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Larissa Almeida
Publicado em 3 de julho de 2025 às 05:00
Um dos alimentos mais queridinhos dos baianos, requisitado no preparo de diversos pratos, o tomate registrou a maior alta de preço do ano no mês de junho. De acordo com os boletins informativos de preço dos Centros de Abastecimento da Bahia (Ceasa), ao final do último mês, uma caixa de tomate de 20 kg a 22 kg foi comercializada para os mercados e feiras por até R$ 155, registrando um incremento de 19% no custo em comparação ao mês de maio e o maior preço do ano. Como reflexo, os consumidores se viram gastando o dobro para ter o produto na mesa de casa. >
Esse foi o caso de Marcelo Gomes, proprietário do restaurante La Cucina, que tem cozinha especializada na culinária italiana. Justamente por conta da tradição baseada em massas e molhos, o estabelecimento precisa ser abastecido constantemente com tomates novos e frescos. Segundo o dono, no último mês, foi preciso um jogo de cintura para controlar os gastos diante da mudança de preço do produto. >
"Teve uma alta de preço em junho. Eu, que costumo comprar sempre na Feira da Sete Portas, paguei R$ 6 pelo quilo em junho. Uns meses atrás, comprava o quilo por R$ 3. Quando o aumento acontece, a gente tenta equilibrar, porque não dá para aumentar o preço do cardápio toda vez que um insumo aumenta o preço. Então, paga mais em um, economiza mais em outro", conta Marcelo. >
O aumento quase passou despercebido pelas donas de casa que costumam comprar sem nem olhar o preço. No caso de Vera Lúcia Silva, 59 anos, foi uma surpresa descobrir que o tomate tinha subido tanto. “Da última vez que saí para comprar e reparei no preço, estava R$ 2,90”, afirma. >
Uma pesquisa breve no aplicativo Preço da Hora, que monitora o preço de produtos vendido nos mercados da Bahia, mostrou que o quilo da hortaliça estava custando R$ 5,99 na maior parte dos estabelecimentos no dia 30 de junho, sendo que o menor preço encontrado foi R$ 3,45 e o maior R$ 10,50. Uma nova pesquisa, nesta quarta-feira (2), encontrou valores entre R$ 2,99 e R$ 11,99. >
Em fevereiro deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou as estatísticas da produção agrícola, tendo janeiro como mês de referência. Desde então, foi estimado que as lavouras de tomate, com produção estimada em 183 mil toneladas, teriam queda de 48,4% na comparação com a do ano anterior. Tudo isso porque, como a maior oferta do produto estava derrubando os preços e preocupando os produtores, estes teriam diminuído a área produzida. >
Na Bahia, a microrregião de Irecê é a que mais produz tomate no estado. Segundo Wendell Miná, produtor da região que comanda os negócios na Fort Tomates, o baque causado pelo excesso de produto e alta competitividade no ano passado minguou o investimento de muitos produtores para este ano. >
“Em Irecê e região, diminuímos muito os plantios e, em vista os meses de maio e abril, diminuímos muito a área plantada. No Sudeste, o frio atrasou a maturação e diminuiu a oferta no mercado, o que foi um dos fatores primordiais para o preço ter ficado mais alto”, ressalta. >
Os maiores produtores de tomate são Goiás, com 1,5 milhão de toneladas ou 32,8% do total nacional; São Paulo, com 1,1 milhão de toneladas e participação de 24,0% e Minas Gerais, com 557,6 mil toneladas e participação de 12,4%, segundo dados do IBGE. Conforme indicativo de procedência da Ceasa, o tomate consumido pelos baianos vem do próprio estado e de Minas Gerais. >
Segundo o produtor de tomate William Santos, que é representante da WA Múltipla Distribuidora em Irecê, o primeiro semestre do ano é sempre o mais favorável para o ramo de tomate da Bahia, mas neste ano o produto rendeu bem abaixo do esperado diante da oferta de outras regiões do país. >
“Esse ano os preços estiveram abaixo e notamos que houve um consumo menor do tomate baiano pela existência de uma oferta maior do que a demanda – e olha que teve uma queda do plantio. Como consequência, vários produtores tiveram prejuízo, desanimaram, deixaram de plantar grandes áreas, e alguns não estão tendo mais condição de seguir. O custo da mão-de-obra subiu muito e o produto não conseguiu pagar a receita, o que contribuiu para o aumento de preço”, pontua. >
Quanto ao tomate vindo do Sudeste, mais especificamente de Minas Gerais, o que contribuiu para a alta de custo foi o tempo frio. “A falta de chuvas e o calor aumentam a velocidade de maturação dos frutos, imprimindo um aumento na oferta do produto nos mercados atacadistas, fazendo com que os preços caiam e, ao contrário, as chuvas e o frio prolongado reduzem a oferta, promovendo, normalmente, aumento nos preços”, explica o levantamento do IBGE. >