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Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2018 às 15:09
- Atualizado há 2 anos
É praticamente um clássico: diante de dificuldades na área de marketing e publicidade, muitas vezes a primeira tentação e solução mais comum é partir para a mudança de pessoas e organização da área e das agências que cuidam das contas decorrentes, sem tentar encontrar os verdadeiros problemas do produto/serviço, na forma com que a empresa opera seu marketing e comercial, na qualificação das pessoas envolvidas e na relação com a agência.>
Trata-se da busca pela solução mais rápida, mais fácil e aparentemente mais eficiente, mas não resolve a dificuldade e o problema para valer e pode comprometer a eficácia no longo prazo, pois se acaba entrando em um círculo vicioso de se buscar alternativas falsamente transformadoras, que sempre ficam na superfície da questão e não atacam suas verdadeiras causas e promovem mudanças sólidas e duradouras.>
Isso explica grande parte de dois fenômenos frequentes e disseminados por todos os principais mercados mundiais, inclusive o Brasil: a grande rotatividade nas lideranças e na estruturação do marketing e da publicidade e nas agências contratadas para as marcas que não decolam ou entram em uma má fase de sua existência.>
Esse “troca-troca” passou a ser um vício preocupante de nosso setor e tem funcionado como uma dependência a um remédio que vai perdendo gradativamente a eficácia ou, ainda pior, a uma droga viciante.>
No ano passado, a imprensa daqui e do exterior relatou recordes de mudança de agência, inclusive com a busca e adoção de alternativas menos ortodoxas, ainda em fase de experimentação e não validadas pela prática ao longo do tempo, ou que já haviam sido abandonadas por ineficácia, como a solução in-house. Essa situação reflete, como não podia deixar de ser, um ambiente muito instável nas áreas internas dos anunciantes, com as mencionadas constantes trocas de pessoas e estruturas.>
Para este ano de 2018, há previsões de que isso continuará nesse ritmo ou até será intensificado, na contramão do bom senso e como uma solução ruim para dois movimentos irreversíveis: o aumento da competição entre todas as categorias e empresas, por um lado, e o maior empoderamento e apatia dos consumidores, na outra ponta do processo de venda e compra.>
Não é nada fácil para as organizações enfrentarem essas duas realidades, que são inevitáveis e vieram para ficar. Mas estamos esquecendo as lições históricas das grandes marcas: um adequadomarketing mix, um posicionamento relevante, uma estratégia inteligente e sua consecução através de ações e companhas duradouras, que são atualizadas para manter sua pertinência e frescor, mas não abandonam o efeito cumulativo, que evita a nefasta situação de começar tudo de novo de tempos em tempos.>
Sejam as marcas centenárias que continuam liderando suas categorias, sejam aquelas que nas últimas décadas as desafiaram de forma efetiva ou estabeleceram novas categorias, a essência de seu sucesso está justamente nessa consistência e manutenção de um fio condutor permanente. O que passa tanto pela manutenção de estrutura e equipe interna mais estáveis e pela colaboração a longo prazo da(s) agência(s) certa(s).>
Não estou advogando a cristalização de processos, estrutura e pessoal e da mesmice de repetir indefinidamente as mesmas soluções. Pelo contrário, lembro a contribuição essencial da criatividade e da inovação para o marketing e a publicidade. Mas esses mecanismos renovadores têm que ser aplicados de forma evolutiva e gradativa, sem a ilusão de acreditar que reinventar a roda a cada momento seria a receita para se chegar a um sucesso cada vez mais difícil de se alcançar e manter.>