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'Houve um mal entendido. Começou todo mundo a bater', disse Guedes sobre MP


 

Medida inicial gerou pânico nos trabalhadores e revolta no Congresso Nacional

  • Da Redação

Publicado em 23/03/2020 às 23:42:00
Atualizado em 21/04/2023 às 00:12:09
. Crédito: MATEUS BONOMI/ESTADÃO CONTEÚDO

O governo federal deve editar nos próximos dias uma nova medida provisória (MP) para deixar explícito que a flexibilização da suspensão de contratos de trabalho durante a crise do novo coronavírus está condicionada à garantia de um pagamento de ao menos um salário mínimo (R$ 1.045). O novo arranjo será feito após um primeiro texto enviado pelo presidente Jair Bolsonaro ter sido interpretado como salvaguarda para empresas interromperem os contratos sem nenhum pagamento de salário. Essa percepção gerou pânico nos trabalhadores e revolta no Congresso Nacional. Confira entrevista com Paulo Guedes, Ministro da Economia do Brasil.

Por que o presidente Jair Bolsonaro revogou o artigo ? Houve um mal entendido. Começou todo mundo a bater e dizer que estão tirando do trabalhador. O presidente virou e disse: 'Tira isso daí, está dando mais confusão do que solução'. Ele ligou para mim e perguntou. 'PG, o que está havendo?' Eu falei que era uma coisa boa, mas não normatizou". Eu disse, presidente, ainda não está redondo. Ele disse: 'Vocês arredondam e depois mandam'. Politicamente, ele fez certo. Foi uma precipitação mandar sem estar definido. A gente está querendo é evitar o pior.O que o governo fará agora? Toda vez que dá confusão, você anula. Editou, deu essa confusão, anula, tira o artigo 18. Mas tinha um pedaço que foi mal redigido. A gente queria proteger os trabalhadores de demissão. Faltou colocar a suplementação salarial. A ideia é fazer o que estão fazendo lá fora. Você pega um trabalhador que ganha R$ 2 mil e a empresa não aguenta pagar. Ai, reduz à metade (o salário), cai para R$ 1 mil. O governo paga 25%. Acaba o salário caindo para 75% (do que era originalmente). A empresa paga 50%, o governo 25% e todo mundo perde um pouquinho.O governo está estudando medidas para setores? Nos setores normais, pode ser que caia 50% (do salário) e aí a gente teria de dar um estímulo de 25%. Tem setores que a queda é abissal, como bares, restaurantes, hotelaria. Talvez a empresa só consiga pagar um terço (do salário). Se ele conseguir pagar um terço, aí a gente convocaria outros 33%. Nos setores que foram atingidos demais a gente acaba ajudando mais. Como a empresa não aguenta pagar 50%, ele vai pagar um terço. Aí, a gente paga um terço. Não perde tanto. O que estamos estudando é uma suplementação salarial. Esses números estavam sendo feitos.Quanto custaria essa medida aos cofres públicos? Tem de fazer o cálculo. Na ansiedade, antes de fechar o cálculo, não se especificou se seria 25% ou 33%. Porque 25% para todo mundo daria para pagar, mas se tiver um setor mais prejudicado, que vai precisar de 33%, aí poderia forçar muito o Orçamento.