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Mensagens mostram que Bolsonaro avisou Moro sobre troca na PF antes de reunião


 

Presidente diz que saída de Valeixo já estava decidida; Moro acusa de interferência

  • Da Redação

Publicado em 24/05/2020 às 08:57:00
Atualizado em 21/04/2023 às 05:29:07
. Crédito: Evaristo Sá/AFP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) decidiu tirar Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal e comunicou ao então ministro Sergio Moro hora antes da reunião do dia 22 de abril. Mensagens que Bolsonaro e Moro trocaram naquele dia mostram isso, segundo informações do Estado de S. Paulo, que teve acesso a elas.

As mensagens são mais uma contradição na versão do presidente de que não tentou interferir na corporação.

O vídeo da reunião foi apontado como Moro como prova da tentativa de Bolsonaro de interferir politicamente na PF. As imagens foram divulgadas na sexta-feira (22) por decisão do ministro Celso de Mello, que é relator do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura as denúncias de Moro.

A troca de mensanges começou por volta das 6h20 do dia 22. "Moro, o Valeixo sai essa semana. Isto está decidido. Você pode decidir apenas a forma. A pedido ou ex ofício", escreveu o presidente.

Moro responde: "Presidente, sobre esse assunto precisamos conversar pessoalmente estou ah disposição para tanto. Amanhã temos reunião agendada para 0900. Se quiser, podemos antecipar para hoje, em qualquer horário (só não posso hoje das 12-1700 por videoconferência com ministros da justiça da América Latina e depois com secretários de segurança dos Estados - conto com sua compreensão sobre esses horários)".

Valeixo foi exonerado no dia 24. No mesmo dia, Moro anunciou que deixaria o governo. Ele citou a promessa de "carta branca" recebida quando Bolsonaro o convidou para o cargo e afirmou que o presidente queria ser informado sobre andamento de inquéritos referentes a sua família e tentava interferir politicamente na Polícia Federal.

Depois da saída de Moro, Bolsonaro chegou a nomear Alexandre Ramagem, da Abin, que cuidou da sua segurança durante a campanha eleitoral e tem boa relação com seus filhos, para o comando da PF. O STF barrou. O delegado Rolando Alexandre de Souza, braço-direita de Ramagem, acabou nomeado pouco depois.