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Malu Mendes: conheça a baiana de 13 anos que já é uma estrela da ginástica aeróbica

Ginasta vem brilhando em competições infantis e juvenis: já foi terceiro lugar no Sul-Americano e é vice brasileira

  • Foto do(a) author(a) Roberto  Midlej
  • Roberto Midlej

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 06:00

Malu  com sua coleção de medalhas
Malu com sua coleção de medalhas Crédito: Marina Silva/Correio

O futuro da ginástica aeróbica esportiva brasileira pode estar em Salvador. Aos 13 anos, a baiana Malu Mendes já coleciona medalhas nas categorias juvenil e infantojuvenil: campeã baiana, vice-campeã brasileira, terceiro lugar no Sul-Americano e, certamente, vem mais por aí! Ainda neste ano, ela vai participar dos campeonatos Brasileiro, Pan-Americano e Baiano.

O interesse pela prática esportiva surgiu aos seis anos, quando Malu via as amigas fazendo ginástica rítmica e imitava os movimentos dela brincado. Aí, pediu aos pais - Diego Araújo e Stephanie Mendes - para frequentar uma academia. Começou a participar de campeonatos e a treinadora percebeu que a garotinha tinha vocação para a aeróbica. Fez uma transição rápida e, logo na primeira competição nacional de que participou, ficou em quarto lugar, depois de treinar por apenas quatro dias, para aprender a coreografia.

Hoje, Malu não troca a aeróbica por nenhum outro esporte, mesmo tendo que enfrentar uma rotina exaustiva, muito mais puxada que a maioria dos adultos tem. De segunda a sexta-feira, acorda por volta das 5h30 e vai para a escola, onde estuda no oitavo ano. Almoça lá mesmo e segue direto para os treinos no clube Adelba, que acontecem das 14h às 18h. Terminado o treinamento, é hora de enfrentar o crossfit ou a sessão de preparo físico, que vai até as 19h. Só chega em casa por volta das 20h, para jantar e dormir. Em casa, só consegue estudar no fim de semana.

Malu e a trinado
Malu e a trinado Crédito: Marina Silva/Correio

Mas ela não parece estar nem um pouco cansada. Ao contrário, revela muito entusiasmo e está cheia de planos. “Este ano, ainda quero pegar a final do campeonato Pan-americano, que vai ser no Uruguai. No Brasileiro e no Baiano, pretendo ser campeã”, revela a pré-adolescente que hoje compete na categoria infantojuvenil.

Escola

Apesar da correria e das viagens que precisa fazer para competir, o boletim escolar está sob controle. “Não é uma excelente aluna, mas está sempre acima da média, nunca fez recuperação”, diz a mãe de Malu, Stephanie. E sobra tempo para brincar? “Ah, elas brincam de ginástica!”, diz Stephanie, rindo. A alimentação também é regrada. A ginasta leva de casa a comida, que normalmente é feijão, arroz, salada, frango e macarrão. “Sempre tem que ter proteína e carboidratos”, observa Malu. Sanduíche em fast food e batata-frita? Só quando ela se permite dar uma escapadinha, mas é bem raro. O açaí está liberado, mas, claro, sem aqueles acompanhamentos cheios de açúcar.

A treinadora de Malu, Marília Borja Pires, diz que costuma conversar muito com as alunas sobre a escola: “É essencial. Sendo ou não ginasta, precisa estudar. E cobramos que as notas estejam boas. Mas a ginástica traz uma noção de responsabilidade e ensina as meninas a se organizarem e conciliarem a ginástica com os estudos”.

 Aos sete anos  no Tapete Mágico, promovido pela Federação Baiana de Ginástica
Aos sete anos no Tapete Mágico, promovido pela Federação Baiana de Ginástica Crédito: acervo pessoal

Talento e Disciplina

Marília destaca o talento de Malu, mas ressalta a disciplina da garota: “Além do talento nato, tem força de vontade, que é muito mais importante que ter talento. Já vi muitas vezes a força de vontade superar o talento. E ela tem os dois. Nada pode pará-la!”.

Além de ser a responsável pelo treinamento das meninas, Marília tem outra importante atribuição: cuidar delas nas viagens para competição. “A depender da quantidade de ginastas viajando, precisamos de mais acompanhantes. Mas eu fui professora de educação física, então me acostumei a acompanhar crianças”.

