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Ivan Dias Marques: uma dor para sempre

  • D
  • Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 05:36

 - Atualizado há 2 anos

A dor de perder um ente querido nunca passa. A gente só se acostuma com ela. E, após nos tirar um pedacinho, essa dor nos muda, nos fortalece. Mas desde ontem, o que o Brasil menos quer é ser forte.O futebol é uma paixão nacional. É impossível não imaginar que a queda do avião da Chapecoense poderia ter acontecido com nosso time do coração. Que os companheiros de imprensa poderiam ser nossos colegas de mesa. É a empatia que uniu o país todo aos primeiros raios da manhã.Para outros, como eu, começou antes. No início da madrugada chegaram as primeiras notícias, no Twitter, do desaparecimento do avião, logo localizado. Com o ouvido ligado numa rádio colombiana, muitos se viraram no espanhol e na esperança. No começo, se falava em muitos sobreviventes. E com esse sentimento, de ‘que tudo vai ficar bem daqui a pouco’, não consegui mais desgrudar da intenet. Um resgatado, dois resgatados. O final feliz parecia certo.Mas a mesma esperança verde, como a Chapecoense, que nos encheu foi sendo dilacerada a cada golpe em espanhol que saía dos redialistas e voluntários e autoridades que participavam do resgate. O golpe final, em meio à chuva torrencial que caía no Cerro Gordo, foi devastador. A Chapecoense é como o mascote de todo torcedor brasileiro, é como o irmão mais novo. Clube pequeno, com redes sociais bem humoradas e uma gestão impecável. O Índio Condá mostrou que saber como gastar é mais importante do que ter o que gastar. Com um orçamento pequeno, mas muito profissionalismo, saiu da Série D para a Série A em seis anos. Desde 2014, quando chegou à elite, sempre é apontada como candidata ao rebaixamento, mas chega às últimas rodadas salva.Neste ano, contra qualquer prognóstico, chegou à final da Copa Sul-Americana. Seus jogos nas fases iniciais nem eram transmitidos. A classificação heroica para a final contagiou não só os cerca de 210 mil habitantes de Chapecó, como todo o país.A receita do clube é simples, apesar de poucos clubes conseguirem colocá-la em prática. Teto salarial respeitado, pagamentos em dia, respeito ao torcedor e profissionalismo na gestão.Não importa o tamanho do time de cada um. Todos queriam ser como a Chape. Envolver uma cidade inteira, um país. Surpreender, ser popular e querido. Ser exemplo. A Chape tem a emoção e a razão do futebol juntas.E é por isso que o país inteiro chora e se consterna com a tragédia. De fato, um pedaço de cada um de nós, apaixonado pelo futebol, ficou no Cerro Gordo na madrugada de ontem. Que a dor da tragédia nos una para, juntos, aprendermos a conviver com ela. Para sempre. * Ivan Dias Marques é subeditor de Esporte