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Nove animais foram encontrados mortos em oito dias
Da Redação
Publicado em 11 de abril de 2023 às 20:41
- Atualizado há um ano
Moradores do município baiano de Rio de Contas denunciam o aparecimento de cães e gatos mortos com sinais de envenenamento, em diversas localidades da região. Nos últimos oito dias, ao menos nove animais foram encontrados sem vida. Todos os casos foram registrados em fotos ou vídeos*. Se somar os testemunhos dados por pessoas em grupos de troca de mensagens, o número sobe para 23.
O caso mais recente foi registrado na noite desta terça-feira (11), por volta das 18h30. Um vídeo enviado ao CORREIO mostra um cachorro agonizando, ao lado da Igreja de Nossa Senhora de Santana - um dos monumentos mais famosos da cidade -, no centro de Rio de Contas. Durante a manhã, outros dois cães foram encontrados já mortos, na mesma localidade. No entanto, um estava próximo a Secretária de Meio Meio Ambiente da cidade e o outro, ao lado de uma agência bancária.
Na segunda-feira (10), mais dois cachorros foram encontrados mortos na praça central de Rio de Contas. Além de lamentar a brutalidade praticada contra os animais, os moradores também temem que crianças que brincam na rua sejam contaminadas com o veneno posto para os cães. A protetora de animais e moradora da cidade, Graça Sales, 69 anos, testemunhou alguns casos.
“Essa prática cruel e covarde vem de muitos anos. De ontem [segunda (10)] para cá, vários outros crimes ocorreram na sede do município. Eu mesma vi o cadáver de um cão no centro da cidade, ontem [segunda (10)]. Soube de mais cinco casos pelas redes sociais. Hoje [terça (11)], havia o cadáver de outro cão, também no centro. Me disseram que havia outro na Praça do Landim”, conta a protetora.
Graça e outra protetora registraram um boletim de ocorrência nesta terça (11). Segundo a Polícia Civil (PC-Ba), o caso foi notificado como maus tratos a animais. “Uma pessoa registrou uma denúncia referente a um animal morto com sinais de envenenamento, no relato ele cita a possibilidade de outras mortes. O registro foi realizado na manhã de hoje e a apuração será iniciada”, diz a nota.
Repercussão Os primeiros registros, no entanto, foram feitos na última terça-feira (8), por Fábio Novais Carvalho, de 41 anos, em Marcolino Moura, distrito de Rio de Contas. Por volta das 5h da manhã, quando ele saiu para trabalhar, encontrou quatro animais mortos próximos uns aos outros, na comunidade.
"Vi um cachorro deitado na estrada e percebi que ele não estava se movendo. Pensei que tivesse sido atropelado. Quando cheguei perto vi que a boca dele estava espumando. Peguei para colocar no meu carro, mas quando eu voltei vi mais dois num jardim em frente a minha casa”, conta Fábio.
Ainda segundo ele, no momento em que foi tirar o terceiro cão da rua, encontrou uma sacola com restos de frango ensopados com um veneno líquido. Por causa do nervosismo diante da situação, ele encostou a mão com o veneno no rosto e passou dois dias com o nariz corizando.
“Esses foram os que eu vi. Segundo outras [pessoas] envenenaram mais um e depois mais quatro, em uma [área] de lixão. O negócio naquele dia foi feio”, acrescenta Fábio. O caso ganhou repercussão no Em Pauta News, um perfil de notícias local, agregado no Instagram.
Segundo a administradora da conta, a jornalista Marlúccia Araújo, há duas semanas, outros casos aconteceram em Boa Vista e Umbuzeiro dos Santos, também em Rio de Contas. No dia em que Fábio encontrou os corpos dos cachorros, a foto de um gato achado morto na mesma localidade também foi publicada no perfil do Em Pauta News. "Ontem, nos grupos de whatsapp, foram mais de 10 cães, hoje disseram ter 15. Esse eu não vi, só tive acesso a algumas fotos [veja abaixo]", conta Marluccia.
A Secretaria de Meio Ambiente de Rio de Contas informou que foi realizada, na semana passada, uma operação para investigar o crime ambiental de envenenamento de cães e gatos no distrito de Marcolino Moura, em parceria com a Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (Cippa) de Lençóis.
Ainda segundo a pasta, a prefeitura do município já havia denunciado casos anteriores e tentou formar diversas parcerias com a Polícia Civil (PM-Ba), para combater o problema, mas não teve êxito. A reportagem questionou a PC-Ba, mas até o fechamento desta matéria não teve resposta. A Companhia Independente de Polícia de Proteção Ambiental (Cippa) de Lençóis também foi procurada, mas não retornou
*Veja os registros aqui e aqui