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Priscila Natividade
Publicado em 24 de agosto de 2024 às 11:00
Quase um empreendedor para cada esquina. Dificilmente se passa por uma rua qualquer sem ver alguém ali que não esteja vendendo alguma coisa, seja formalmente ou informalmente. Hoje são mais de 1.154 milhão de pequenos negócios formais na Bahia. Destes, 819,9 mil são microempreendedores individuais (MEIs) e 355 mil micro e pequenas empresas. O empreendedorismo se tornou um dos setores produtivos que mais movimenta a economia baiana e gera empregos também. >
Os dados mais recentes são do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e dizem muito sobre a dimensão de oportunidades para os empreendedores diante de um cenário que exige cada vez mais sustentabilidade, inovação, competitividade e tecnologia, seja um negócio pequeno, médio ou grande. Atualmente, as principais atividades com maior número de Meis estão concentradas no comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (6,9%), seguido de cabeleireiros, manicure e pedicure (6,1%). >
Já as micro e pequenas empresas se destacam no comércio de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios como minimercados, mercearias e armazém (6,7%). Os desafios são do tamanho da vontade de ver seu negócio dar certo até porque empreender não é fácil. Exemplo disso é a marca baiana de roupas Preta Brasil (@preta.brasil). Criadora da Preta, que hoje tem duas lojas em Salvador e produz mais de 5 mil peças por ano, Luana Bomfim, deixou um emprego no Polo Industrial de Camaçari quando decidiu empreender e trazer um conceito diferente a uma moda que acolhesse o corpo feminino como ele é. Veja a seguir, como ela transformou o futuro do seu negócio. >
"Que roupa vai lhe acolher nesse momento? É aquela que te deixa confortável, bonita e não apenas cobre seu corpo. A Preta Brasil começou em 2005 quando eu ainda trabalhava no Polo Industrial de Camaçari como desenhista industrial. Já fazia colares para uso próprio e recebia muitos pedidos de amigas que se encantavam com eles e, naquela época, poucas marcas traziam essa estética valorizando nossas raízes africanas e indígenas. >
Quando decidi realmente que Preta Brasil seria minha renda única, montei o site das peças e fiz um investimento inicial, em torno de R$ 1 mil. Fomos crescendo gradualmente, participando de muitas feiras, exposições e congressos pelo país. Em 2016, a marca passou por uma virada de chave. Eu perdi minha filha aos 8 meses de gestação e essa dor me trouxe muito desespero e também uma necessidade enorme de acolhimento e aceitação dessa perda, e, inclusive, do meu corpo de puerpério não vivido de forma tradicional. >
Assim comecei a fazer roupas que acolhessem o meu corpo com as curvas que ele tinha naquele momento. Gosto de trazer um olhar de uma mulher real, com seus desejos, gostos. E assim fui construindo junto com minhas clientes uma relação forte de proximidade, admiração mútua e entregando o que elas desejavam e desejam até hoje: roupas que as acolham. >
Hoje geramos 10 postos de trabalho e o nosso faturamento anual fica em torno de R$ 400 mil. A Preta tem duas lojas, uma no Rio Vermelho e outra no Carmo. Todas as peças têm bolsos e o conforto é peça fundamental para a marca. Não adianta ter uma roupa bonita que não te dê segurança e praticidade. Em média, produzimos 5 mil peças por ano. Foram inúmeras participações no Afro Fashion Day, o que deu uma boa visibilidade ao nosso trabalho. Já vendemos também para fora da Bahia, com clientes no Rio de Janeiro, Amazonas, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe. Meu sonho hoje é poder aumentar minha capacidade produtiva. Esse é um desejo real. Acolher o corpo de todas as mulheres". >
Luana Bomfim é criadora da marca baiana de moda Preta Brasil (@preta.brasil). >
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