Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 24 de abril de 2021 às 18:15
- Atualizado há 2 anos
A Comissão Intergestores Bipartite da Bahia (CIB) divulgou nota, neste sábado (24), através do site da secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) onde contesta a matéria publicada "Torre de Babel da vacina: com doses em falta, funil para fila tem critérios pouco claros", publicada na edição deste fim de semana do CORREIO. >
O comunicado também foi repostado pelo secretário de Saúde, Fábio Vilas-Boas, através de suas redes sociais. Fábio também é o atual coordenador da CIB.>
De acordo com a nota "o princípio elementar que guia as decisões da CIB é e sempre foi técnico, em essência, baseado nas ciências da saúde" e afirma que a "CIB sempre se moveu pelo interesse maior do usuário do sistema de saúde, jamais permitindo-se permear por quaisquer pressões, sejam elas de ordem social, econômica ou política". Leia a nota completa no fim da matéria.>
O CORREIO destaca que, como informado na matéria, buscou por 10 dias o posicionamento do CIB, mas sem sucesso. >
Através de sua assessoria de imprensa, o secretário de Saúde justificou a inclusão de psicólogos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos no grupo de prioridades, pois alguns deles fazem parte do quadro de funcionários de hospitais.>
"As unidades de saúde enviaram o nome de cada um dos imunizados e aqueles que atuavam de modo autônomo, como os médicos, fizeram uma declaração. Se fazia necessário ainda apresentar os seguintes documentos: carteira do conselho de classe mais cópia do último Imposto de Renda, ou comprovante atualizado de pagamento do ISS, contrato de Pessoa Jurídica ativo ou última nota fiscal. A vacinação é nominal. Caso isso tenha ocorrido, isso é uma exceção dentre as mais de 2,2 milhões de pessoas que foram vacinadas com a primeira dose", afirmou ele sobre os casos de profissionais vacinaos mesmo sem fazer parte da "linha de frente".>
O secretário ainda reiterou que a decisão dos grupos prioritários foi tomada em consenso por todos os 417 municípios da Bahia.>
Torre de Babel Na matéria em questão é questionada a formação da fila de prioridades da hora da vacinação. Um dos principais pontos abordados é o que coloca determinada profissão na frente de outra na hora de receber a imunidade.>
A reportagem cita o caso de um fisioterapeuta que, apesar de não atuar na "linha de frente", já se imunizou contra a covid-19. Enquanto isso, atendentes de supermercado, que têm contato direto com milhares de pessoas diariamente, ainda seguem sem previção de vacina.>
Na nota divulgada pela CIB, eles citam "critérios técnicos", mas não explicam como esses cálculos são feitos para evitar situações como a descrita no parágrafo acima.>
Críticas de entidades Outros grupos também são abordados na matéria. Soropositivos, por exemplo, fazem parte do grupo de risco e comorbidades da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas seguem sem previsão. >
“O Plano Nacional de Imunização prevê que as pessoas com HIV e Aids sejam vacinadas na Fase 1. Agora, acredito que a partir de maio, por determinação da CIB (Comissão Intergestores Bipartite), seja iniciada a vacinação de pessoas com HIV e Aids acima de 18 anos”, prevê a coordenadora do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids da Bahia (GAPA), Gladys Almeida.>
Outras profissões também buscam um lugar ao sol. Entre elas está a Associação das Profissionais do Sexo da Bahia (Aprosba) que solicitou diversas reuniões com o governo do estado para que garotas de programa entrem neste funil, mas não foram atendidas.>
“A gente trabalha com o corpo, grudado, não tem distanciamento pra gente. Somos prioridades, mas acho difícil essa possibilidade de sermos incluídas”, analisa a coordenadora da Aprosba, Fátima Medeiros.>
Antes de começarem a distribuir juízo de valor nas redes sociais, avaliando que prostitutas, mendigos ou presos não merecem a vacina, sobrando até para o CORREIO, leia com atenção: os critérios internacionais para a formulação do grupo prioritário não avaliam índole, crime ou profissão. O foco é no risco e exposição eminente.>
Justamente por isso os presos estão entre as prioridades. Num sistema prisional superlotado como o nosso, não é possível fazer qualquer distanciamento social. A não ser que solte todo mundo. Então, para evitar que este grupo prisional sofra com consideradas mortes por conta da covid-19, entra na prioridade, independentemente dos crimes cometidos.>
“É preciso pensar em salvar vidas, primeiramente. Não é de cada pessoa, mas de grupos populacionais mais expostos”, explica a epidemiologista Glória Teixeira, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ela defende a obrigação de ter uma fórmula justa de prioritários, diminuindo as mortes e grupos que podem desenvolver um quadro grave da doença. O problema é que não tem vacina para todo mundo.>
“Toda categoria tem que fazer suas pressões para serem vacinados. Todos nós queremos a vacina. Infelizmente, nosso governo não adquiriu o quantitativo suficiente. Poderíamos estar hoje vacinando muito mais pessoas, abrindo possibilidade de novos grupos. Porém, não temos vacina!”, completa Glória. >
No Instagram do CORREIO, leitores também se mostraram confusos acerca dos critérios utilizados. "Excelente reflexão! Pessoas que não fazem parte do grupo de risco ou que não trabalham na linha de frente estão recebendo a vacina", aponta Izabella Saback. >
"Desde o início da vacinação falo isso! Era para começar com as equipes de saúde que trabalham na linha de frente! Saiu vacinando todo mundo da saúde! Era para começar com idosos e pessoas com comorbidades! Agora algumas categorias profissionais querem se priorizar frente as outras! Infelizmente não temos vacinas para todos ainda! Nada mais justo do que vacinar quem tem mais risco", critica Mariana Granato.>
Nota da CIB:A Comissão Intergestores Bipartite da Bahia – CIB – na condição de instância maior de pactuação do SUS no Estado, vem contestar o teor da matéria publicada no jornal Correio da Bahia, neste sábado (24), com o título “A Torre de Babel da Vacina”.>
Representando o pensamento consensual dos 417 secretários municipais e do governo estadual, a Comissão tem estado à frente da difícil missão de selecionar grupos prioritários dentro de grupos prioritários, para aplicação da escassas doses da vacina contra a Covid-19. O princípio elementar que guia as decisões da CIB é e sempre foi técnico, em essência, baseado nas ciências da saúde. A CIB sempre se moveu pelo interesse maior do usuário do sistema de saúde, jamais permitindo-se permear por quaisquer pressões, sejam elas de ordem social, econômica ou política.>
Vale ressaltar que as resoluções da CIB são obtidas exclusivamente mediante consenso, em reuniões que envolvem todos os seus integrantes. Assim, a Comissão manifesta a sua indignação com os termos inadequados utilizados na referida matéria, assim como os exemplos escolhidos para ilustrar interesses de grupos específicos e o teor geral que insinua a existência de privilégios.>
Na condição de guardiães do SUS na Bahia, os integrantes da CIB reiteram seu compromisso com o trabalho isento, imparcial e honesto, na defesa da saúde pública baiana.>