Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Jolivaldo Freitas
Publicado em 19 de dezembro de 2018 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), preocupada com o que o título acima preconiza, fez uma importante parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) e lançou a campanha “A hora do bebê: Pelo direito de nascer no tempo certo”. Acredite que é para chamar a atenção dos médicos e das mães para a necessidade de se realizar o parto normal e dentro do prazo que a natureza manda. Viu-se que existe a necessidade de se conscientizar as futuras mães e também a rede de atenção obstétrica para o elevado riscos da consumação de cesáreas sem indicação clínica. Coisa que no Brasil virou ordinário e ninguém mais presta atenção ou tem noção do problema.>
O motivo de tanta preocupação da ANS é a constatação de que no período anterior ao Natal ocorre o aumento de cesarianas e quando chega o final do ano constata-se uma redução preocupante. O que isso significa? Que os médicos obstetras estão antecipando os nascimentos para antes das festas de fim de ano, acredite! Antecipam para aproveitar também o início do Verão. Todo mundo quer viajar.>
De acordo com textos publicados nos jornais - que copio aqui -, a ANS demonstra que, em 2017, a média de cesarianas na semana de 24 a 31 de dezembro foi 20% menor do que a média semanal do ano, enquanto a média entre 16 e 23 de dezembro foi 9% maior do que a média anual. Isso indica agendamento dos partos que ocorreriam na semana entre Natal e Ano-Novo. Em 2016, houve diminuição de aproximadamente 40% no número de cesáreas realizadas no período de 24 a 31 de dezembro, comparado com a média semanal de cesarianas.>
Segue o texto observando que o certo é que existem evidências científicas de que bebês nascidos de cesarianas são internados em UTI neonatal com mais frequência e, quando não há indicação clínica, a cesariana pode aumentar o risco de morte da mãe e as chances de complicações respiratórias para o recém-nascido. Isto porque se o parto for realizado antes das 39 semanas de gestação, o nascimento pode ocorrer sem a completa maturação pulmonar do bebê, além de o trabalho de parto também completar o ciclo de amadurecimento do bebê.>
Na cesárea, o bebê perde contato com bactérias que fortalecem seu sistema imunológico. O trabalho de parto completa o ciclo de amadurecimento do bebê. Gera mais vínculo entre mãe e filho. A ANS critica os médicos e está certa porque antecipar o parto para uma cesárea só é justificado, segundo os especialistas, no caso de risco para a saúde da mãe ou do bebê. Existe, sim, uma cultura de agendamento. A motivação, conforme foi levantado pelas autoridades, não é no sentido clínico. Na verdade, segue a rotina dos médicos saírem de férias. Ou mães que querem também curtir as festas e o sol, sem saber que é arriscado manter um filho que nasce de cesárea numa UTI neonatal. Mas, no Brasil, está cada vez mais difícil a consciência do parto natural. São muitos os fatores, as ingerências e falta de consciência. Nem índio quer mais fazer parto de cócoras.>
Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista>
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores>