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Só baianas no futebol brasileiro na Olimpíada


 

  • Da Redação

Publicado em 11/02/2020 às 05:00:00
Atualizado em 20/04/2023 às 19:52:07
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Numa noite de domingo em que dividiu as atenções do público com o Oscar 2020, a Seleção Brasileira sub-23 não deu bola para o roteiro dramático em que estava envolvida e garantiu mais 18 vagas para a delegação nacional que vai a Tóquio disputar a Olimpíada. Com um futebol razoavelmente consistente e sem contar com os três reforços sem limite de idade que terá no Japão, o Brasil se classificou com uma convincente goleada e vai à competição como favorito ao pódio, defendendo o ouro conquistado na Rio-2106.

Mas se há quatro anos o volante soteropolitano Walace representou o estado entre os convocados do também baiano Rogério Micale, em 2020 a perspectiva de que um atleta local vá a Tóquio é baixa. Não há no radar do técnico gaúcho André Jardine qualquer jogador nascido por aqui. Nascidos no Nordeste, porém, foram quatro na disputa da vaga: o lateral Ayrton Lucas, de Carnaúba dos Dantas (RN); o zagueiro recifense Nino; e os atacantes Matheus Cunha (João Pessoa) e Pedrinho (Maceió).

E como nenhum outro atleta do futebol baiano tem se destacado o suficiente para surpreender com uma convocação, apenas o acaso (e ele costuma aprontar nessas listas) poderia colocar mais um representante do estado para se juntar à recordista de participações em Olimpíadas: Formiga, que vai aos Jogos pela 7ª vez na carreira. Em confirmada sua participação no Japão, ela vai ultrapassar o espanhol Manuel Estiarte, do polo aquático, e a russa Evgeniya Artamonova, do vôlei, como a atleta com mais presença em esportes coletivos em toda história olímpica.

Na Seleção feminina, duas outras baianas que estiveram na Rio-2016 podem repetir o feito em ir à Tóquio-2020: a zagueira Rafaelle e a meia e lateral Fabiana. Seus nomes estiveram na lista de 27 jogadoras convocadas em dezembro para dois amistosos contra o México, mas apenas Fabiana entrou em campo, no primeiro dos dois duelos. Ambas têm chances de serem chamadas, mas correm por fora nessa disputa, com mais chances para Fabiana, por sua polivalência.

E com o sucateamento do time do São Francisco, com a falta de investimento para a equipe do Vitória, e com o Bahia ainda apenas iniciando um trabalho no futebol feminino, convenhamos que a presença de duas ou até três atletas no Japão seria um feito e tanto. Que tenhamos em breve grandes nomes atuando por aqui e que em Paris-2024 voltemos a ser protagonistas na modalidade.

Isabela Ramona

O domingo também foi dia de decisão de vaga olímpica para o basquete feminino do Brasil, mas uma derrota na estreia para o time de Porto Rico sepultou nossas chances de ir a Tóquio. A seleção, contudo, renovada, mostra evolução e tem boas chances de ir à França daqui a quatro anos.

Se fosse ao Japão, essa seria a segunda Olimpíada da soteropolitana Isabela Ramona, considerada desde a Rio-2016 como uma das revelações do país no esporte. Hoje com 25 anos, ela deixou a Bahia aos 18 para dar início à carreira profissional no Rio de Janeiro, então como atleta do Fluminense.

Raçuda e rápida, com bom jogo defensivo e 1,88m, ela tem sido nome constante nas convocações do técnico José Neto, que deve seguir como treinador do Brasil para o próximo ciclo olímpico. Fica a esperança de vê-la novamente em Paris. Talento e garra para isso ela tem.

Luiz Teles é jornalista e escreve às terças.