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Paulo Leandro: A torcida do Bahia foi, de fato, uma torcida única

  • Foto do(a) author(a) Paulo Leandro
  • Paulo Leandro

Publicado em 1 de maio de 2017 às 14:51

 - Atualizado há 2 anos

A torcida do Bahia fez valer o conceito de única e levou toda sua singularidade à Arena Fonte Nova para apoiar o time rumo a uma vitória alegradora sobre o coirmão, credenciando-se a duelar com a torcida do Santa Cruz ou do Sport de Recife pelo título regional.Foi, aritmética e espiritualmente, de fato, uma torcida única. Impôs seu próprio ritmo ao time, fazendo valer a camisa 12, reativando o perfil de torcida agitada, participativa, capaz de levar o time pra frente no grito. “Ninguém nos vence em vibração” impregnava a alma grupal tricolor.Está na origem da torcida do Bahia esta vocação para o grito e a alegria. Nos primeiros anos de vida, anos 1930, quando a torcida era pequenina, os primeiros tricolores (que eram chamados de “azulinos”) ficaram famosos nas crônicas esportivas por sua capacidade de fazer zoada.Batia-se com os pés com força no madeirame onde se penduravam os torcedores: local do Campo da Graça chamado pombal. Com o crescimento da torcida, o que era necessário virou perfil identitário: portanto, levar o time à frente, no grito, é hábito antigo e faz parte do Baêa.

Na cidade, o reflexo do pós-jogo já se fazia sentir no início da noite de ontem. O cenário atualizou um premiado e histórico anúncio publicitário dos anos 1980. Na propaganda, um grupo de operários trabalhando e a frase “Quando o Bahia ganha, a obra adianta”.

Precisávamos de um grupo de pesquisa trabalhando a antropossociologia do Bahia para testar a hipótese, mas é bem provável que a segunda-feira seja mais produtiva para grande parte da Salvador que trabalha, pois sabe-se do impacto positivo da alegria na prestação de serviço.A depender do faiscar dos olhos de Tio Zóio, a lavagem de carros hoje é especial. Curtindo o pós-Ba-Vi, Tio Revolta, seu Edvaldo, Zoninho, Robertinho e os membros da ordeira porém vibrante Torcida Bachopp representam fragmento revelador da pluralidade do universo tricolor. Nestes momentos de festa, é preciso lembrar que trata-se da única torcida a ter um hino do clube composto exclusivamente para ela, na primorosa obra de Adroaldo Ribeiro Costa que serviu para a campanha dos “Dez mil sócios, nenhum a  menos”, nos anos 1950.E hoje, 60 anos depois, cantando este mesmo hino, a torcida do Bahia se habilita a ganhar o título do Nordeste. Pode parecer pouco para um clube que cintila duas estrelas nacionais, mas é o possível agora, depois da precoce eliminação pelo Paraná na Copa do Brasil.Outros dois clássicos virão para confrontar rubro-negros e tricolores, mas a satisfação de ter avançado na principal competição da região Nordeste faz a torcida do Bahia começar a semana com maior potência de agir, visando repetir a dose nos duelos do Campeonato Estadual.A torcida do Vitória já estava até acostumando-se a tratar a do Bahia como freguesa, mas o respeito pode ter voltado com a derrota sofrida no clássico. Resta verificar, agora, se o Bahia volta a ser hegemônico, fazendo barba e cabelo, ou a dupla Ba-Vi vai dividir o acarajé.Paulo Leandro é jornalista e prof. Dr. em Cultura e Sociedade