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Roberto Midlej
Publicado em 24 de maio de 2025 às 05:00
Em mais de 50 anos de fotografia elaborada, contundente e distribuída em todos os continentes, é duro chegar a um resumo tão suscinto. Para cada escolha outras dez ficam de fora. Às vezes, por serem tão icônicas, como a garota que nos olha firme na capa de Terra, um dos seus livros temáticos mais conhecidos, ou por terem se tornado quase o formato padrão de fotografar um tema, como a grandiosidade da natureza amazônica. >
Na profusão de fotografias disponíveis hoje nas redes, sobressai o frescor dos primeiros trabalhos, como a garota que lidera o protesto contra Salazar na Revolução dos Cravos. Na falta da fotografia, hoje guardada num cofre, temos a reportagem da Manchete que nos informa do colega brasileiro que ao flagrar o atentando contra o Presidente norte americano Ronal d Reagan, inspirou um novo protocolo de segurança e fez fortuna pessoal que lhe possibilitou expandir inclusive geograficamente os horizontes da sua fotografia. >
As crianças abandonadas que mereceram uma edição específica de seu livro Êxodos tinham que estar presentes, assim como essa composição quase surrealista dos bebês abandonados na Febem paulista. Em seus últimos trabalhos, a natureza se despe da presença humana e se apresenta em toda sua expressividade e exuberância. >
Sebastião Salgado, que estabelecia limites entre imagem e fotografia e chegava a converter seus arquivos digitais em negativos, por entender a volatilidade dos novos formatos, defendeu até o fim o caráter solitário, único e intrínseco da criação fotográfica que alimenta a memória humana frente ao mundo de imagens impermanentes.>