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'Nasci de novo', diz taxista baleado na cabeça em assalto no Parque São Cristóvão


 

Somente neste mês de março já foram 43 taxistas assaltados, segundo AGT

  • Bruno Wendel

Publicado em 02/04/2019 às 11:39:00
Atualizado em 19/04/2023 às 15:15:09
. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Pode se dizer que o taxista Epifânio Jesus de Almeida, 48 anos, hoje tem duas datas de aniversário. Oficialmente, Epifânio nasceu no dia 21 de janeiro de 1971, mas ontem à tarde a vida lhe deu de presente mais uma chance: ele foi baleado de raspão na cabeça durante um assalto no bairro de Parque São Cristóvão. “Pensei que havia chegado o meu fim. Nasci de novo”, contou ele ao CORREIO emocionado. 

Antes do disparo, o taxista foi espancado pelos criminosos que insistiam para ele entrar na mala do próprio carro, um GM Prisma, deixado pelos criminosos logo depois. O caso foi registrado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV) e quatro homens estão sendo procurados pela polícia. Esta foi a segunda vez que o taxista foi assaltado em quatro meses. 

De acordo com Associação Geral dos Taxistas (AGT), no mês de março deste ano foram 43 assaltos a taxistas contra 27 do mesmo período do ano passado. “Trabalhamos com medo. Saímos de casa e não sabemos se voltaremos”, declarou Ademiltom Paim, presidente da AGT. Epifânio segura chave do táxi: revólver apontado para cabeça (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Assalto Com várias lesões pelo corpo, o taxista Epifânio conversou com o CORREIO na manhã desta terça-feira (02). Ele foi à DRFRV retirar o carro, recuperado pela polícia ainda dentro do Parque São Cristóvão. 

Ele contou que estava parado numa fila de táxi em frente ao Shopping da Bahia quando chegaram dois rapazes e pediram a corrida para o Parque São Cristóvão, por volta das 15h. “Inicialmente estranhei porque os rapazes estavam muito bem vestidos e com várias sacolas de comprar, mas tinham pedido para ir ao Parque São Cristóvão, local que a gente evitar ir por causa da violência. Mas acabei aceitando”, contou o taxista.

Durante no trajeto, nada, até então, havia aguçado a atenção de Epifânio, a não ser quando o táxi entrou numa rua deserta. “O clima começou a ficar tenso. Percebi os rapazes agitados. Quando pensei em falar alguma coisa, logo apareceram dois outros homens e começaram a bater no vidro do carro que estava com a velocidade mais reduzida. Foi quando um dos comparsas que já estava dentro disse: ‘perdeu, perdeu’”, relatou o taxista. Tiro Epifânio foi obrigado a sair do táxi e foi levado para trás do veículo. “Queriam me colocar na mala e eu resistia, foi quando começaram a me bater socos, muitos socos. Teve uma hora que acabei caindo sentado na mala e um deles apontou um revólver para a minha cabeça. Vi que no tambor só havia uma bala e então resisti. Sabia que estava errado, mas me matariam com certeza. Então, na luta, a arma disparou e depois vi o sangue escorrendo em minha testa e eles se afastaram”, detalhou o taxista.

Nesse momento, os bandidos ficaram desesperados, mas um deles, que estava menos nervoso, disse: “Não atira mais não. Ele é um pai de família”. Então, os bandidos saíram no carro que foi abandonado a poucos metros do disparo. Epifânio foi socorrido o posto de saúde do Parque São Cristóvão. 

Novamente Esta não foi a primeira vez que Epifânio foi assaltado. Em novembro do ano passado, ele estava novamente em frente ao Shopping da Bahia quando dois homens entraram em seu táxi. O destino era o final de linha de Alto do Cabrito.

“Mas quando chegamos logo no bairro, os dois anunciaram o assalto. Levaram tudo que é meu: carteira, dinheiro e celular”, relembrou o taxista. Desta vez não levaram o carro e nem o espancaram. 

Epifânio é casado e tem dois filhos - um de 15 e outro de 8 anos. " Sou motorista de caminhão, mas não consigo trabalho. Desde o primeiro assalto, em novembro, pensava em desistir, mas não consigo trabalho. Vou continuar trabalhando por que tenho dois filhos pequenos para sustentar", declarou.