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Consciência cidadã contra as epidemias


 

As notícias que marcaram a semana

  • Andreia Santana

Publicado em 14/03/2020 às 07:45:00
Atualizado em 20/04/2023 às 23:13:08
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Em Viva o Povo Brasileiro, o escritor João Ubaldo Ribeiro narra o tormento de uma viagem de caravela da Europa para a América, no século XVI. Os navegadores passavam meses confinados juntos nos navios, sem a menor condição de manter hábitos simples de higiene – que sequer era um hábito naquele tempo – como tomar banho e lavar as mãos. Também consumiam água contaminada pela armazenagem precária em barris. O resultado: doenças que ainda não tinham nome, porque desconhecidas. 

Na Idade Média, a peste dizimou milhares de pessoas que não desconfiavam que eram os ratos que carregavam as pulgas, que carregavam a peste. E que esses ratos, por sua vez, proliferavam nas precárias habitações e nos lixões daqueles embriões do que seriam os centros urbanos modernos.

Em 1918, a gripe espanhola, pandemia de uma variante superpotente do vírus Influenza (H1N1) intrigava os médicos da época, que mesmo sem entender o que causava a doença – o vírus só seria conhecido nos anos 1930 – já prescreviam a higiene para evitar contágio.

Conviver com vírus e bactérias a humanidade já convive há séculos, talvez até milênios. Mas em pleno século XXI - já avançamos duas décadas na era da tecnologia - é preocupante que doenças virais e superbactérias continuem causando estragos, de tempos em tempos.

Em comum, a atual pandemia da Covid-19 (infecção causada pelo novo coronavírus - Sars-Cov-2 identificado na China), e as arboviroses – Dengue, Zika e Chikungunya - que atormentam o Brasil, tem o fato de serem doenças causadas por vírus e, ainda, a falta de hábitos higiênicos que algumas pessoas repetem, tal as tripulações das antigas caravelas.  Agente de endemias contra a dengue no Bonfim (Foto: Arquivo CORREIO) Essa semana, o Ministério da Saúde divulgou os dados do Boletim Epidemiológico que cobriu até a quarta semana de janeiro deste ano. A Bahia, no período, registrou mais de 1.815 casos prováveis de dengue. No mesmo boletim, o MS divulgou que, ao todo, 12 estados brasileiros correm o risco de sofrer um surto do sorotipo 2 da dengue em 2020.

O coordenador de doenças de transmissão vetorial da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), Gabriel Muricy, diz que, embora a população tenha acesso às informações sobre como prevenir as arboviroses, boa parte hesita em adotar hábitos simples como evitar o acúmulo da água parada que serve de criatório para o vetor Aedes aegypti. Ou seja, assim como o mundo medieval ignorava o rato, as pessoas do século XXI subestimam o mosquito.

Em Salvador, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) divulgou balanço dos dois primeiros meses de 2020 que mostram crescimento nos casos de dengue, zika e chikungunya em comparação ao mesmo período de 2019. O número de infectados por dengue na cidade subiu de 519 para cerca de 1,5 mil. Já os casos de chikungunya e zika, saltaram, respectivamente, de 167 para 661 e de 32 para 150. Para conter a epidemia, a Prefeitura vai tomar medidas mais drásticas como multar donos de residências fechadas e que estão com água parada, servindo de foco para o mosquito. A medida punitiva vem junto com um pacote de normas contra o Aedes aegypti. 

Nenhuma ação do poder público, seja na esfera federal, estadual ou municipal, no entanto, funciona com 100% de eficácia se a população não comprar a briga para conter o avanço dos surtos e epidemias. Para se manter longe do novo coronavírus existem diversas ações simples de autocuidado. Mas, a primeira e mais essencial de todas as prevenções é lavar as mãos. Para combater a dengue, a zika e a chigungunya, por sua vez, é preciso outra medida singela de higiene: não deixar água parada e acumulada.

Da Idade Média aos nossos dias, evoluímos em diversas áreas, mas ainda pecamos no básico. Em tempos de viroses cada vez mais potentes, é preciso ter consciência de que o autocuidado é também, um cuidado com os outros.

Outros destaques da semana

Ressaca no Porto da Barra Ondas invadiram calcadão do Porto (Foto: Betto Jr./CORREIO) As águas de março ainda não fecharam o Verão soteropolitano oficialmente, mas durante a semana, ondas gigantes atravessaram a balaustrada da Barra e atingiram quem caminhava no calçadão do Porto. A banhista queria uma manhã de sol, mas acabou surpreendida pela ressaca. Foto de Betto Jr.

As mais comentadas: 

>>Luta contra o câncer, 291 comentários

A batalha para vencer um câncer no sistema linfático, do ator Lyu Árison, que viveu a travesti Yolanda em Ó Paí, Ó, gerou mensagens de apoio dos leitores. Branca Vasconcelos disse: “Assisti Ó Pai, Ó umas dez vezes e amava seu personagem. A sua luta é a minha há 18 anos, câncer de mama... Força, Deus no controle de tudo. Beijo no seu coração”.

