Segredo da inovação está no potencial humano de cada cidade

Veja como Florianópolis construiu uma mentalidade de crescimento econômico

A mudança de legislação para permitir a abertura de pequenas empresas, sediadas até mesmo em quartos residenciais, foi uma dentre um conjunto de ações implementado em Florianópolis, capital de Santana Catarina, nas últimas décadas para alavancar o crescimento econômico local. Na mesma esteira de ações vieram criação de incubadoras empresariais, isenção e descontos fiscais por parte do poder público e aumento da taxa de escolarização.

Somado a um conjunto de ações baseadas no quesito inovação, a cidade de 537 mil habitantes (Censo 2022) deixou a de ser uma pequena ilha com economia baseada em serviços públicos e turismo tímido para se transformar na primeira Cidade Mais Inovadora e de Capital Humano, além de se tornar a segunda Mais Empreendedora do Brasil.

Não há dúvida de que estamos diante de um 'case' de sucesso. Mas será que transportar as ações implementadas lá pode garantir o mesmo resultado a outras capitais Brasil afora, a exemplo de Salvador? Para Daniel Leipnitz, que comandou o talk com o tema “Ponte para a Inovação: O Futuro e todos juntos - O Case de Florianópolis” durante o Agenda Bahia 2023, ainda que seja tentador reproduzir exemplos de sucesso, é preciso que cada realidade considere seus próprios contextos e potencialidades.

“A gente precisar extrair o que tem de melhor nas pessoas do lugar. E aí está a ciência da coisa. As pessoas de cada cidade têm muitos potenciais, muitas vocações. Ao puxar o melhor das pessoas também começa a puxar sustentabilidade, economia criativa, formar jovens para atuar em diversas áreas. Isso tudo está dentro das pessoas”, destaca Leipnitz, diretor corporativo e de Relações Humanas na Visto Sistemas, presidente do Conselho Deliberativo da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia), vice-presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e coautor e organizador do livro A Ponte para Inovação.

O foco central da mudança, segundo ele, é a mudança de pensamento, ou seja, construir uma cultura coletiva que permita aos cidadãos enxergarem perspectiva de futuro, troca e crescimento mútuo.

“Eu trouxe muito a importância de mudar a forma de pensar para que a gente consiga se desenvolver. A partir do momento que muda isso se tem uma receita de bolo para desenvolver o ecossistema, que envolve incubadoras, o fomento, programas e políticas públicas junto à prefeitura, ambiente de inovação”, diz.

Para sistematizar o processo de mudança coletiva de mentalidade é necessário um trabalho convergente entre quatro setores: a academia, o poder público, o setor privado e, por fim, os movimentos instituições.

“A gente tem que pensar como uma maquininha. A pessoa está lá terminando o segundo grau ou está na universidade, e quer fazer alguma coisa. Nós precisamos ter respostas para ela. O que ela tem que procurar? Pode ser um coworking, uma pré-incubação na própria universidade. Começou a trabalhar e agora vai precisar de dinheiro para desenvolver o produto. Depois vai precisar de gente. O que faz, quem procura? Temos que dar as respostas. E assim vai sistematizando”, detalha.

Veja 4 pontos para a construção de uma mentalidade de mudança:

1 - Foco na inovação: a inovação está em todo lugar, na rua, nos problemas e nas propostas de soluções

2 - Visão de futuro: uma cidade melhor e mais desenvolvida significa qualidade de vida e mais oportunidades para as futuras gerações

3 - Pensar grande, saber onde quer chegar: é importante garantir e despertar nos cidadãos em toda sua diversidade a perspectiva de futuro

4 - Poder do exemplo: os jovens se inspiram nos exemplos próximos, são eles que despertam no outro a visão de possibilidade de ir mais longe.

Curiosidades sobre Florianópolis:

• O setor de tecnologia é o maior pagador de impostos da cidade e já ultrapassou o de turismo

• Em 2022, a cidade apareceu na lista da revista americana Newsweek como um dos centros urbanos mais dinâmicos do mundo

• Tem alto índice de formação de mão obra: cerca de mil novos profissionais formados todo ano em ciências exatas e biológicas

• Sete incubadoras de empresas foram criadas nos últimos 20 anos

• A Prefeitura Municipal concede isenção total ou desconto de ISS e IPTU para empresas de tecnologia, desde 1998

• Possui o terceiro maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país: de 0,833

• Com rendimento médio de R$ 3.797, tem a segunda menor taxa de desemprego do país: 5,7%

• A taxa de escolarização é de 98,4%, entre os 6 e 14 anos, e a de alfabetização acima de 15 anos é de 99,2% - capital mais alfabetizada do país

O Agenda Bahia 2023 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Unipar, apoio institucional da Prefeitura de Salvador, FIEB, Sebrae e Rede Bahia, apoio da Wilson Sons, Salvador Bahia Airport, Suzano, Sotero, Solví, Salvador Shopping Online, Deloitte e 4events e parceria da Braskem, Rede+ e Latitude 13 Cafés.