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Roberto Midlej
Publicado em 5 de julho de 2025 às 05:00
Toda relação a dois está sujeita a oscilações: a fase de conquista; a paixão; o encantamento; o sexo; as brigas; as crises; as pazes; e, talvez, o fim. A atriz baiana Cyria Coentro, com 37 anos de palco, dedicou quase uma década de sua vida pesquisando textos de importantes autores sobre cada um desses momentos e encontrou algumas preciosidades escritas por Castro Alves, Clarice Lispector, Baudelaire, Maiakovski, Manuel Bandeira e outros gênios da literatura. >
Foi a partir dessa investigação que nasceu o espetáculo solo Love, que Cyria traz de volta a partir deste sábado (5), no Teatro Moliére, da Aliança Francesa. Embora seja construído a partir de uma costura de textos de diversos autores, o espetáculo não é um mero recital, garante a atriz, que divide a dramaturgia com Jackson Costa - que dirige a montagem - e a escritora Elisa Lucinda.>
“Sempre tive desejo de fazer um espetáculo que trouxesse uma coletânea de textos sobre o amor entre duas pessoas. Queria falar de todos os instantes de um apaixonamento: o tesão, a alegria, a euforia, a tristeza… Na peça, visito todos os lugares por que passamos quando nos apaixonamos ou nos relacionamos com alguém. São textos pinçados a dedo, com preciosidades da literatura mundial, sobre o amor”, afirma a atriz. >
A maior parte dos textos na peça vem de poemas, que, segundo Cyria, não são declamados: “É um texto de teatro vivenciado pela personagem. Ela vivencia essas emoções e conversa com a plateia. A partir de uma coletânea, conseguimos fazer um roteiro, como um discurso amoroso, uma conversa de uma pessoa com alguém que ela viveu”.>
Para a direção, Cyria convidou o amigo e parceiro de palco Jackson Costa, também muito interessado em literatura e, especialmente, poesia. Além de terem nascido no mesmo ano, 1966, a atriz vê muitas outras características em comum com o colega: “Ele é meu amigo-irmão e temos muitas semelhanças: entramos na Escola de Teatro juntos, trabalhamos juntos já em 1989, numa peça infantil chamada A Lenda do Piui. Além disso, temos em comum um jeito de recitar poesias, de maneira cotidiana, sem tom declamativo”. A parceria com Jackson deu certo: em 2014, quando Love estreou, Cyria ganhou o Prêmio Braskem de Teatro de melhor atriz. “Revisitar esse texto agora, 11 anos depois da estreia, é especial, porque estou mais madura, então é muito mais prazeroso”.>
Jackson e Cyria estiveram juntos no palco diversas vezes e a última vez não faz muito tempo: foi em Los Catedrásticos - Macetando o Apocalipse, que esteve em cartaz entre janeiro e abril deste ano. A peça, que satiriza as músicas de Carnaval e ritmos como o funk, tem também Maria Menezes e Zéu Britto no elenco. Neste segundo semestre, o espetáculo cômico faz uma turnê pelo interior da Bahia.>
Mas, se Los Catedrásticos descamba para o escracho, Love vai por outro caminho, bem diferente. E ambos agradam a Cyria. “Vivemos num parque de diversões: ator gosta de ambientes diferentes, de diferenças na qualidade de interpretação. É um exercício incrível! Amo estar em cena, fazer textos diferentes”.>
Quando estreou, Love representou para Cyria um desafio, já que era seu primeiro espetáculo solo. Depois, a experiência se repetiu em Animal, de Celso Nunes. “Gosto muito de solo, mas é solitário. Gosto da contracena, então é um desafio estar só. E, como sou ariana, gosto de desafios”, diz a atriz. Em Animal, Cyria interpretava uma professora de ensino médio que vivia um embate com os alunos, que não se interessavam pelo estudo.>
Hoje, Cyria também pode ser vista no streaming, na série Raul Seixas - Eu Sou, do Globoplay, em que ela interpreta a mãe do roqueiro baiano, Maria Eugênia. “A série é sobre Raul, então, a família entra como pano de fundo. Tive pouca informação sobre a Maria Eugênia real, porque a série é uma ficção, apenas baseada nela”, diz Cyria.>
SERVIÇO>
Love. Estreia sábado (5). Teatro Molière, na Aliança Francesa (Barra). Sábados (19h) e domingos (18h). Ingressos: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia)>