>>Dólar caríssimo, 221 comentários

O preço do dólar a R$ 5,00 pela primeira vez na história do país deixou os leitores céticos em relação à capacidade da equipe econômica do governo de gerir internamente os impactos da crise global detonada pelo coronavírus. Rodrigo Silva criticou: “Segundo Paulo Guedes, o dólar só chegaria a R$ 5 se o governo fizesse muita besteira. Profecia cumprida”.

>>Preso disputado, 157 comentários

A disputa por Ronaldinho Gaúcho entre os detentos do presídio em que o ex-jogador está preso, no Paraguai, para que ele integre um dos times da carceragem; além do próprio fato do atleta estar preso, deixou os ex fãs do jogador decepcionados. Rick Souza afirmou: “A que ponto chegou essa lenda. Tinha tudo para ser visto como um Messi, Zico, Rivelino, Roberto Dinamite, Romário... Mas sujou a sua biografia”.

Frase: Regina Casé protagoniza novela das 21h da Globo (Foto: Divulgação) “Por que se fizer mais uma empregada, mais uma nordestina ou mais uma mulher pobre, todas elas são iguais? É porque parece que elas são um contingente de mulheres invisíveis, que estão aqui só para passar roupa, para cozinhar, para cuidar dos filhos dos outros", Regina CaséA atriz, que vive a personagem Lurdes, em Amor de Mãe, se posicionou essa semana contra os comentários de que ela só interpreta mulheres pobres, empregadas domésticas e nordestinas no cinema e na TV. Segundo Regina, há preconceito contra o Nordeste embutido nesse tipo de pergunta.

As cinco mais lidas:

1. Soldado do Exército some após ser obrigado por bandidos a nadar em lagoa no Cabula. O soldado Fernando Silveira Gardiano, 21 anos, foi torturado e morto ao sair de uma festa e deixar um colega em casa, nas proximidades da comunidade Timbalada. Outro soldado que estava com Fernando, conseguiu sobreviver.

2. O crime de Suzy não foi estuprar e matar o menino. Artigo assinado pela colunista do CORREIO, Flávia Azevedo, comenta a repercussão do abraço dado pelo médico Dráuzio Varela em uma mulher trans que está presa por um crime hediondo. 

3. 94 bairros de Salvador e 9 cidades da Região Metropolitana ficarão sem água; veja lista. Na quarta-feira, 11, a Embasa interrompeu o fornecimento de água em 94 bairros de Salvador e 9 bairros da Região Metropolitana para serviços de manutenção.

4. Casamento de irmã de Pugliesi na Bahia teve convidados com coronavírus. Convidados do casamento da influenciadora digital Marcella Minelli, irmã da blogueira fitness Gabriela Pugliesi, em Itacaré, no Sul da Bahia, se preocuparam com a possibilidade de terem sido infectados com o novo coronavírus porque havia casos confirmados entre os presentes. Gabriela foi uma das contaminadas no evento.

5. Filha registra decepção de pai com fracasso em vendas e gera onda de solidariedade. Após perder emprego, homem usou seguro para comprar máquina de lanches no Rio. A filha dele registrou nas redes sociais uma imagem e desabafo sobre a frustração do pai, que não teve sucesso em seu primeiro dia de negócio.Vigilantes em greve Agências da Caixa não abriram sem vigilantes (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) A greve dos vigilantes por melhores salários provocou o fechamento de agência bancárias e do INSS, essa semana, surpreendendo quem necessitava desses serviços.  O Tribunal Regional do Trabalho determinou, via liminar, que pelo menos parte do contingente voltasse ao trabalho para garantir o atendimento da população. Pela decisão judicial, 50% dos vigilantes para todos os postos de serviços e atividades considerados essenciais deveriam voltar ao trabalho. O sindicato da categoria, ao ser notificado, informou que cumpriria a medida. Na sexta-feira, 13, a audiência de conciliação entre patrões e empregados terminou sem acordo. Outro encontro está agendado para  segunda-feira, 16. Acidentes ocorrem principalmente por desrespeito a limites de velocidade e sinalização nas vias (Max Haack/Secom-PMS) A imprudência deles no trânsito

Balanço divulgado essa semana pela Transalvador contabilizou 119 mortes no trânsito da capital entre janeiro e novembro de 2019. Entre as vítimas, 99 eram homens e 20 mulheres. Somente em novembro do ano passado, 19 pessoas do sexo masculino perderam a vida em ocorrências como atropelamentos, colisões e batidas. Os homens também lideram o ranking do ano passado nos acidentes não fatais. Das 4.333 pessoas que se feriram em ocorrências no trânsito no período do balanço, 3.087 foram homens e 1.246, mulheres. Para a gerente de Educação para o Trânsito, Mirian Bastos, o comportamento dos motoristas homens explica as estatísticas. Segundo a gerente, por questão de cultura, eles costumam ser mais competitivos no trânsito e desrespeitam mais as regras.