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Donaldson Gomes
Publicado em 26 de julho de 2025 às 05:00
Os governos do Brasil e dos Estados Unidos podem até estar em pólos opostos no cenário de disputa comercial, mas ainda assim têm algo em comum: conhecem muito pouco sobre o processo mineral aqui no Brasil. Faz tão pouco sentido o encarregado de negócios norte-americano no Brasil, Gabriel Escobar, procurar o Ibram, entidade que representa as empresas de mineração no Brasil, para dizer que os EUA têm interesse nos minerais brasileiros, quanto o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, responder que "ninguém põe a mão" no petróleo, no ouro e em outros minerais que o país tem. >
De um lado, o representante diplomático mais graduado do governo americano por aqui ignora um fato simples: não são as empresas do setor as responsáveis por discutir possíveis acordos sobre minerais críticos e estratégicos. Segundo o Ibram, foi este um dos pontos da pauta que motivou Escobar a solicitar uma reunião com a direção da instituição em Brasília. Um cada vez menos improvável acordo neste sentido, dada a escalada de tensões nas relações entre os dois países, deveria se dar numa conversa entre os dois governos. >
Como noticiamos aqui na última quinta-feira, o representante diplomático, que ocupa o cargo de embaixador interino, já que o governo Trump não designou um nome efetivo para o Brasil, demonstrou interesse na Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos em preparação pelo governo brasileiro, bem como iniciativas parlamentares nesse mesmo contexto. Vale repetir, um interesse totalmente legítimo, mas que deveria ser tratado com o governo brasileiro. >
Foi preciso que o presidente do Ibram, Raul Jungmann, explicasse melhor como funcionam as coisas por aqui. "Eu expliquei a ele que, como a Constituição determina que o subsolo e suas riquezas são da União, essa é uma pauta do governo", contou ao Jornal Nacional. "Pode vir a ser uma carta a mais na manga para os brasileiros, mas isso depende do que o presidente e o nosso negociador chave venham a propor", concluiu. >
Do outro lado da mesa, o presidente Lula apostou na retórica ao responder. Literalmente jogou para a plateia ao mandar essa durante um evento em Minas Gerais. “Temos todo o nosso petróleo para proteger, temos todo o nosso ouro para proteger, temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, bradou. “A única coisa que eu peço ao presidente americano é que ele respeite o povo brasileiro como eu respeito o povo americano”, completou para delírio da plateia. >
Se o objetivo era jogar para a torcida, o discurso funcionou perfeitamente, mas, em termos práticos, Lula ignora que empresas americanas, canadenses, inglesas, chinesas e de vários outros lugares do mundo já exploram as riquezas do subsolo brasileiro. E que não há nada de errado nisso, vale frisar.>
Há cerca de um ano, mostramos aqui neste mesmo CORREIO que uma multinacional norte-americana, a Energy Fuels, adquiriu 17 direitos minerários no Brasil, todos na Bahia. Na época, a empresa estava consolidando os números relacionados ao projeto, mas havia grandes expectativas de encontrar em áreas que englobam os municípios baianos de Prado, Alcobaça e Caravelas minerais como tório, lantânio e cério – todos cruciais para a transição energética. >
As terras raras (ETR) são elementos essenciais em produtos como monitores de TV, baterias de carros elétricos e equipamentos para a produção de energia. A corrida pelos minerais estratégicos deve movimentar, em todo o mundo, o equivalente a R$ 1,2 trilhão, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia. O abastecimento deste mercado pode render um acréscimo de receitas de até R$ 125 bilhões aos cofres dos países ricos nos recursos necessários.>
O Brasil possui a segunda maior reserva mundial dos minerais. É óbvio que estes recursos devem ser utilizados para a geração de riquezas no país. Quem tiver interesse precisa respeitar o caminho institucional e pagar o preço correto para ter acesso. E ao governo brasileiro cabe garantir que todo este potencial se converta em desenvolvimento e não se preocupar com respostas que só servem para bombar nas redes sociais. É só uma opinião. >
A jogada errada>
Ainda em Minas Gerais, o presidente Lula aparece em um vídeo se gabando de ser bom de truco, e que se Trump “estiver trucando” com o início do tarifaço de 50% contra o Brasil para o dia 1º de agosto, “ele vai tomar um seis”. A curiosidade levou a uma rápida pesquisa sobre o jogo e os seus conceitos. “Pedir um seis” é desafiar o adversário a aumentar a aposta, então ficam aqui duas perguntas. A primeira, o jogo que está sendo jogado é truco, ou xadrez? Perdoem o desconhecimento, mas o leigo aqui enxerga no truco um jogo de azar, ainda que demande a habilidade de blefar. Xadrez é estratégia e parece mais apropriado para o momento. A questão mais importante é a seguinte: vale a pena apostar o futuro do Brasil? Chamou bastante a atenção a reação dos demais integrantes do palanque de Lula. Em um vídeo nas redes sociais, é possível ver claramente o senador mineiro Rodrigo Pacheco, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira e até Rui Costa, da Casa Civil, todos bastante sérios e sem aplaudir o lance de truco do presidente. Na imagem, a única que aparece rindo é a primeira-dama Janja Lula. >
A preocupação de Trump>
Enquanto o mundo está em polvorosa com a chegada de 1º de agosto, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, volta suas atenções para outras questões. No último dia 20, ele ameaçou interferir em um acordo para a construção de um novo estádio de futebol americano em Washington DC, se a equipe do Commanders não voltar a utilizar o seu antigo nome. O time abandonou a alcunha de Redskins, peles vermelhas, em português, por conta do seu significado considerado pejorativo e ofensivo. A expressão era utilizada pelos europeus para se referirem aos nativos norte-americanos. “Posso impor uma restrição de que, se eles não mudarem o nome de volta para o original ‘Washington Redskins’ e se livrarem do apelido ridículo, ‘Washington Commanders’, não farei um acordo para que construam um estádio em Washington”, escreveu Trump em sua plataforma Truth Social. Não é possível que este homem não tenha nada mais importante para fazer, gente.>
memes da semana>
O morango do amor é o mais novo fenômeno das redes sociais. Do TikTok para as mesas, a sobremesa, que mistura morango brigadeiro e uma casquinha vermelha, tal qual a maçã do amor, foi o assunto da semana. >
Memes da semana entre 19 e 25 de julho de 2025
(Viu algum meme interessante e quer mandar para a gente? Encaminha para donaldson.gomes@redebahia.com.br)>
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