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Casal que agrediu menino baiano no DF é indiciado por vias de fato


 

O outro crime, constrangimento, é porque o casal obrigou o filho a bater na outra criança

  • Da Redação

Publicado em 04/01/2019 às 13:48:00
Atualizado em 19/04/2023 às 07:40:07
. Crédito: Foto: Reprodução

O casal que agrediu um menino baiano de 6 anos em um condomínio de Brasília, no mês de dezembro, foi indiciado por vias de fato - quando há uma agressão física que não causa lesão corporal - e também por submeter o filho a constrangimento. O inquérito está prestes a ser concluído, segundo informação do Extra.

O crime de vias de fato é considerado de menor potencial ofensivo. Segundo a delegada Patrícia Bozolan, da Delegacia de Proteção à Crinça e ao Adolescente (DPCA), o indiciamento será por isso pois o laudo não constatou lesões aparentes na criança agredida. 

O outro crime, constrangimento, é porque o casal obrigou o filho a bater na outra criança. A infração está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. "O procedimento é assinar o termo de compromisso de comparecimento à Justiça", diz nota da Polícia Civil do DF.

O advogado Everardo Braga Lopes, que defende o casal, diz que não foi comunicado sobre o andamento do caso. "Não posso fazer nenhum comentário de uma situação que não conheço. Posso dizer que os meus clientes estão abalados e traumatizados", afirmou ele para o Correio Braziliense. 

O caso foi em 9 de dezembro à tarde. As crianças jogavam bola e um garoto acabou caindo no chão. O suspeito, pai desse menino, acreditando que ele tinha sido agredido, segurou o garoto baiano para que o filho desse um tapa. Depois, a mulher dele ainda foi até a quadra e empurrou o baiano no chão. A ação foi capturada por câmeras de segurança e geraram indignação. 

A polícia analisou as imagens e ouviu testemunhas. O crime de vias de fato gera pena de 15 dias a três meses de prisão.

Menino passava férias com tia Era noite de terça-feira (11) quando a servidora pública federal Jucimara Nascimento, 38 anos, recebeu o telefonema da irmã dizendo que o filho dela de 6 anos foi agredido enquanto brincava de bola na quadra do condomínio.

Mara, como a servidora é conhecida, mora em Feira de Santana e tem um casal de filhos. Ela mandou as crianças na quinta-feira (6) para passar alguns dias na casa da irmã dela, em Brasília. No final da tarde de domingo, as crianças desceram para brincar de bola e foi quando tudo aconteceu.

“Sempre conversei com meus filhos e ensinei que eles não devem reagir de forma agressiva, que se acontecer alguma situação na escola, por exemplo, eles devem nos contar que nós veremos o melhor a ser feito. É triste ver adultos agindo daquela forma, agredindo uma criança. Não dá para acreditar”, contou. A irmã de 8 anos do garoto assistiu às agressões.

O menino conversou com a mãe logo após a agressão, mas não contou o que aconteceu. Ele só tocou no assunto depois de terça-feira, quando já tinha sido ouvido na Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA) e feito exame de corpo delito. “Ele está triste, mas não tem noção da gravidade da coisa. Disse que não doeu, mas não quer mais descer para brincar na quadra”.

Agressão No vídeo, é possível ver o homem segurando os braços do menino baiano para trás afim de que o filho dele, que tinha caído e se machucado, dê um soco no rosto do colega com quem estava brincando. Em seguida, o pai tira o filho do local, mas a mãe da criança entra na quadra e empurra o garoto baiano no chão. Tudo aconteceu na frente das outras crianças e adolescentes que estavam na quarda.

Essa não foi a primeira vez que o menino viajou com a irmã para a casa da tia em Brasília. As visitas durante as férias são comuns entre as duas famílias. Os dois saíram de Campo Limpo, em Feira de Santana, para participar do aniversário do primo, celebrado no dia 9, mesmo dia da agressão, e da formatura de outro primo, que acontecerá no sábado (15).

A tia não estava no prédio quando a confusão aconteceu. “Quando ela chegou a confusão já estava armada porque alguns vizinhos viram o momento da agressão e estavam discutindo com os agressores. Foram eles que contaram para minha irmã que meu filho tinha sido agredido”, contou Mara.

A tia pediu as imagens das câmeras de segurança do condomínio. Na segunda-feira (10), ela teve acesso ao conteúdo e, então, procurou a delegacia para registrar a queixa no dia seguinte. Os agressores não moram no condomínio, mas o pai de um deles é morador. Logo após o ocorrido vizinhos se aglomeraram na porta do apartamento e pediram que eles se retratassem, mas a agressora continuou aos gritos dizendo que estava certa.“O correto deveria ter sido eles procurarem minha irmã para relatar o caso. Se eles repreendessem meu filho, mesmo ele sendo inocente, como a gente viu nas imagens, eu até entenderia. Ele não iria responder. Mas agredir meu filho! Eu quero que eles respondam porque o que eles fizeram foi um crime, mas também para que sirva de aprendizado. Não é com violência que resolvemos os problemas”, afirmou Mara.Ela contou que pediu ao marido para não ir até Brasília e disse que está aguardando o retorno do filho, na segunda-feira (17), para poder abraça-lo. O menino está no Fundamental 1. Mara contou que o caso ganhou repercussão nacional. “Vários veículos entraram em contato comigo e com minha irmã. Isso é bom para que sirva de exemplo”.