A primeira viagem de Malu para competir foi aos nove anos, quando foi a Gramado, no Rio Grande do Sul. Os pais, que costumam viajar para ver a filha competindo, não puderam ir daquela vez, mas a menina não teve dificuldade alguma de ir sem eles. Durante as viagens, que duram em média uma semana, a concentração é total até a competição. Não dá para passear nem estudar. Mas, quando passa a disputa, as ginastas têm direito a uma farra: uma divertida festa do pijama.

Acompanhada  dos pais Diego e Stephanie
Acompanhada dos pais Diego e Stephanie Crédito: Marina Silva/Correio

Diego e Stephanie não perdem a oportunidade de “corujar” a cria e sempre viajam para assistir a suas apresentações. É uma forma de deixar a filha mais segura. “Nas competições, só fico nervosa nas apresentações individuais. Em grupo ou trio é mais tranquilo, porque tem outras pessoas com você. Mas o nervosismo é só quando estou me preparando para entrar”, diz Malu. Mas a menina reconhece a importância do suporte da família.

Apoio

“Fico mais feliz quando sei que minha família está na arquibancada. Fico mais segura em saber que tem uma pessoa que amo muito ali do lado. Eles me ajudam muito! Se não fosse eles, já tinha saído há muito tempo”, reconhece a ginasta.

O talento para o esporte, tudo indica, é de família: a irmã de Malu, Bela, tem dez anos e ficou na décima colocação na Copa de Clubes sul-americana, entre 50 competidoras na categoria infantil. Em breve, ela participa do Pan-Americano e também do brasileiro.

Mas os pais tomam cuidado para que Bela não se sinta pressionada a obter as mesmas conquistas da irmã. “Sempre dizemos a ela que cada um tem sua fase, seu momento. Mas Bela foi muito importante para Malu, porque, na pandemia, Malu havia parado de treinar e só voltou depois porque a irmã continuou”.

Inicialmente, as viagens, inclusive internacionais, eram bancadas pelos pais. Mas há cerca de um ano, Malu foi contemplada com o FazAtleta, um programa estadual de incentivo ao esporte e, há poucos dias, o contrato foi renovado. Um alívio e tanto para os bolsos dos pais, afinal, somente no ano passado, Malu viajou para Uruguai, Itália e Peru.

Foi numa dessas viagens que Malu conheceu uma dupla que é exemplo para ela na ginástica aeróbica: Tamires Rebeca Silva e Lucas Barbosa, que, juntos, foram medalha de prata nas duplas mistas no mundial adulto disputado em Portugal. “Tamires é minha referência, é minha amiga. E Lucas é outra referência. No Uruguai, no Sul-Americano, eu estava com muitas dores e eles cuidaram de mim”, diz Malu sorrindo, cheia de orgulho. A rotina de Malu - sequência de movimentos que o atleta realiza nas apresentações - também já foi criada pela dupla brasileira.

Apesar das metas a curto prazo - ganhar as medalhas que ainda disputa este ano no Pan-Americano, Brasileiro e Baiano -, Malu ainda deixa o futuro em aberto. Não sabe se será uma profissional da aeróbica, mas espera continuar nos esportes, ainda que como fisioterapeuta. Só tem uma certeza: não quer ser engenheira como os pais. “Mas também tenho vontade de fazer dança”, revela a menina que, nessas horas, age como um típico jovem que quer experimentar um pouco de tudo.

Ginástica aeróbica começou nos anos 1970 e fez sucesso nas academias

Reconhecida hoje como uma prática esportiva profissional, a ginástica aeróbica surgiu a partir de estudos do cardiologista americano Kenneth Cooper. O médico realizou estudos sobre os benefícios dos exercícios aeróbicos para a saúde, com base na melhoria da saúde cardiovascular. Exercícios aeróbicos são atividades rítmicas e repetitivas que usam grandes grupos musculares, aumentam a frequência cardíaca e a respiração. É o caso de práticas como caminhada, corrida, natação, ciclismo e dança.

Foi a americana Jacki Sorensen que, com base nos estudos de Kenneth Cooper, criou a dança aeróbica nos anos 1970. A prática se tornou muito popular nas academias dos EUA principalmente nos anos 1980. A fusão da ginástica tradicional com a dança impulsionou a modalidade. O lançamento do vídeo Workout, da atriz Jane Fonda, em 1982, contribuiu para que a aeróbica se tornasse popular no mundo. Foi neste período que a aeróbica se tornou muito praticada nas academias brasileiras.

Nos anos 1990, as federações filiadas à Federação Internacional de Ginástica (FIG) solicitaram a inclusão da aeróbica como uma disciplina competitiva e o reconhecimento aconteceu em 1993.