Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Thais Borges
Publicado em 11 de maio de 2025 às 11:00
Desde que a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) foi fundada, em 1951, a presença de estudantes e profissionais baianos só foi crescendo. Hoje, a Bahia é o terceiro estado com maior número de inscritos no vestibular para o campus de São Paulo - agora, inclusive, é possível fazer a prova aqui. >
Por isso, a Bahia e Salvador se tornaram prioridades no plano de expansão regional da instituição, que não tem fins lucrativos. “A Bahia é um estado importante para nós. Qual é o esforço que a gente faz para receber estudantes de outros estados? Estamos sempre em busca de talentos. Quanto mais talentosos a gente atrair, melhor vai ser o resultado”, diz o presidente da ESPM, Dalton Pastore, em entrevista exclusiva ao CORREIO. >
Apesar de oferecer cursos em Salvador, a instituição não tem um campus próprio. Nos últimos dois anos, ofereceu cursos de curta duração e uma pós-graduação em parceria com a Rede Bahia, na sede do grupo. Pastore, contudo, acredita que um campus pode ser inaugurado até 2026. >
Isso porque, além da pós-graduação em Marketing Estratégico, Branding e Mídias, outros dois cursos estão sendo lançados agora em Salvador: a pós-graduação em Direito Digital e Negócios e o master em Comportamento e Ciências do Consumo. No momento, não há intenção de iniciar cursos de graduação aqui - esses ficarão restritos a São Paulo e Rio de Janeiro. >
“A Rede Bahia é um parceiro muito importante, porque está no setor de marketing, comunicação e criatividade e é uma empresa com um nível profissional e de talento excepcionais. É uma parceria que a gente preza muito. A gente foi para a Bahia para ficar”, enfatiza o presidente. >
Atualmente, a ESPM conta com nove cursos de graduação, além de mestrados e doutorados. “A gente tem a tradição de aprender antes de ensinar. Esses mestrados e doutorados servem para a gente estudar, aprender, treinar professores e fazer pesquisas avançadas”, diz Pastore. Por ano, passam 16 mil estudantes em todas as modalidades da instituição. Em abril, ele conversou com o CORREIO sobre os novos cursos da escola, os planos de ampliação e o diálogo com o mercado local.>
A ESPM está num momento de expansão que inclui Salvador. Quais são os planos de vocês para a cidade? >
Salvador está no plano de expansão da ESPM porque a gente percebe o interesse do mercado. Tem gente com muito talento, com muito empenho para aprender. Hoje em dia, no mundo em que a gente vive, acho que uma das características mais importantes de um profissional é a vontade de continuar aprendendo. Ninguém que sai hoje da faculdade está pronto para o mercado e não precisa mais estudar. Tem que estudar o tempo todo, porque tudo muda com uma rapidez muito grande. Sempre mudou, mas agora é muito mais rápido. A principal característica hoje deve ser a vontade de continuar aprendendo e a gente encontra isso no mercado baiano. Por isso, temos, sim, o plano de expansão para a Bahia e talvez alguns outros estados. >
É possível adiantar novos cursos que devem ser lançados?>
Já temos três cursos na Bahia e temos ampliado o portfólio da escola. Criamos a graduação de Direito em 2023 (em São Paulo). Esse é um curso com características muito diferenciadas e que certamente vai ser atraentes para estudantes e profissionais da Bahia. Tem todo o bloco de disciplinas do Direito clássico, constitucional, público, trabalhista, criminal. Mas, além disso, a gente acrescentou todo o novo Direito digital exigido por uma sociedade conectada, como LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), propriedade intelectual, inteligência artificial. A gente já tem uma pós nessa linha na Bahia e não é improvável que tenha outras no campo do Direito. Do marketing, sempre (deve ter novos cursos), porque o universo do marketing se expandiu demais.>
As pessoas que não são desse mercado confundem marketing com comunicação ou propaganda, mas ela é apenas uma das ferramentas do marketing. >
Tem previsão para um novo campus aqui?>
A gente está usando o espaço da Rede Bahia e acho que a gente está começando a abusar um pouco (risos). Era uma turma, agora tem três. São parceiros muito queridos, mas vai chegar um momento, provavelmente em 2026, que a gente vai começar a incomodar e precisa buscar um espaço maior. >
A gente começou (em Salvador) com um programa criado em parceria com a Rede Bahia chamado ‘Nem On, nem Off - All Line’. Era um programa bastante técnico, onde a gente ensinava a importância de saber usar as diferentes ferramentas de mídias online, offline e como elas trabalham em conjunto. >
Que tendências de mercado vocês observaram na Bahia? Quais são as maiores demandas por qualificação?>
Existe uma demanda grande, sempre, por marketing. As empresas estão percebendo que marketing é muito mais do que se imaginava. Não existe produção de riqueza sem marketing. Não existe nenhuma iniciativa pública, privada ou pessoal que tenha sucesso sem marketing. A Bahia não é uma exceção. A gente vai começar a ampliar nossa relação com empresas na Bahia, oferecendo cursos de treinamento - os cursos in company. >
Normalmente, uma faculdade tem um cardápio de cursos e faz adaptações para uma empresa. A nossa proposta é que a gente faz o curso para a empresa. A gente conversa com a diretoria, com o RH, vê que tipo de demanda tem e desenha o curso a quatro mãos. A gente monta o curso, seleciona professores, materiais. É tailor-made (feito sob medida). >
Para quando é? >
Isso é para já. Desde agora. >
Como vocês têm promovido a integração com as empresas locais? Como tem sido esse diálogo inicial com as empresas?>
O diálogo sempre teve, não é novidade. As empresas compram vagas em cursos para seus executivos. É bastante normal e é histórico. Praticamente todo mundo já comprou cursos com a ESPM, especialmente com o advento dos cursos online. O diferencial agora é a gente estar in loco, visitando empresas e desenhando a quatro mãos cursos específicos para a necessidade daquela empresa ou daquele grupo de executivos daquele determinado tema, naquele momento. >
Isso a gente vai começar a fazer. Já temos feito em São Paulo, um pouco no Rio de Janeiro e em Porto Alegre.>
De que forma as empresas podem reter esses talentos que buscam qualificação? >
Essa é uma questão discutida no mundo todo. As universidades internacionais, notadamente as americanas, também estão em busca de talentos. No Brasil, hoje, existem 66 colégios internacionais e obviamente as faculdades americanas vêm atrás desses estudantes brasileiros. Cerca de 30% deles vão embora para os Estados Unidos. >
Desses 30%, alguns voltam, outros acabam ficando nos Estados Unidos. O governo (Donald) Trump está prometendo uma medida executiva que garante, ao estudante estrangeiro que se forme numa universidade americana, o green card automático. Eles também querem reter esses talentos. Essa luta por reter talentos é de todos nós, porque é isso que vai levar à produção de riqueza e desenvolvimento. >
Fazemos todos os esforços de excelência acadêmica para tentar reter esses talentos dentro da ESPM no Brasil. Muitas empresas têm programas com o mesmo objetivo. Essa é uma agenda de todos nós - escolas, faculdades e empresas. >