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Armada com pistola, mulher rendia seguranças de banco para entrada de quadrilha


 

Gabriele da Silva Santana, 26 anos, integrava bando, que segundo Polícia Civil, arrombou quatro agências esse ano

  • Bruno Wendel

Publicado em 11/07/2017 às 15:03:00
Atualizado em 17/04/2023 às 07:45:09

Ela, bem vestida e maquiada, era responsável por atrair a atenção dos seguranças para então a quadrilhar agir. Ele, que foi soldado do Exército, além de também participar das abordagens, era o armeiro do grupo. Com as prisões de Gabriele da Silva Santana, 26 anos, e Evilásio Araújo de Souza, 23, a Polícia Civil desestruturou uma quadrilha especializada em arrombamentos de caixas eletrônicos que vinha agindo em Salvador e Região Metropolitana.

A quadrilha é responsável por quatro ações neste ano. Só no mês de março foram três. No dia 4, arrombaram os caixas eletrônicos da Companhia Baiana de Pesquisa e Mineração (CBPM), no Centro Administrativo do Estado da Bahia (CAB).

No dia 10, foi a vez do Instituto de Ciências e Saúde (ICS) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), no Canela, que teve os caixas destruídos. Em Simões Filho, na RMS, arrombaram os terminais eletrônicos da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic), no dia 13. Nas três ações, os criminosos fugiram com armas e coletes a prova de balas dos seguranças.

Já no dia 5 de junho, também em Simões Filho, a quadrilha não teve tanto êxito. O alvo dos criminosos foi uma das lojas da rede de supermercado Todo Dia. Na ocasião, Wagner Viera dos Santos, 26, um dos integrantes do bando, foi morto em um confronto com a chegada rápida da Polícia Militar. O restante da quadrilha fugiu com uma certa quantia dos caixas do supermercado e com armas e coletes dos seguranças. Evilásio Araújo de Souza, apresentado pela Polícia Civil: ele era soldado do Exército e armeiro do bando(Foto: Bruno Wendel/CORREIO)Os valores roubados pela quadrilha não foram informados pelas instituições financeiras. O bando é investigado ainda em outras duas situações. Segundo o delegado Marcelo Sansão, diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), todos os integrantes da quadrilha tiveram as prisões preventivas decretadas pela comarca de Simões Filho.

“Já pedimos também as prisões referentes às ações em Salvador”, declarou. Alegando "questão estratégica", o delegado não informou quem são e quantos fazem parte do grupo. “Mas podemos dizer que estamos bem perto de termos êxito”, declarou.

De acordo com Sansão, de janeiro a 10 de julho do ano passado, foram registrados 44 casos de ações criminosas contra instituições financeiras na Bahia. Já no mesmo período deste ano, foram contabilizados 27 casos – uma redução de 38,6%.

AçãoA quadrilha agia da seguinte forma. Bem arrumada, Gabriela era a primeira a entrar nos estabelecimentos. “Ela chegava sem levantar suspeita. Em alguns casos, chegamos inicialmente a desconfiar da participação dos seguranças. Mas quando vimos algumas imagens, não era nada disso. Gabriela estava armada (pistola) e rendia os seguranças, possibilitando a entrada do restante da quadrilha, que então estourava os terminais”, declarou o delegado Marcelo Sansão.

A quadrilha costumava agir usando pistolas. “Em todos as ações eles roubavam aos coletes e as armas dos seguranças para se armarem ainda mais”, disse Sansão. De acordo com as investigações da Polícia Civil, Evilásio era o armeiro do bando. “Ele foi soldado do Exército e era ele quem ensinava o manuseio das armas”, disse o delegado.

Prisões Através das investigações, a polícia passou a monitorar a quadrilha. Grabriela e Evilásio foram presos quando se preparavam para fugir. Eles foram informados pelos advogados que a polícia tinha solicitado à Justiça que o processo tramitasse em sigilo. “Muito provavelmente os advogados disseram pra Gabriela e Evilásio, que por sua vez planejavam a fuga. Só que eles não contaram que paralelo a isso, um dos delegados do Draco soube que as prisões foram decretadas”, contou Marcelo Sansão.

Grabriela e Evilásio são vizinhos e foram pegos na casa dela, em São Caetano. “Encontramos algumas roupas usadas pela quadrilha identificadas pelas imagens das câmeras”, disse o delegado.

Durante apresentação à imprensa, Evilásio negou o crime apesar das evidências. “Não assumo nada”, disse ele. Já Gabriele não participou da apresentação. O advogado dela conseguiu um impedimento na Justiça.Os dois presos possuem passagem por porte ilegal de arma de fogo e roubo a banco na cidade de Conceição do Jacuípe, sendo que Gabriele já foi presa por roubo em Irará e Evilásio responde por agressão a sua ex-mulher em Salvador.