Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.
Dom Sergio da Rocha
Publicado em 31 de agosto de 2021 às 05:54
- Atualizado há um ano
O terremoto de magnitude 7,2, ocorrido dia 14 de agosto no Haiti, causou grande número de vítimas, com mais de dois mil mortos, inúmeras pessoas feridas, desaparecidas e famílias desabrigadas. O triste cenário da pandemia foi agravado muito com os rastros de destruição do terremoto. Contudo, o ritmo frenético de notícias a respeito de sucessivas tragédias no mundo globalizado pode levar ao seu rápido esquecimento, passada a comoção inicial, ou à indiferença. Ao desaparecer da mídia uma catástrofe vai desaparecendo dos olhos e do coração das pessoas, como se tivesse deixado de existir.
A tragédia brutal que se abateu sobre o Haiti deveria comover, fazer pensar e agir de modo solidário, pois suas consequências continuam a causar sofrimento e morte. Nós formamos uma grande família que habita uma casa comum, como tem nos recordado o Papa Francisco, em diversas ocasiões. Não podemos ficar indiferentes diante da dor, do luto e da incerteza. Unidos ao Haiti, nos sentimos atingidos pelo terremoto. A nossa família é ferida de dor e de morte. Contudo, é preciso ir além da comoção, através de iniciativas pessoais e comunitárias para expressar a solidariedade.
O quadro de dor e desolação já se encontrava presente antes, tendo sido agravado muito pelo terremoto e pela tempestade ocorrida poucos dias depois. Não se pode reduzir a explicação do atual quadro social haitiano aos fenômenos naturais ocorridos, pois isso não ajudaria a entender a presente situação e a traçar iniciativas justas e eficazes para a sua superação. As consequências de um fenômeno natural que se abate sobre a população, ainda que de proporções descomunais, como no Haiti, estão relacionadas à realidade social em que se vive. Por uma tragédia natural, pode-se não ter culpa. Por situações de miséria, corrupção e violência, é preciso assumir a responsabilidade. Elas estão espalhadas no mundo, agravando-se em casos de catástrofes naturais, das quais os pobres são sempre as maiores vítimas. A catástrofe natural revela a gravidade da crise social.
O momento deve ser de reflexão e de chamado à responsabilidade no socorro imediato às vítimas e perante o gigantesco desafio da reconstrução. O Haiti precisa ser reconstruído com a ajuda da Comunidade Internacional, desafiada à globalização da solidariedade. Mas são necessários também corações solidários e mãos estendidas, de modo espontâneo, pessoal e comunitário. Dentre os gestos de solidariedade em curso, empreendidos por diversas instituições, está a Campanha SOS Haiti lançada pela Cáritas Brasileira e CNBB. No socorro às vítimas e à reconstrução do país caribenho, a fé desempenha papel fundamental, iluminando e animando o caminhar dos haitianos e daqueles estão unidos a eles. A comunidade eclesial, mais uma vez, é chamada a testemunhar a fé em Cristo e o amor ao próximo através da solidariedade e da partilha.
Dom Sergio da Rocha é cardeal arcebispo de Salvador