biocombustível. É preciso enxergar a transição para a economia verde”, afirmou.