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Restos de baleia encontrada morta no Jardim de Alah são retirados de praia


 

Ao todo, oito toneladas do animal foram levadas para o CIA

  • Raquel Saraiva

Publicado em 25/06/2018 às 10:26:00
Atualizado em 18/04/2023 às 13:54:06
. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

É improvável que a baleia jubarte encontrada morta no domingo (24) na praia do Jardim de Alah seja a mesma localizada ferida na última sexta-feira (22) no ferry-boat em Salvador. O animal da praia era um macho jovem com até 2 anos. "É difícil identificar as causas da morte devido ao estágio de decomposição deste animal", afirma o biólogo Sérgio Cipolotti, do Instituto Baleia Jubarte (IBJ), que acompanhou a retirada da carcaça da praia.

Ele confirmou ser improvável se tratar do mesmo cetáceo que encalhou no ferry-boat por conta do avançado estado de decomposição - a estimativa é que o animal encontrado na praia do Jardim de Alah tenha morrido há pelo menos cinco dias.

A informação de que se tratava do mesmo animal havia sido repassada, no início da manhã, pelo gerente operacional da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb), Marco Bandeira. 

Os restos do animal começaram a ser retirados nesta segunda-feira (25). A baleia que encalhou na última sexta-feira no terminal de São Joaquim se debateu por mais de uma hora até conseguir sair por conta própria.

O mau cheiro exalado pelo animal na praia surpreendia e enjoava quem passava na região. Na calçada, mesmo onde nem se via o mamífero, as pessoas cobriam o nariz com a mão ou com a camisa. “Deve ser um esgoto”, comentou um homem que caminhava no local. O vento que vinha da praia espalhou o fedor nos dois sentidos da Avenida Octávio Mangabeira. O mau cheiro resulta dos gases gerados na decomposição da carcaça.

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Até os curiosos se afastaram - o único que assistia ao trabalho dos 12 funcionários da Limpurb na praia era o músico Marco Jones, 43 anos, que teve que começar a segunda-feira com o fedor dentro de casa. 

“A gente acordou com o fedor. Horrível, insuportável, tava sem saber de onde vinha. O porteiro disse que era a baleia e eu vim ver", conta o músico que mora em frente ao local onde o animal morto encalhou, próximo ao Chalezinho.

Operação Os restos do animal de oito toneladas foram afastados da água e cortados por funcionários da Limpurb com o auxílio de uma retroescavadeira. Na operação, que foi iniciada no início desta manhã e acabou por volta de 12h30, a maior preocupação era afastar da água os restos da baleia. 

"É mais difícil retirar o animal que morre na água, porque temos que cortar no facão. A escavadeira não entra na água, e a motosserra desliza na gordura do animal", explica Marco Bandeira, gerente operacional da Limpurb. 

Após serem levados por um trator até uma caçamba da Limpurb, os pedaços serão transportados até o aterro sanitário do CIA, onde ficarão enterrados. 

No mesmo dia em que a baleia encalhou no ferry-boat, um tubarão-martelo foi morto na praia de Armação. Pescadores se assustaram com a presença do animal e atiraram nela com arpão.

Encalhes O número de encalhes deve aumentar a partir de agora por causa do início da temporada de migração das jubartes ao litoral brasileiro. As jubartes permanecem nas águas do hemisfério sul de junho/julho até novembro/dezembro, quando retornam para o hemisfério norte. 

Em 2018, oito encalhes já foram registrados no Brasil, segundo o Instituto Baleia Jubarte - em 2017 foram registrados 128. Elas viajam até 8.000 quilômetros para o hemisfério sul a fim de se reproduzir.  “As baleias encalham porque estão debilitadas, na sua grande maioria por causas naturais. Se ela encalhou ali, estava com algum problema”, acrescenta Marcovaldi.

A probabilidade de sobrevivência de uma baleia após o encalhe é baixa, de acordo com a bióloga marinha Luciana Leite.  "Elas dificilmente sobrevivem. O resgate é muito difícil porque são toneladas que precisam ser deslocadas e não temos material necessário para auxiliar. Muitas vezes dependemos de barcos de pescadores que voluntariamente ajudam no resgate, rebocando o animal. Mesmo nos casos em que o resgate é impossível, há uma preocupação em manter o bem-estar animal e diminuir o nível de estresse até que ele venha a óbito naturalmente", explica Luciana Leite.

Veja o que fazer se encontrar uma baleia encalhada:Isole a área e entre em contato com o Programa de Resgate do Projeto Baleia Jubarte - outras espécies de baleias, lobos marinhos botos e golfinhos também são atendidos. Sede da Praia do Forte:  (71) 3676-1463 ou 8154-2131 Sede de Caravelas (sul do estado): (73) 3297-1340 ou 98802-1874 (ligações a cobrar são aceitas);   Não toque e nem se aproxime, além do tamanho e do peso que podem oferecer riscos, animais encalhados, vivos ou mortos, também podem transmitir doenças aos seres humanos;   Animais domésticos, como cães e gatos, também precisam ficar longe do local, pelos mesmos motivos;   Não se aproxime da cauda - são animais grandes em situação de debilidade física, que podem se tornar ariscos com a aproximação de outros indivíduos e causar ferimentos;   Não tente salvar o animal ou devolvê-lo ao mar se ele estiver com vida - o trabalho deve ser feito por especialistas;   Evite respirar o ar expirado pelos animais; nunca toque e ingira nada do animal morto.   Tire fotografias do animal, para possibilitar a identificação da espécie e documentação do caso *com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier