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Violência escolar e seus impactos na aprendizagem

  • D
  • Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: .

Nos últimos tempos, tem sido comum tomarmos conhecimento de uma série de notícias envolvendo episódios de violência no ambiente escolar que acabam comprometendo o rendimento dos alunos e provocando uma sensação de insegurança no espaço sagrado do aprender.

Temos relatos de diversos tipos de violência que ocorrem no interior da escola como bullying, agressões físicas e verbais, furtos e roubos, conflitos entre professores e alunos que geram constrangimentos e mal-estar nos atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. Ademais, testemunhamos, frequentemente, notícias de arrastões, desavenças entre facções rivais, tiroteios, mortes e balas perdidas provocadas pelo fenômeno da violência urbana que atinge a sociedade brasileira atravessando os muros da escola, causando uma sensação de pânico e medo na comunidade escolar de diversos sistemas de ensino do país.

Nesse último caso, a escola se torna reprodutora da violência social na medida em que problemas do mundo externo interferem no desenvolvimento e efetividade do trabalho pedagógico realizado especialmente no sistema público de ensino: aumenta a incidência de registros de incivilidade, indisciplina e desrespeito à autoridade pedagógica, a evasão escolar dispara, profissionais da escola entram em licença médica em função de transtornos psicológicos variados gerados por exposição a situações de estresse e medo, os pais manifestam preocupação com a segurança de seus filhos no ambiente escolar, etc. Além disso, temos mais um agravante: o poder público não costuma dar uma atenção especial as condições básicas de funcionamento de uma unidade escolar, ou seja, a infraestrutura e segurança internas são precárias com ausência de recursos humanos e materiais necessários para um aprendizado mais eficiente e eficaz.

Quando mencionamos que a escola reflete a sociedade na qual está inserida, tal afirmação não é incorreta. A realidade brasileira nos apresenta uma série de contrastes e problemas entre os quais se destacam: espantosas desigualdades sociais e de renda, baixo nível de escolaridade (mais da metade da população acima de 25 anos possui apenas ensino fundamental completo) e considerável contingente de desempregados. Tais problemas produzem efeitos sociais como, por exemplo, aumento da violência urbana no país que repercute também nos espaços escolares.

Estudo divulgado mês passado pelo Unicef mostra que 32 milhões de crianças e adolescentes com menos de 18 anos vivem em condições de pobreza no Brasil, ou seja, além de monetariamente pobres (família com renda inferior a R$ 346 por pessoa por mês na zona urbana e R$ 269 na zona rural), estão privados de um ou mais direitos básicos como educação, informação (acesso à internet e também à TV), água, saneamento básico, moradia e proteção contra o trabalho infantil.

Se o poder público não ampliar o alcance de políticas socioeducacionais mais inclusivas e promover ações para tornar a educação escolar mais eficiente, atraente e segura para alunos, profissionais da educação, pais e comunidade, o Brasil continuará assistindo cenas vergonhosas de violência nos espaços escolares e estará fadado a ser o eterno “país do futuro” e “nossa escola uma calamidade”, como afirmara o saudoso Darcy Ribeiro.

*Antonio Lima da Silva é doutor em Educação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) e professor universitário

Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores.