Roma Negra: o novo restaurante de alta gastronomia da diáspora africana em Salvador
Localizado no Pelourinho, empreendimento abre as portas no próximo domingo (21)
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Da Redação
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As ruas históricas do Pelourinho, em Salvador, vão ganhar um novo restaurante de alta gastronomia de diáspora africana. Localizado no Largo do Cruzeiro do São Francisco, no Terreiro de Jesus, o restaurante Roma Negra abre as portas no domingo (21), um dia após as comemorações do Dia da Consciência Negra.
O restaurante será administrado por Mônica Tavares e Diana Rosa, duas das quatro sócias que administram o Malembe Food Drinks, também na região do Centro Histórico de Salvador. O empreendimento pretende, ainda, quebrar barreiras em relação ao povo negro.
“O Roma Negra segue a mesma ideologia do Malembe. As pautas sociais são as mesmas, incluindo a contrapartida do retorno à base e do compromisso social e ambiental, a contratação de pessoas pretas. Além disso, o Roma Negra tem a intenção de quebrar estereótipos. O povo preto pode e deve frequentar lugares de alta gastronomia, de consumo de carta de vinhos etc”, afirma a afro-empreendedora Mônica Tavares.
O casarão, que foi cedido após parceria com Ângela Rabelo, antiga proprietária do restaurante Romã, vai contar com dois espaços: um exclusivo para o restaurante e outro de bar. Mais que um espaço de celebração da gastronomia da diáspora africana, o Roma Negra pretende ser um polo cultural da região. Ritmos como jazz, afrobeat e o samba de recôncavo terão um espaço reservado na casa. A gestão cultural ficará sob comando de Ziati Comazi.
Além disso, o restaurante pretende trabalhar a integração e valorização com as artes e a região. Durante as obras de recuperação do espaço, uma antiga pintura do grafiteiro e artista plástico Flávio Oliveira, que morreu em 2021, vítima de Covid-19, foi descoberta. A pintura de uma Frida passa por um processo de restauração e será mais um dos atrativos do espaço.
Na pauta do Roma Negra, também há espaço para o social: parte da arrecadação do restaurante será destinada para a compra de cestas básicas que serão distribuídas entre famílias carentes do Centro Histórico, por meio do projeto Minha Cesta.
Gastronomia A cozinha do restaurante será capitaneada pela chef cozinheira e gastróloga Carolinna Esteves. Com formação em cozinha internacional pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Carollina é pesquisadora da cozinha sertaneja, regional e ancestral e trabalhou com curadoria de receitas, ministrou oficinas, palestras.
A chef colaborou também com projetos e editais voltados a cooperativas compostas por mulheres da região Sisaleira, dentre outros de fomento ao empreendedorismo feminino local. Ela é, ainda, do Mói Comida Honesta, um projeto voltado para a agricultura familiar e que tem como base o respeito ao alimento em todas suas etapas.
"Para esse novo desafio, a ideia é explorar os produtos de origem africana, mantendo como referências as receitas tradicionais, adaptando-as à comida brasileira, sertaneja, baiana e regional", conta Carolinna.
Administrado por mulheres negras, o Roma Negra também tem investidores negros - Antônio Marques, Cinthia Maria do Carmo Gomes, Marie Lohata Reine Adelaide e Caio Nascimento.
Espaço de empreendedorismo negro, o Roma Negra pretende se consolidar como local de valorização da cultura afro, de circulação do black money (dinheiro preto), a fim de garantir um espaço gastronômico e cultural para todos.