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Bahia já tem 436 casos notificados de leptospirose em 2022


 

Em 2021 inteiro, foram 63 confirmações; as duas cidades baianas com maior ocorrência da doença são Itabuna e Salvador

  • Da Redação

Publicado em 30/04/2022 às 05:00:00
Atualizado em 19/05/2023 às 19:48:07
. Crédito: (Paula Fróes/CORREIO)

Febre, dor de cabeça, dores pelo corpo, principalmente nas panturrilhas, vômitos, diarreia e tosse. Esses são os sintomas da leptospirose, doença que apresenta sinais de avanço na Bahia. Até o momento, o estado registrou 436 casos notificados da enfermidade, sendo que 46 foram confirmados. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), em todo o ano de 2021, foram confirmados 63 casos da doença.

As duas cidades baianas com maior ocorrência de leptospirose são Itabuna, que registrou quatro casos em 2021 e 16 casos confirmados este ano, e Salvador, com 49 casos no ano passado e 10 em 2022. Até agora, ocorreram cinco óbitos causados pela doença, distribuídos pelos municípios de Salvador (2), Jequié (1), Ibicarai (1) e Eunápolis (1). Segundo o Ministério da Saúde, vem se confirmando uma média anual de mais de 3.600 casos da doença no Brasil, sendo 375 óbitos, em média, a cada ano.  

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Mitermayer Galvão, afirma que mais pessoas se contaminam com a leptospirose após períodos de chuvas, porque a água espalha a bactéria que está no ambiente. 

A leptospirose é causada por uma bactéria que tem como agente transmissor principal o rato, que elimina essas bactérias na urina. A transmissão pode acontecer através da mordida do animal, mas é mais comum quando a pessoa tem contato com as bactérias presentes na água. “Obviamente que para se contaminar é preciso ter uma lesão na pele, mas não precisa ser um corte grande, até as pequenas lesões na unha são um risco”, declara o especialista. 

Mitermater pontua que a leptospirose era uma doença predominantemente rural. Já na área urbana, a enfermidade era mais comum em pessoas que cuidavam de animais, como gado, e no pessoal da limpeza, que precisa lidar com água de esgoto. “Atualmente, as cidades estão explodindo de gente, com pessoas vivendo aqui em áreas com grande vulnerabilidade social, sem esgoto ou esgoto a céu aberto e sem coleta de lixo, o que atrai rato e mais urina infectada”, explica. 

O especialista declara, no entanto, que pode ter ocorrido uma subnotificação no número de infectados, já que a maioria das pessoas estava de quarentena devido à pandemia da covid-19. “Eu acredito que muita gente pode ter pegado leptospirose, mas não desenvolveu uma forma grave da doença, então ficou sem saber o que era”, finalizou.