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Amor inabalável: Quem é dona Iracema, a torcedora do Vitória que emocionou o país em vídeo viral

Do cigarro para espantar o nervoso às viagens pelo Brasil e Argentina, ela conta como o clube se tornou sua segunda casa. Ou melhor, a primeira

  • Foto do(a) author(a) Moyses Suzart
  • Moyses Suzart

Publicado em 6 de dezembro de 2025 às 06:00

Torcedora do Vitória, Dona Iracema
Torcedora do Vitória, Dona Iracema Crédito: Arisson Marinho

Só existem três coisas que dona Iracema não gosta de falar: sua idade, do rival e da possibilidade de parar de fumar. Conhecida na história do clube, esta torcedora de apenas 15 anos (ela nos assegurou que era esta idade, mas não mostrou o RG), de muita história e amor ao Vitória, teve seu rosto conhecido em todo o país num vídeo viral que a mostrava cantando no aeroporto, emocionada, em um dos jogos do Leão que seria fora de casa. Sem dúvida, ela é símbolo de uma característica crucial entre os rubro-negros: amor incondicional. E neste domingo (7), quando mais de 30 mil corações serão testados no Barradão, dona Iracema mostra outra qualidade. “Calma, pois o Vitória é para quem acredita, meu filho”, disse.

Para o jogo, ela já está preparada. “Vou fumar umas três carteiras de cigarro”, disse, apontando o lugar que ela fica nos jogos. Quando a procuramos para uma entrevista, ela disse para a conversa ser na sua casa. Quando perguntamos o endereço, foi na lata: “no Barradão”. Lá no santuário rubro-negro, Iracema tem boa parte de sua história cravada. “Aqui é minha casa. A outra é onde durmo. Aqui já ri, chorei e não abro mão. Uma vez estava operada, o médico proibiu, mas saí do hospital direto pra cá. Meus filhos tentaram impedir, mas não teve jeito. Vim ver o jogo”, lembra Iracema, conhecida como delegada pela torcida.

Onde o Vitória está, ela vai atrás. Este ano foi até para a Argentina ver seu clube na Sul-Americana. “Uma chuva, um frio, fumei bastante no dia para espantar o frio e o nervoso, né? Eu preciso do cigarro para me acalmar”, conta. Nas estradas da vida acompanhando o Vitória, já passou por perrengues que nem novinhos conseguiriam suportar. “Em Minas Gerais, estava num ônibus com a torcida e fomos encurralados, jogaram pedra, foi um sufoco. Todo mundo no ônibus aglomerado, um em cima do outro e eu lá”, completa.

Iracema nem sabe ao certo quando começou a paixão pelo Vitória. Ela acha que as cores atraíram, além de um dos ídolos do clube, Osni. De repente ela foi acompanhando, acompanhando e a paixão veio. Paixão, não. Amor de décadas. “Não falto nenhum jogo no Barradão. Não me pergunte, pois não lembro o último que não vim. Fora, sempre que posso, mas aqui, não falto”, conta. Tem tanta moral que, a partir do ano que vem, o seu check in para entrar no estádio será de forma automática. Ela não vai mais precisar reservar seu ingresso.

Torcedora do Vitória, Dona Iracema por Arisson Marinho

Para ela, não importa se não tem ninguém que vá com ela. Vai só. Ou melhor, com Nossa Senhora da Vitória. Uma vez, num jogo da Copa do Brasil, perdeu o horário e não tinha mais ônibus passando. Na época ainda não tinha Uber. “Fui andando, sozinha, até o São Rafael, em busca de um táxi, debaixo da chuva, tudo escuro, olha só a loucura. Meus filhos piraram. Aí você me pergunta: ‘faria de novo?’. É claro que faria de novo”, conta.

Seu vídeo viral foi na viagem do clube para enfrentar o Sport, em Pernambuco. Muito emocionada, cantava um dos cânticos da torcida, em que gritava e chorava. Ela disse que não tem nenhuma novidade nisso. Enquanto conversava com o CORREIO, falou da família, de sua vida, dos perrengues, mas toda vez que falava de sua paixão pelo Vitória, caía no choro. “É inexplicável. Amo meus filhos, Deus, mas o Vitória… Melhor nem dizer, né?”, conta.

Para o jogo deste domingo, contra o São Paulo, o Vitória precisa vencer e torcer para que um dos três não vença: Ceará, Fortaleza ou Santos. Dona Iracema sabe que não será uma tarefa fácil, mas nunca é. O que não pode é desacreditar. “Vamos vencer nosso jogo e Deus vai ajudar no restante. Mas se vier para o Barradão com espírito de derrotado, nem venha. Fica em casa. Aqui só entra quem acredita”, dá o recado.

Aposentada, Iracema não pensa no futuro. Ela só quer ser Vitória até não poder mais. que no caso, é quando morrer. E até nisso ela pensou. “Vai ser uma festança. Todos os convidados de Vitória, nenhum daquele time lá no meu velório. Muita festa e a torcida cantando nosso hino. Depois, quero ser cremada. Nem preciso dizer onde quero que derrame minhas cinzas, né? Registra aí no jornal: é para jogar no Barradão, no gramado”, pede dona Iracema. Está registrado, delegada! Mas queremos te ver durante muito tempo onde o Vitória estiver. Vai um cigarrinho aí?

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Vitória