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Após recuperar bebê sequestrado, mulher continua sendo ameaçada por ex


 

Homem invadiu casa, rendeu família e levou criança de 6 meses em Itinga

  • Yasmin Garrido

Publicado em 30/10/2018 às 03:00:00
Atualizado em 19/04/2023 às 02:19:05

Uma mulher de 33 anos viveu momentos de terror no último domingo (28), no bairro de Itinga, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS), depois que o ex-companheiro, com quem viveu por 2 anos, invadiu a casa da família dela, com arma em punho, e sequestrou o bebê do casal de 6 meses.

“Ele arrombou o cadeado do portão, entrou calmo em casa, pegou a criança, que estava em meu colo, e depois sacou a arma. Foi quando ele ameaçou toda a minha família”, contou a vítima, que preferiu não se identificar.

Ainda de acordo com a mulher, o suspeito, de 51 anos, pediu que ela entrasse no carro junto com a criança, mas a família não deixou.“Meu irmão disse que, se eu fosse, ele iria me matar. Então, ele jogou meu filho e arrancou o carro”, contou.O caso foi registrado na 27ª Delegacia (Lauro de Freitas) como sequestro, mas, o advogado da vítima, Matheus Maciel, afirmou que as agressões eram constantes. “Neste caso, há mais de um crime para ser investigado, não só o sequestro da criança”, destacou.

O bebê foi recuperado no mesmo dia, em Simões Filho, também na RMS, na casa da irmã do suspeito. De acordo com a vítima, “uma conselheira tutelar, ao saber que o ex-companheiro tinha família na região, decidiu registrar o sequestro em uma delegacia do município, além de ter ido até a casa da tia da criança”.

A mulher contou ao CORREIO que o ex-companheiro disse à irmã que tinha levado a criança à força, mas omitiu a parte da arma e das ameaças feitas. “Ele disse que pegou a criança e que portava uma barra de ferro. Não falou nada sobre arma de fogo”, afirmou.

Ela mencionou, também, que continua recebendo ameaças. “Ele me liga e diz que ‘quem com o ferro fere, com o ferro será ferido’ e o advogado disse que isso é ameaça. Ele está querendo se vingar e eu estou apavorada, com medo por mim e por minha família”, declarou a vítima.

Histórico de violência O advogado Matheus Maciel reforçou que esse não foi o primeiro caso de violência da relação entre sua cliente e o suspeito. “A vítima afirmou que houve episódios de outros crimes. Nossa intenção é que tudo seja investigado, para garantir sua integridade física e sua segurança", destacou.

A mulher relatou ao CORREIO que as ameaças e agressões tiveram início há alguns meses. “Foi um momento horrível, porque eu era obrigada a estar do lado dele. Minha irmã descobriu uma doença grave em junho e morreu em setembro. Eu não contei nada para a minha família, para preservar eles, e sofria tudo sozinha”, declarou.

Ainda segundo a vítima, a violência ia além das ameaças verbais. “Eu disse que queria separar e ele me bateu, me deu um tapa no rosto, que meus óculos voaram longe. Em uma crise de ciúme e de raiva, ele quebrou meu celular. E eu passei por tudo isso sozinha. Depois que minha irmã morreu, eu contei tudo para meus pais e me afastei, mas ele continuou ameaçando, até que sequestrou meu filho”, relembrou.

A ameaça mais recente feita à família da vítima envolve a sensação de impunidade. “Ele disse a minha irmã que homem mata mulher mesmo com restrição, com medida protetiva, porque quem faz a lei é ele”, relatou ela.O advogado da vítima afirmou que, por enquanto, não existe nenhum mandado de prisão preventiva contra o suspeito, que está desaparecido, e que “manter ele em liberdade, além de ser um risco para a ex-companheira, é um risco social”.

*Com supervisão do editor João Galdea.